quarta-feira, 18 de outubro de 2017

“Caso FDA”: Milda Cossa diz que dinheiro que entrava na sua conta e dos irmãos era para Setina Titosse mas esta nega qualquer responsabilidade

A acareação de quarta-feira (11), entre Milda Cossa e Setina Titosse, não trouxe novidade alguma, relativamente às declarações que as co-arguidas deixaram registadas em sede do tribunal, nas audições de 13 e 14 de Setembro passado. Contudo, por enquanto, as sessões estão suspensas e retomarão a 01 de Novembro próximo.
Milda Cossa, de 38 anos de idade, é cunhada e ex-assistente particular de Setina Titosse. Esta é ex-antiga Presidente do Conselho de Administração (PCA) do Fundo de Desenvolvimento Agrário (FDA). Ela teria movimentado pelo menos 56 milhões de meticais, de forma ilícita, segundo a acusação.
As duas são acusadas de roubo de 170 milhões de meticais dos cofres daquela instituição do Estado, recorrendo a esquemas que envolveram outros co-arguidos.
A esposa de Humberto Cossa – este é primo de Setina Titosse, também no banco dos réus – e irmã mais velha dos irmãos Dércio, Gerson e Binaia Manganhe, ouvidos no tribunal como declarantes.
Sentada ao lado da sua ex-chefe, ela admitiu que movimentou avultadas somas de dinheiro, através das contas bancárias dos seus irmãos, mas estava a cumprir ordens da sua patroa. Esta dava instruções sobre as pessoas para as quais as transferências monetárias deviam ser feitas.
A ré Milda contou que alguns encontros em que recebeu orientações para se apoderar dos cartões dos seus confrades aconteceram na residência da arguida Setina Titosse. “Ela chamou-me pada a casa dela (...).”
Num belo dia, a antiga PCA do FDA mandou Milda para se dirigir a uma agência bancária, na Avenida Eduardo Mondlane, onde encontraria alguém para tratar um assunto relacionado com dinheiro.
Chegado ao local indicado, quem estava lá é Binaia Manganhe, sua irmã. “Fiz transferências para a dona Setina” e para uma senhora identificada pelo nome de “Maria Sameiro”, disse a Milda.
Na audição de 14 de Setembro último, Milda disse que “quem tinha conhecimento e controlo de todas as contas bancárias” dos seus irmãos era alegadamente “a senhora Setina. Todo o dinheiro que entrava na minha conta era para ela (...)”.
Todavia, na acareação afirmou que ficou muito tempo com os cartões de crédito de Dércio, Gerson e Binaia Manganhe, e tinha conhecimento dos respectivos códigos de segurança, vulgo Personal Identification Number (PIN), excepto da sua irmã cuja senha era de domínio de Setina. “Foi a própria dona que me entregou o cartão” da Binaia.
De acordo com a arguida que temos vindo e mencionar, os cartões dos seus irmãos eram usados para cobrir despesas de compras em caso de insuficiência ou falta de fundos nos cartões da ex-número um do FDA.
Confrontada com as declarações da sua cunhada e antiga coadjutora, Setinha foi curta e grossa: “Não tenho nenhuma responsabilidade sobre os cartões” em alusão. Admira-lhe que Milda e os seus parentes imputem a ela os factos a que nos referimos e tantos outros.
Para não se alongar em relação a este assunto, a ré Setina disse que o tribunal devia considerar suas declarações aquando da acareação com Dércio, Gerson e Binaia Manganhe, na terça-feira (10).
Nesse disse, ela disse: “eu mal conheço os irmãos da Milda, excepto o Gerson que vinha à minha casa fazer trabalhos com o meu primo”.
Ademais, salientou que os cartões débito de Dércio, Gerson e Binaia foram confiscados pela própria irmã, alegadamente para ter a certeza de que o crédito que eles acabavam de receber do FDA não seria gasto em coisas fúteis. “Nunca usei cartão de algum deles. Eles estão cientes disso (...)”.
Setina desafiou o tribunal a efectuar diligências junto do BCI no sentido de obter a imagens registadas pelas câmaras de filmagem acopladas às caixas bancárias automáticas, vulgo ATM`s. “Irão ver que não tem lá a minha imagem”.

Fonte: Jornal A verdade, Moçambique

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