quinta-feira, 3 de novembro de 2016

CAIXA SEGUIU “ORIENTAÇÕES POLÍTICAS” NO CASO LA SEDA E ARRISCA PERDER 900 MILHÕES


 
Paulo Novais / Lusa
O ex-ministro Armando Vara
Com a Caixa Geral de Depósitos no “olho do furacão” por causa da lei de excepção criada pelo governo para os novos gestores do banco público, fala-se novamente no investimento ruinoso que a entidade fez na empresa espanhola La Seda, seguindo “orientações políticas”, e que lhe pode custar 900 milhões de euros.
Um dos mais importantes dossiers que António Domingues, o novo presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), tem em mãos respeita à empresa espanhola La Seda e particularmente, devido aos mais de 900 milhões de euros que o banco aplicou, há cerca de uma década, no universo do grupo do sector petroquímico.
O caso é recuperado pelo Público, que sustenta que “a Caixa recebeu orientações políticas para entrar numa aventura industrial luso-espanhola que se revelou um erro”.
Em causa estão os empréstimos concedidos e os investimentos feitos na La Seda de Barcelona, mas também nas empresas portuguesas Selenis  (accionista da La Seda) e Artlant (fornecedora da La Seda), entre 2006 e 2010.
O diário lembra que, na altura, o governo era liderado por José Sócrates e a Caixa por Carlos Santos Ferreira e Armando Vara, ambos nomeados para a administração do banco pelo então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.
Numa auditoria recente realizada à CGD onde foram detectados mais de 2,3 mil milhões de euros de empréstimos que correm o risco de não serem pagos, ficou assente que Armando Vara e Santos Ferreira terão autorizado “os créditos mais complicados”, sem obterem as devidas garantias de retorno dos valores concedidos.
Ora tanto a La Seda como a Artlant e a Selenis estão em processo de falência; a empresa espanhola já pediu a protecção contra os credores e a Artlant accionou um Plano Especial de Revitalização, enquanto a Selenis já se declarou falida.
O Público lembra que a Caixa investiu 121,3 milhões de euros na La Seda, emprestando à empresa mais 75 milhões de euros; na Artlant, o banco público investiu 25 milhões de euros, concedendo ainda créditos de 520 milhões; e à Selenis a CGD emprestou 165 milhões de euros.
Assim, o banco do Estado tem em risco verbas superiores a 900 milhões de euros, o que perfaz quase 22% do esforço público no âmbito do processo de recapitalização, conforme nota o jornal.
O Público ainda refere que o caso La Seda “poderia ter ficado fechado para a CGD na última legislatura, se o executivo de Passos Coelho tivesse dotado a instituição dos capitais solicitados pela anterior gestão liderada por José de Matos”. Mas tal não chegou a suceder.
ZAP
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