terça-feira, 19 de setembro de 2017

Tempo, um texto para ser lido atemporalmente


Quando pensamos na ideia de tempo na Psicologia, em uma análise, trabalhamos com o sentido de dois "tempos". O conceito de tempo cronológico que irei explicar brevemente e o que chamo de atemporal ou atemporalidade por assim disser. 

Albert Einstein dizia que o tempo é relativo, concordo, mas a nossa ideia aqui caro leitor, é de esmiuçar o tempo, com o que tal conceito quer dizer e o que passa e perpassa nesta questão. Para iniciarmos, irei pensar com, vocês sobre uma breve descrição do tempo cronológico e como o mesmo se estrutura. 

Em termos da descrição, podemos dizer e pensar que o tempo cronológico é bem brevemente falando, o tempo do relógio, com um ponteiro apontando para as horas, um para os minutos e outro para os segundos, mas que devido a uma convenção, estruturalmente falando, o dia têm 24 horas, mas que para isto ocorrer, depende primeiramente do ponteiro dos segundos e depois que o ponteiro dos segundos já estiver completado as sessenta casas que o representam, ai se decai sobre os minutos, e assim por diante. 

O que estruturalmente, se convencionou chamar de “dia” e “noite” para fins até didáticos, é o que nós conhecemos hoje, mas será que sempre foi assim? Somente dando alguns exemplos, quando no período mediaval, não se possuia o relógio como o conhecemos, havia uma noção de horas que poderia ou não estar pocorrendo na verdade; em outro exemplo, sabemos que em determinados paises, o “dia” dura mais do que a “noite”. Creio que vocês já pegaram o fim da meada. O meu foco não seria falar sobre este tempo determinado, sobre este tempo cronometrado e sim sobre o outro tipo de tempo, um outro tipo em que buscamos aprender e que nem sempre equivale ao tempo cronológico e que muitas vezes, estão em “tempos” diferentes.

Este tempo, chamarei de tempo das coisas. Penso eu que para este tempo das coisas, não existe predeterminação, não existe imperativos como “isto vai acontecer em determinada data”, simplesmente as coisas (e por isto este nome) ocorrem sem aviso prévio, sem mensagem no whatsapp ou carta promissória.

Penso que em determinadas situações, gostaríamos de deixar as coisas acontecerem depois ou não ocorrerem, assim como o contrário também é verdadeiro, como gostaríamos que as coisas se “acelerassem”, acontecessem para ontem, pois nestes processos, ocorre uma confusão de sentimentos como angústia, ansiedade, vazio, depressão e pois, talvez o indivíduo já esteja em alguma dessas condições como a depressão e esteja tentando sair por exemplo, e muitos me questionam “quanto tempo vai durar” e a resposta que lhes dou é: não sei. 

O tempo cronológico é mais fácil de lidar, pois com o tempo cronológico temos a certeza de que em determinada data, em determinado horário, o “isto” que estou sentindo irá cessar, mas com o "tempo das coisas" não é bem assim. Determinados conteúdos emocionais trazidos em uma sessão de terapia, não são conteúdos temporais. O que o paciente me traz durante aquele período cronológico (horário da sessão), não tem nada a ver com esse tempo, mas como o tempo em das coisas. O tempo em que a ferida se estabelceu,  o tempo em que a pessoa ficou pressa em suas feridas, no seu passado. Somos humanos, somos seres de sensações, desejos, vontades, tristezas e alegrias e nossos psiquismo não é “tão simples” quanto o dia ou a noite em algumas horas.

Portanto, organizei ao longo deste texto, algumas de minhas principais ideias sobre dois tempos distintos e tem-se então que o tempo cronológico é muito mais estruturado e rígido do que o tempo das coisas. Este, não tem estrutura, nem rigidez nem tampouco obrigação a nada, o tempo das coisas simplesmente esta ai, ele se impõe e cabe a nós enquanto seres humanos, indivíduos, procurarmos ajuda para o que não conseguimos lidar sozinhos, mesmo que seja de outras formas também é válido a procura pois, até na hora no nascimento, necessitamos de ajuda.


Caio Estan
Psicólogo Clínico

Nenhum comentário:

Postar um comentário