sexta-feira, 13 de abril de 2018

Alunos de Mira descobrem fórmula da imortalidade!

Com moléculas extraídas de uma árvore que vive mais de 5 mil anos, um grupo de alunos da Escola Secundária de Mira conseguiu tornar imortais leveduras em condições fatais de temperatura e oxidação. Descoberta pode trazer avanços no tratamento de doenças associadas ao envelhecimento.
Por definição, todos os seres vivos morrem. Apesar de alguns poderem regenerar as suas células indefinidamente como algumas medusas, e alguns poderem viver durante milhares de anos, a verdade é que todos os organismos podem deixar de viver quando ficam sujeitos a condições fatais, por exemplo alta temperatura, falta de oxigénio, falta de água ou de alimento, trauma mecânico, etc.
Contudo, um grupo de “jovens cientistas” da Escola Secundária de Mira fez uma descoberta incrível. Ao introduzir moléculas da resina de uma árvore que pode viver mais de 5 mil anos (Pinus longaeva) em organismos que duram apenas dois meses (as leveduras Saccharomyces cerevisae), verificaram que estes se tornavam imortais em condições fatais de temperatura e oxidação.
Inicialmente, os alunos do oitavo ano seguiram três linhas de investigação: testaram moléculas de plantas medicinais, de plantas muito resistentes ao stresse e de plantas que vivem durante milhares de anos. Assim, e depois de testarem centenas de extratos vegetais durante vários meses de investigação, observaram que o poder de proteção à morte das moléculas da árvore milenar era muito superior à de outras plantas com interesse farmacêutico, como, por exemplo, o chá verde, cacau, Aloe veraGinkgo biloba, cravinho, etc.
De uma forma ainda mais surpreendente, os alunos verificaram que o efeito do resveratrol, uma molécula que prolonga a vida das leveduras em 70%, é muito inferior à das moléculas de Pinus longaeva.
A explicação parece ser simples. Algumas plantas de grande longevidade possuem moléculas que diminuem a instabilidade molecular sendo capazes de proteger e reparar lesões celulares que se acumulam durante o processo natural de envelhecimento. Se compararmos uma célula a um carro com centenas de mecânicos especialistas na proteção e manutenção das várias peças, então, se mantivermos esses mecânicos sempre a funcionar de forma eficiente, o carro durará muito mais tempo e será mais resistente à “ferrugem” ou aos “maus tratos”. De facto, numa análise feita em parceria com a Universidade de Coimbra, as moléculas da resina desta árvore activam significativamente a expressão de genes cuja função é a de protecção e reparação de erros causados por stresses físico-químicos extremos. Portanto, dezenas de genes responsáveis pela manutenção da integridade das estruturas celulares, incluindo o próprio material genético, e relacionados com a proteção ao choque térmico, com a função anti-oxidativa e de manutenção das estruturas celulares ficam muito ativos na presença das moléculas de Pinus longaeva.
Neste sentido, a descoberta traz um novo alento para o tratamento de doenças associadas normalmente ao envelhecimento como o cancro, as doenças cardiovasculares, doença de Alzheimer e a Diabetes tipo 2.
De salientar que os resultados iniciais foram já apresentados num congresso científico internacional organizado pela SENS Research Foundation e que esta descoberta científica agora alcançada só foi possível graças ao apoio da fundação Ilídio Pinho, em parceria com o Ministério de Educação e do Ministério da Economia, premiando a ideia original do projeto no âmbito do concurso “Ciência na Escola”.



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