quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Prisão interna : quando somos prisioneiros de nós mesmos



Pois bem caros, começo este texto que versa sobre um tipo peculiar e que ao longo dos anos esta ganhandocada vez mais importancia. O conceito de prisão interna pode ter e talvez tenha,muitos prismas muitas formas diferentes de se observar; mais uma vez, sempre presente em meus textos, o conceito de subjetividade é quase soberano se, tivermos em mente que diferentes individuos, com diferentes laços sociais ou ainda em diferentes culturas,enxergam o conceito acima de forma diferente. Me desculpe o leitor que espera que as minhas ideias aqui escritas sejam universais, não são, as ideias aqui escritas pertencem de uma forma bastante particular, a mim, criador e comentador do presente texto, não tenho por pretensão universalizar estas ideias nem tampouco “funcionou para mim, porque não funciona para ele?”, a ideia de prisão interna concerne, direi novamente, a minha visão e meus estudos sobre este tema.

O termo prisão remete a um lugar escuro, geralmente sujo, com todo tipo de animais, doenças presentes, entre outros e assim,a ideia de cela que compõe esta prisão é um lugar para gente perigosa, um lugar para o perigoso, o desprezível; cela ainda corresponde a estar atrás das grades e entre as grades, de um modo que o prisioneiro fica impossibilitado de escapar desta prisão, a menos que alguém, geralmente uma figura de lei, vá com a chave para a soltura, para a liberdade (este conceito irei me ater depois da breve descrição da prisão relacionando com a prisão como pensado por mim, um conceito em oposição).

Para um prisioneiro, os sentimentos contidos nele são mistos, ora surge um sentimento de saudade (das pessoasque deixou do lado de fora da prisão, da sua liberdade, tristeza, ódio e raiva, e aqui os dois sentimentos se encaixam na figura de autoridade, por exemplo) e falta (falta de alguém, de um objeto de um indivíduo no caso dele), mas projeta-se um sentimento que, na verdade é um constructo teórico, de liberdade; liberdade esta que antes de ser preso gozava dela e que no momento não dava o devido valor, mas que, preso, procura a todo custo como uma oposição a estar preso. De fato, caso fosse me ater no sentido de estar preso, criaria penso eu, algo muito extenso e não me deteria ao título deste texto.

Precisei falar como penso que seria estar preso com características físicas e psicológicas de um preso em geral, para então poder prosseguir para a prisão interna que, este conceito, talvez diferente do preso literal, não tange o coneito de liberdade propriamente dito, pois o indivíduo goza da liberdade (ainda que não plena), mas o indivíduo padece de ter liberdade tendo a liberdade; alguns quadros clínicos como a ansiedade e depressão, propiciam esta perda de liberdade, oindivíduo se vê de tal forma preso a um sintoma ou quadro clínico que nem sempre passa a ser a prisão sem querer ter a prisão; de tal forma que se vê acorrentado em seus pensamentos (geralmente sobre o futuro que ainda não veio) e preso em um ciclo sem fim, mas que procurado a devida ajudae se libertando, porque não (pelo menos um pouco, da prisão que o cerca), o indivíduo consegue pedir ajuda, claro que caso o indivíduo não julgue a ajuda necessária, nós enquanto profissionais da saúde, não podemos auxiliar a quem não quer ajuda, ficando assim, companheiros da prisão que este suposto indivíduo que nos deixou, nos permitiu entrar em sua prisão interna .

Somos sujeitos a desejos e vontades do outro, condição esta que não nos torna soberano ao outro, seja ele de qualquer nível social, profissional e outros. O outro é um ser humano e enquanto tal, me modifica e o contrário também é verdadeiro, forçar o outro ou obrigá-lo a determinada situação não só desrespeitá-lo enquanto indivíduo, mas desrespeitar o outro é desreitar a si mesmo, assim sendo, para o tempo também a fórmula é a mesma, sendo uma das formas, colocar andiedades, anseios, medos, angustias sobre o outro é tirar de si algo da ordem do insuportáve, algo que nem sempre conseguimos lidar.

Caio Estan 
Psicólogo, Psicanalista e Membro do Departamento de Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae

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