sexta-feira, 9 de junho de 2017

They did it again. Brexit e Parlamento pendurados no Reino Unido

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Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
Hoje acordámos com mais uma surpresa britânica: Theresa May apostou tudo e perdeu quase tudo: Perdeu lugares, perdeu a maioria dos deputados, pôs em suspenso o Brexit e já tem o seu lugar em risco - com o Labour de Jeremy Corbyn a prepara-se para tentar formar um Governo minoritário. Em Londres fala-se de um "Parlamento pendurado", que aqui explicamos ponto a ponto. Fala-se também de "DisMay" (uma das muitas capas de boca aberta, dos jornais da madrugada e desta manhã).
Fala-se também de uma "coligação do caos"que será a maneira britânica de dizer "geringonça" (o modo como os partidos se preparam para tentar afastar a primeira-ministra conservadora). Esse cenário, os resultados de Londres à Escócia, o estado em que ficam os partidos e o Brexit, tudo isso está no minuto-a-minuto que lançámos ao início da noite e que nunca desligámos. Fique por aqui: Theresa May prepara-se para falar às 10h00 e a imprensa britânica acredita que tentará formar Governo. Nós, por aqui, já não fazemos apostas.

As notícias do dia

Na manchete de hojeum alerta do pai da nossa Constituição"Os juízes não têm direito à greve", diz Jorge Miranda, num artigo de opinião em que explica, lei a lei, artigo a artigo, porque é que nem a ausência de uma proibição formal na Constituição não serve de argumento para quem a ameaça convocar.
Vamos a um ponto de situação sobre as greves? Na Justiça, os juízes já disseram "não" à proposta da ministra Van Dunen; Na Educação, os serviços mínimos geram nova disputa entre sindicatos e Ministério, enquanto a Fenprof já pede a intervenção de Costa; enquanto na Saúde, os enfermeiros mantêm a ameaça de parar os blocos de parto. Ontem, o primeiro-ministro reagiu, dizendo estar a cumprir e desejando que não venham as greves. A Liliana Valente foi ouvir socialistas, sindicalistas e outros "istas", à procura de respostas para a questão do momento: será isto uma "sacudidela" de circunstância? 
E vem mais um problema para o Governoos Estagiários do Estado querem ser tratados como os precários e exigem a integração no Estado. Por isso, formalizaram um Movimento, escreveram a partidos e sindicatos. São quase 800, desde já. E outro, da economia realos salários dos novos contratos permanentes caíram 21% em três anos, diz um estudo do CES. 
Falando em pressãoo BE quer um complemento para compensar o corte nas pensões. Para já, o PS vai gerindo a situação: empurrando o fim do corte de 10% no subsídio de desemprego para o orçamento, por exemplo. E procura receitanuma nova taxa "junk food", diz a Lusa esta manhã.
E depois há a banca: Costa propôs aos bancos uma gestão concentrada do malparado, diz hoje o Negócios. Pelo caminho, Centeno tentou livrar-se do problema chamado Domingues e a esquerda tenta matar o inquérito 1 à CGD.
Ainda não chegámos às autárquicas - mas a verdade é que ainda não chegou o parecer do TC sobre as anteriores.
Das prisões vem um número surpreendenteo número de telemóveis apreendidos duplicou em seis anos. E as cantinas vão mudar de mãos.

