sexta-feira, 7 de julho de 2017

A "humilhação" do Exército: nível de alerta em Tancos era o mais baixo

P
 
 
Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
A cimeira do G20 arrancou com protestos e confrontos mas entre manifestantes e a polícia. Em Hamburgo houve pedras e garrafas de um lado e canhões de água e gás pimenta do outro. O balanço vai em dezenas de feridos. Quanto à cimeira, prevê-se também tensa, mesmo que a comparação lhe seja favorável (mas a esse ponto já regresso daqui a nada). 
Trump diz não estar "mais perto de uma guerra" com a Coreia. Mas sempre avisa que os EUA vão “confrontar de modo muito forte” a Coreia do Norte pelo seu “comportamento muito, muito mau”, disse o Presidente norte-americano, que, à margem do G20 se vai encontrar com os líderes chinês, Xi Jinping, e russo, Vladimir Putin. Resta esperar para ver o que quer dizer "modo muito forte".
Nos EUA, há hackers a tentar entrar no sistema informático de centrais nucleares. Um relatório do FBI e da Defesa, relevado pelo The New York Times, mostra que as autoridades emitiram um alerta de perigo eminente.
Juncker pediu desculpa pelo "ridículo". O presidente da Comissão Europeia escreveu uma carta ao presidente do PE, pedindo desculpa pelo que disse esta semana sobre os eurodeputados, noticia o Politico citando fontes parlamentares. Em Bruxelas, Juncker deixou todos à beira de um ataque de fúria.

Notícias do dia
Na nossa manchete está um código: "Alfa+". E uma notícia: o nível de alerta era o mais baixo no dia do assalto a Tancos. Havia uma cerca por arranjar, câmaras desligadas e um aviso na Justiça, mas ninguém na cadeia militar fez um alerta para os riscos de segurança na base da polémica. O nível mais baixo está ainda hoje em vigor, como eu explico no texto. Ontem, o Chefe de Estado-Maior do Exército foi reconhecer "erros inadmissíveis" do comando da base - o que, diria eu, só explicará uma parte do problema. Um pequeno exemplo: o Exército gastou 47 mil euros em exaustores de fumo em cozinha de Tancos. E um outro sinal: as críticas dos militares atingem ministro, Governo e políticos.
Rumo a Pedrógão, eis um estudo revelador nas suas conclusões: só quando Portugal arde é que aumenta a produção de leis. Uma Tese de doutoramento aponta para os custos da aposta no combate aos fogos em detrimento da prevenção. Se a tendência se mantiver, Portugal será no futuro um país de matos. Como era no princípio do século XX, explica o Manuel Carvalho. Ontem, o Governo respondeu a 25 perguntas sobre a tragédia. E as respostas dizem-nos isto: havia aldeias para evacuar, mas a Protecção Civil não conseguiu; e houve falhas no SIRESP, mas também "falhas de menor relevância".
No debate em curso sobre as cativações, anote a lista que o Negócios fez dosministérios mais poupadinhos.
E na polémica sobre o apagão nas offshores, ainda há esta grande coincidência: BES e Montepio são únicos bancos com ‘apagão’ em 3 anos, diz oJornal Económico.
Entretanto há mais um problema à vistaa seca em quase 80% de Portugallevou já o Governo a activar um plano de contingência (notícia da TSF).
Em curso estão dois outros dossiês da governação. A primeira dúvida é como e quando serão descongeladas as carreiras no Estado; e a segunda é por que razão só metade dos precários do Estado pediu para entrar nos quadros.
Mas não é só no Governo - a agitação também voltou ao PSD. Parece que alguns deputados não gostaram da precipitação de eleições para a liderança parlamentar. Mas, para já, só há um candidato em perspectiva.
E depois temos ainda esta interrogação: se o suspeito de furtos no Museu da Presidência voltou para Belém, o que lhe vai dizer o Presidente Marcelo?

