sexta-feira, 29 de setembro de 2017

SÃO MIGUEL — Príncipe da milícia celeste

Gabriel J. Wilson
São Miguel
Os católicos que estudaram  o catecismo sabem que os anjos são puros espíritos criados por Deus para servi-Lo e assisti-Lo diante de seu trono, conferindo-lhes graças e poderes especiais. São sábios, poderosos e fortes, e executam a vontade de Deus, conforme canta o Rei Davi: “Bendizei ao Senhor todos os seus anjos, heróis poderosos que cumpris as Suas ordens, sempre dóceis à Sua palavra” (Ps 103, 20).

Os anjos constituem a milícia celeste. Quando Lúcifer e uma parte deles se revoltaram contra Deus, o Arcanjo São Miguel enfrentou-os, conclamando: “Quis ut Deus?” (Quem como Deus?). O brado de revolta de Satanás e de todos os espíritos malignos foi o brado da igualdade, ao qual se opôs São Miguel. Os demônios tentam os homens no mesmo sentido, e por isso devemos recorrer aos anjos celestes contra as suas artimanhas nesta Terra.
Por esse motivo, o Papa Leão XIII mandou incluir no final da Missa tridentina — que se celebrava em todo o mundo até a promulgação da missa nova por Paulo VI após o Concílio do Vaticano II — uma oração a São Miguel Arcanjo, Príncipe da milícia celeste, pedindo sua proteção para todos os fiéis contra os demônios. O novo rito infelizmente suprimiu essa oração… e o mundo católico nunca esteve tão penetrado por erros, desorientado e dividido como em nossos dias!
São Miguel é por excelência o protetor da Santa Igreja. Suas intervenções ao longo da História o comprovam. Donde a perenidade da devoção ao Arcanjo nos vários santuários, sobretudo na Europa. Pode-se dizer que São Miguel acompanhou desde tempos remotos a evangelização da Europa, realizada pelos monges do Ocidente, convertendo povos bárbaros, secando pântanos e civilizando terras selvagens. Assim fizeram São Patrício, São Columbano e seus discípulos a partir da Irlanda. E igualmente São Bento a partir da Itália (cfr. Plinio Maria Solimeo, Catolicismo, julho/2004). O labor dos santos é sempre acompanhado pela proteção dos anjos, o que explica a ereção de tantos santuários em honra de São Miguel na Europa.
São Miguel
Curiosamente, uma série de lugares sagrados ligados a São Miguel desde tempos imemoriais formam uma linha quase reta que vai do Rochedo de São Miguel (Skellig Michael), na Irlanda, até a Terra Santa [mapa ao lado], onde viveu Nosso Senhor Jesus Cristo, passando pelo Monte São Miguel, ao largo da Cornualha, na Grã-Bretanha; pela abadia do Mont St-Michel, na Normandia (que destacamos nas páginas seguintes); pela Sacra di San Michele no 
São Miguel
Piemonte [foto à direita] (vale de Susa, perto de Turim); pelo santuário de São Miguel do Monte Gargano, na Puglia [foto abaixo], junto ao mar Adriático; pela ilha de Symi, na parte ocidental da Grécia, terminando no Monte Carmelo [foto mais abaixo], onde viveu o profeta Elias. Outros dizem que essa misteriosa linha termina na piscina de Siloé, em Jerusalém, onde se curavam os doentes no tempo de Nosso Senhor.

São Miguel
São Miguel
De qualquer forma, pondo à parte as interpretações esotéricas, esses santuários milenares testemunham a consistência da devoção ao Arcanjo que triunfou sobre Lúcifer, o inimigo por excelência dos fiéis da Santa Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.
São Miguel

São Miguel volta a brilhar na agulha do Monte

São Miguel
A célebre Abadia do Monte São Miguel, situada na Normandia, no limite com a Bretanha, no Sudoeste da França, é coroada por uma gigantesca estátua dourada do Arcanjo, na ponta da agulha gótica que aponta para o céu. Como parte de uma série de restaurações feitas no monumento ao longo dos três últimos anos, em março de 2016 a estátua de São Miguel foi retirada e inteiramente redourada, voltando a seu lugar no mês de maio seguinte. O Monte São Miguel é um dos monumentos mais visitados da França, ao lado da catedral de Notre-Dame de Paris e do castelo de Versalhes.

São Miguel
São Miguel
O Arcanjo — obra do escultor Emmanuel Frémiet (1824-1910) — é o ponto culminante da flecha da abadia, existente desde o século X. Ao pé do imenso edifício, uma encantadora aldeia se desenvolveu. Ao sabor das marés, o Monte se transforma em ilha ao cair da tarde, graças a uma espécie de liturgia das águas do mar e do rio Couesnon.

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Fonte: Revista Catolicismo, nº 793, Janeiro/2017.
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