segunda-feira, 23 de julho de 2018

“Rios perdidos”: malha hidrográfica do planeta deve ser 44% maior




O hidrólogo Tamlin Pavelsky da Universidade da Carolina do Norte 
com imagens de satélite Landsat constatou que superfície de água doce 
é 44% maior do que se dizia.



Escritor, jornalista, conferencista de política internacional,
sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs

Um estudo realizado com novas tecnologias pelo Departamento de Pesquisas Geológicas da Universidade da Carolina do Norte, EUA, e publicado na revista Science mostrou que a área coberta pelos rios no mundo é, no mínimo, 44% maior do que se acreditava, noticiou a BBC News reproduzida pela "Folha de S.Paulo".

O temor de uma quimérica desertificação da Terra que seria precedido por um esgotamento da água doce em consequência da atividade humana ficou gravemente esvaziado. 

A manipulação demagógica até servira de pretexto para uma Campanha da Fraternidade da CNBB, que apresentava a água doce como um bem “cada vez mais raro, escasso e caro”.


O estudo da Departamento de Pesquisas Geológicas da Universidade da Carolina do Norte, constatou que a superfície de rios e riachos — dos caudalosos aos mais ínfimos, excetuando-se apenas aqueles congelados — é de 773 mil quilômetros quadrados.


O hidrólogo Tamlin Pavelsky da Universidade da Carolina do Norte e equipe estudando in loco os rios do Alaska.

“Mostramos que a área global da superfície dos rios é de 773 mil quilômetros quadrados, até 44% maior do que estimativas espaciais anteriores”, explicou o geógrafo Tamlin Pavelsky, professor de hidrologia global da Universidade da Carolina do Norte, citado pela “Folha”.
Embora o aumento do tamanho da superfície dos rios seja impressionante, os volumes subterrâneos de água doce são ainda muito maiores.

Por isso o estudo sublinha que descobrir água doce de forma mais abundante até que não é o mais importante.

O estudo mostra que a rede fluvial tem um papel maior no controle ambiental da Terra.

O trabalho aponta que as superfícies dos rios desempenham grande papel na emissão de CO2 para a atmosfera, como aliás é próprio das grandes massas aquáticas. Por exemplo, dos oceanos que representam o 71% da superfície terrestre.

A liberação de gases pelos rios na atmosfera equivalem a um quinto do total das emissões combinadas da queima de combustíveis fósseis e da produção de cimento do globo.

Os rios, portanto, têm um notório papel controlador do calor terrestre, fato que o simples leigo pode constatar nas agradáveis ribeiras dos rios.


Lançamento na diocese de Apucarana da Campanha ecumênica da Fraternidade 2016 sobre o uso da água com as cores LGBT

Houve vários estudos nesse sentido. Em 2012, foi a vez do professor de Ecologia da Universidade de Iowa John Downing e sua equipe.

No ano seguinte, o químico ambiental Peter Raymond, professor de Ecossistemas Ecológicos da Universidade de Yale, fez uma estimativa ainda maior (536 mil quilômetros quadrados).

“Ambos os estudos foram limitados pela falta de observações diretas da superfície total dos rios, pelas incertezas estatísticas dos métodos aplicados e por conta da variabilidade regional da geometria hidráulica”, apontou o geógrafo George Allen, da Universidade Texas A&M.


Neste último estudo foram utilizados dados de satélitecom uma abordagem estatística capaz de produzir uma medição mais precisa.

Foi utilizado um banco de dados de 3.693 estações que medem variações de volumes de rios pelo mundo.


Rio da Prata visto do Uruguai.
A simples observação refuta os pânicos sobre a água doce

“Adquirimos 7.376 imagens de satélite, capturadas durante meses. Aplicamos técnicas de processamento de imagens para classificar os rios e medir a localização e a largura”, explicou o Tamlin Pavelsky, professor de hidrologia global da Universidade da Carolina do Norte.

No total, o banco de dados acumulou mais de 58 milhões de medições, sendo 2,1 milhões de quilômetros lineares de rios com pelo menos 30 metros de largura em sua vazão média anual. Na conta também entraram 7,6 milhões de lagos, reservatório ou canais conectados à rede fluvial.

O resultado, assaz mais preciso, forneceu o dramático – e aliás, muito positivo – aumento da superfície de rios e lagos de água doce.
Desta forma o pânico demagógico sobre um quimérico perigo de esgotamento da água doce por culpa da civilização humana sofreu mais uma grave desqualificação

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