Coisas que tem que ler

1. Comey foi ao Senado mas o ponteiro do impeachment não mexeu. O Alexandre Martins esteve a ver a audição do ex-director do FBI e fez um texto que merece ser lido. Deixo-lhe o primeiro parágrafo, só para o convencer a seguir até ao fim, aqui"Muitos tinham pago bilhete para assistirem ao combate do século, num canto o ex-director do FBI, no outro um grupo de senadores do Partido Republicano treinados por Donald Trump. No final, quem entrou com as expectativas em alta para a audição de James Comey na Comissão de Serviços Secretos do Senado, esta quinta-feira, teve de se contentar com um treino de preparação – sim, James Comey disse coisas que seriam um escândalo de primeira página há poucos anos, mas após a campanha eleitoral do ano passado nos Estados Unidos já poucos se contentam com menos do que a resposta a uma única pergunta: afinal, ele vai ser destituído?". Ah! E junte-lhe este comentário dele: Para os democratas, vale mais um Trump em lume brando do que dois destituídos.
2. No Brasil, a sobrevivência de um cadáver políticoDo Manuel Carvalho, que está de viagem do Rio de Janeiro para São Paulo, chegou-nos a crónica incrédula com o que se está a passar em Brasília. "O Brasil, exausto e em crise, hesita entre um mal sabido e uma mudança incerta." E agora, Manuel, como é que se sai daí? Para ler, claro, acompanhada dos últimos desenvolvimentos do caso Temer, que parece poder escapar deste round no Supremo.
3. A arte de parecer ciência com truques de circo. Assim mesmo, porque foi como a Teresa Firmino lhe chamou. Os autores deste livro são da Comunidade Céptica Portuguesa, que promove o uso do pensamento crítico apoiado na ciência. Nele desmascara-se a pseudociência, como terapias alternativas, o movimento antivacinas e o engraçadismo da ciência nos jornais. No sábado é apresentado na Feira do Livro de Lisboa - mas hoje já está um pouquinho dele aqui no PÚBLICO.
4. Manuel Alegre é o vencedor do Prémio Camões, o 12º português a receber o mais importante prémio literário destinado a autores de língua portuguesa - e o primeiro político a recebê-lo. O Luís Miguel Queirós partiu dos poemas contra o fascismo para fazer a revisão da obra grande de Alegre, mas deixou-nos mais dois textos que merecem ser recuperados: o do regresso dele à prosa, revisto pela Isabel Coutinho; e esta entrevista de Alegre à Isabel Lucas, que nos ficará na memória.
5. Paulo Nozolino, o português que brilha em Espanha (e na capa do ípsilon). Brilha no Círculo de Bellas Artes, coração do PhotoEspaña, onde tem uma sala transformada num templo, "um convite a parar para pensar". O Sérgio B. Gomes foi a Madrid e resume tudo assim: fotografar para nos obrigar a ver. E nós assentimos, com prazer.

A agenda de hoje
  • Marcelo lança as comemorações do 10 de Junho, no Porto;
  • O Parlamento debate propostas do CDS: férias pagas, ano sabático, teletrabalho e contratação colectiva; 
  • O INE mostra os dados do comércio internacional relativos ao mês de abril, nomeadamente os da balança comercial;
  • Portugal joga na Letónia, em mais um jogo de qualificação para o Mundial de Futebol da Rússia (e é obrigatório ganhar).

Só mais um minuto...

É que O Inimigo Público chegou ao número 700 - e imagine com quem é que eles resolveram brincar... Claro, comigo mesmo. Aqui está o podcast do IP: "David Dinis nem quer acreditar que esta coisa ainda existe". Para vocês, Luís Pedro & restante gente boa, fica um abraço grande, enorme, de obrigado pelo que me fizeram rir estes anos todos. Para si, caro leitor, fica o alerta: na edição de hoje o alvo é António Mexia - e ainda há uma página a recuperar o melhor dos últimos tempos.
Falando nisso, aqui vai também o Podcast Reservado ao Público"É praticamente impossível não contarmos uma boa história". Com a nossa equipa de Ciência. E os nossos parabéns, também, à Teresa de Sousa, que acaba de receber um prémio do Parlamento Europeu por tudo o que nos tem dado nestes anos. Justíssimo, Teresa.
Dito isto, estamos a chegar ao fim-de-semana e é tempo de lhe deixar pistas para o aproveitar bem. A nossa área dedicada aos livros, para dar um salto à Feira do Livro de Lisboa com um bom guia das novidades; a nossa área de música, caso vá ao Primavera Sound no Porto; a nossa área de cinema, porque convém escolher bem, mesmo que entre as estreias da semana.
Para além de tudo isto, há a nossa homepage, porque já estamos ligados à ficha com mais esta reviravolta no Reino Unido (e tudo o mais, que está a acontecer). Vamos a isto, que está desafiante!
Dia bom, excelente fim-de-semana,
Até já!

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