A agenda de hoje
  • Azeredo Lopes será ouvido na Comissão de Defesa Nacional, às 16h00;
  • Antes disso, o Parlamento debate as "cativações" orçamentais, mas também o programa de regularização dos precários do Estado;
  • No desporto, vamos conhecer o calendário de jogos do campeonato de futebol
  • E na Cultura, prossegue a 11.ª edição do Nos Alive - e começa a 71.ª edição do Festival de Avignon
  • E, claro, temos o início da cimeira do G20 - com a reunião Putin-Trump a prometer dar que falar.
  • Para não desanimar, celebra-se o Dia Mundial das 7 Maravilhas.Aqui estão elas, só para ajudar ao optimismo.

Outras (boas) leituras

1. É dia de G20 - e só temos uma coisa certa: Angela Merkel não terá a cimeira que ambicionava, como conta (e explica) a nossa Teresa de Sousa. A chanceler alemã queria uma cimeira de "multilateralismo" e de apoio ao comércio livre, procurou "novos aliados" - mas esbateu outra vez em Donald Trump. Antes de chegar a Hamburgo, o presidente americano interrogou-se sobre o futuro do Ocidente, deixando novas interrogações sobre as conclusões da reunião. Como pergunta a Teresa, no final do artigo, "e o G20, está morto?". 
2. "Cada golpe, cada insulto lançado aos deputados foi sentido por todos os venezuelanos". A oposição ao Presidente Nicolás Maduro voltou a encher as ruas de Caracas - e ganhou uma nova dimensão depois do último episódio de violência política na Assembleia Nacional. A Rita Siza faz o ponto de situação de uma crise que parece cada vez mais próxima de uma guerra civil. E junta uma reportagem da Bloomberg no terreno, com um título revelador: os mais pobres da Venezuela juntaram-se à revolta contra Maduro.
3. Embora mais escondido, o sexismo existe nas universidades portuguesas. Uma socióloga acaba de publicar um livro - não cá, no Reino Unido - em que conclui que há comentários racistas e homofóbicos nos corredores da academia portuguesa. "Em todas as dimensões da vida universitária", garante ela.Vamos lá destapar esta história.
4. E o ípsilon, claro. Hoje com uma aventura do cinema português. O Curtas Vila do Conde comemora a sua 25.ª edição - e com ele o país comemora também o cinema que este festival ajudou a impulsionar. Passados 24 anos, anota o Jorge Mourinha, parece claro que o Curtas foi uma das peças na “tempestade perfeita” que pôs a produção nacional a jogar (e às vezes a ganhar) noutro campeonato. É aqui que começa o ípsilon, que também passa pela sombra da ditadura militar no cinema argentino; pelo Não digam que não temos nada, o livro sobre o século XX chinês que nos recomenda a Isabel Lucas; e ainda por um grupo de rapazes de esquerda com vontade de mudar o mundo, que passaram pelo Festival de Almada. 

Só mais um minuto...

Para lhe deixar uma história diferente (mas fascinante) que a Joana Amaral Cardoso encontrou, sobre a fotografia que reacendeu as teorias sobre o fim de Amelia Earhart, heroína da América. E ainda uma outra sobre a loja de bricolage que comprou milhares de artefactos pilhados no Iraque - porque há todo um outro mundo que tantas vezes merece ser contado. 
E, entrando no modo de fim-de-semana, para lhe contar também que o Vítor Belanciano já anda pelo Nos Alive, que começou tranquilo à espera dos cabeças de cartaz. Enquanto não é tempo de se pôr a caminho dos festivais de Verão, a minha recomendação é que ouça o Podcast que o Vítor e o Mário Lopes gravaram sobre "como os críticos ouvem os Festivais" - onde eles deixam pistas sobre o que escolher entre tantos palcos em simultâneo.
Se o seu fim-de-semana não passar pelo Passeio Marítimo de Alcântara, não faltam boas opções para passar o tempo. Basta entrar no Guia do Lazer, no Cinecartaz ou noípsilon - e verá que há muito por onde escolher.
Eu despeço-me assim, com um forte abraço de amizade e o desejo de um dia belíssimo. Encontramo-nos por aqui, sempre que quiser.
Até já!

Nenhum comentário:

Postar um comentário