segunda-feira, 11 de abril de 2016

COSTA SUGERE CRIAÇÃO DE “BANCO MAU” PARA O “LIXO” DA BANCA


 
O primeiro-ministro António Costa
O primeiro-ministro António Costa
O primeiro-ministro António Costa defendeu este domingo que é “útil para o país encontrar um veículo de resolução do crédito malparado”.
Em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, o primeiro-ministro defende a criação de um veículo de resolução do crédito malparado, uma espécie de “banco mau” que receba os ativos tóxicos dos bancos, retirando pressão do sistema financeiro e dando capacidade aos bancos para apoiarem a economia.
António Costa defende a necessidade de trabalhar com as instituições regulatórias e com as instituições financeiras na resolução dos chamados Non Performance Loans, o crédito mal parado.
“Acho que era útil para o país encontrar um veículo de resolução do crédito malparado, de forma a libertar o sistema financeiro de um ónus que dificulta uma participação mais ativa nas necessidades de financiamento das empresas portuguesas“, afirmou.
Interrogado sobre se Portugal precisa de uma nova ajuda externa para sistema financeiro, primeiro-ministro respondeu apenas: “a resposta cabal à sua pergunta só pode ser dada pelas instituições europeias”.
“O que lhe posso acrescentar é que não vivo indiferente ao tema e, por isso, me tenho empenhado em que o tema possa ser solução, que designámos uma unidade de missão para fazer um trabalho muito aprofundado sobre a capitalização das empresas portuguesas, das quais não está excluído o tema sistema financeiro”, explicou.
Ainda esta semana, o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, defendeu a mesma solução.
Na comissão parlamentar de inquérito ao Banif, Carlos Costa afirmou ser necessário a constituição de um veículo que fique com os créditos em incumprimento e o imobiliário dos bancos.
Em Itália foi criado um veículo para ativos tóxicos, que já recebeu luz-verde da Comissão Europeia. Também em Espanha foi criada a Sociedad de Gestión de Activos de la Reestructuración Bancaria (Sareb) com os ativos tóxicos financeiros e imobiliários em finais de 2012.

Marcelo aplaude, Esquerda duvida

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aplaude a ideia apresentada por Costa e lembra que é uma solução que já foi utilizada noutros países, “uma prova de confiança” e “uma ajuda adicional para fortalecer um sistema financeiro” como o português.
Questionado sobre a afirmação de António Costa, à margem da comemoração dos 140 anos da Caixa Geral de Depósitos, o Presidente da República afirma que “essa é uma fórmula que já foi ponderada ou utilizada noutras economias e portanto nesse sentido não é uma realidade nova, que longe de significar um juízo negativo sobre o sistema financeiro, pelo contrário, olhando para outros exemplos, é uma prova deconfiança no sistema financeiro e uma ajuda adicional para fortalecer um sistema financeiro como o sistema financeiro português”, considera Marcelo.
À Esquerda, porém, esta opção é vista com desconfiança.
Jerónimo de Sousa, líder do PCP, reforçou que “a limpeza dos bancos” não pode recair sobre os contribuintes.
“Que não seja mais uma vez com o dinheiro dos contribuintes a fazer essa limpeza”, mas antes “responsabilizar quem deve ser responsável”, afirmou Jerónimo de Sousa, considerando que “quando se fala da banca os portugueses tremem”, devido aos casos de má gestão conhecidos em anos mais recentes.
Em declarações à Renascença, o deputado comunista Miguel Tiago rejeita frontamente a proposta, afirmando que com esta solução os portugueses vão continuar a pagar o lixo dos bancos.
“Qualquer medida que seja apresentada para salvar a banca das suas fragilidades, mas que implique que seja o Estado a pagar por elas ou pela melhoria da situação, parece-nos que não é aceitável, até tendo em conta todo em conta todo o processo de exploração e empobrecimento que os portugueses já sofreram nos últimos anos para salvar a banca”, começa por dizer.
“A criação de um veículo onde a banca coloca o seu lixo e o Estado paga não é aceitável e não é solução, até porque continuam os bancos nas mãos dos grandes grupos económicos que os controlam e continuarão a ser geridos para produzir mais lixo”, argumenta.
Catarina Martins, porta-voz do Bloco de Esquerda, considerou que “essa é uma solução eventualmente possível”, mas sublinha que “foi utilizada em Espanha com dano para a economia espanhola e para o erário público”.
A líder bloquista salientou que o seu partido sabe “que há um problema que tem que ser resolvido e o Bloco de Esquerda está disponível para estudar soluções”.
ZAP

Nenhum comentário:

Postar um comentário