quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Eu, Psicóloga | Estresse pós traumático: Como o medo da violência e os traumas afetam a saúde



Transtorno do estresse pós-traumático: o susto, o medo, a notícia de uma perda inesperada. São situações que fazem parte do cotidiano de milhares de brasileiros que convivem com a violência nas grandes cidades, por exemplo. Isso também pode acontecer em eventos, como a tragédia da creche em Janaúba, no norte de Minas Gerais.

Os sintomas do estresse pós-traumático podem afetar todo o organismo.

O transtorno de estresse pós-traumático acontece quando se vivencia um trauma emocional de grande magnitude. Esses traumas incluem guerras, catástrofes naturais, agressão física, estupro e sérios acidentes. Geralmente as situações estão relacionadas a uma ameaça real ou possível à sua vida ou integridade física e mental.

Depois que uma pessoa sofre um estresse muito grande, qualquer situação que lembre aquele fato ruim dispara o mecanismo de alarme. Os sinais do estresse pós-traumático formam uma tríade – hiperalerta (a pessoa fica sensível a barulhos e a notícias ruins), flash back (a pessoa acha que a situação ruim pela qual passou está acontecendo de novo) e dissociamento social (a pessoa fica apática, indiferente, emocionalmente distante).

Também existem os sintomas físicos, como ansiedade, taquicardia, dor no peito, insônia, pesadelos, perda de peso, perda de apetite, tremor nas mãos e tensão muscular. Quando a pessoa passa por uma situação de estresse muito grande, ela pode apresentar esses sintomas. Entretanto, quando eles permanecem por um mês é preciso procurar ajuda.

A pessoa tem recordações com muita aflição, incluindo imagens ou pensamentos do trauma vivenciado. Sonhos amedrontadores também podem ocorrer e o indivíduo pode agir ou sentir como se o evento traumático estivesse ocorrendo novamente. Um grande sofrimento psicológico se desenvolve quando surgem lembranças de algum aspecto do trauma. Há uma intensa necessidade de se evitar sentimentos, pensamentos, conversas, pessoas ou lugares que ativem recordações do trauma. Também pode ocorrer uma incapacidade de se recordar algum aspecto importante do trauma, uma dificuldade em conciliar e manter o sono, irritabilidade ou surtos de raiva e baixa concentração.
Em crianças pequenas podem ocorrer jogos repetitivos com expressão de temas ou aspectos do trauma, sonhos amedrontadores sem um conteúdo identificável e encenação específica do trauma.

Como se faz o diagnóstico? 

O transtorno de estresse pós-traumático pode se desenvolver algum tempo após o trauma. O intervalo pode ser breve como uma semana, ou longo como trinta anos. Os sintomas podem variar ao longo do tempo e se intensificar durante períodos de estresse. As crianças e os idosos têm mais possibilidade de desenvolver estresse pós-traumático do que as pessoas na meia idade. Por exemplo, cerca de 80% das crianças que sofrem uma queimadura extensa mostra sintomas de transtorno de estresse pós-traumático um a dois anos após o ferimento. Em vista disso, cabe ao médico uma ampla investigação em relação aos sintomas do paciente para um correto diagnóstico.

E o que fazer quando alguém sofre uma situação de muito estresse? 

Por incrível que pareça o calmante logo após uma situação de estresse pode aumentar as chances de desenvolver o estresse pós-traumático. Isso porque durante o sono a memória é consolidada e o momento ruim fica guardado como ameaça de perigo. É importante amparar a pessoa.

O tratamento passa por terapia de exposição, quando a pessoa é levada a reviver a situação ruim pela qual passou, seja no local onde tudo aconteceu ou não. Essa terapia torna a pessoa capaz de enfrentar o cotidiano novamente. Além da terapia, podem ser usados antidepressivos e ansiolíticos. Quando os tratamentos são associados, psicoterapia e o uso adequado de psicofármacos, tem-se obtido melhores respostas terapêuticas.

Debora Oliveira
Psicóloga Clínica 

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