quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Boavista suspeito de ser parte de “carrossel de faturas falsas” para branquear “milhões de euros” a uma sociedade norte-americana

O branqueamento de “milhões de euros”, que hoje levou à realização de 13 buscas no Norte, envolvia uma sociedade norte-americana, uma empresa de eventos e advogados vinculados às agremiações desportivas Boavista e Gafanha, disse fonte ligada o processo.
O branqueamento, contou a fonte à agência Lusa, era feito através de um “carrossel de faturas falsas”, que envolvia também o Grupo Desportivo da Gafanha, uma coletividade do concelho de Ílhavo, distrito de Aveiro, controlada por Paulo Santos Silva, também ligado à empresa de eventos.
Advogados ligados a estes procedimentos eram, ainda segundo a fonte, Vítor Murta, que é presidente do Boavista FC, e Mário dos Santos Paiva.
Uma das buscas para as quais as autoridades policiais tinham mandado era ao que supunham ser precisamente o gabinete de Mário dos Santos Paiva, nas instalações da sociedade de advogados do Porto cotitulada por Nuno Cerejeira Namora, mas encontraram esse mesmo gabinete vazio.
“A Judiciária vinha cá fazer buscas. Só que esse advogado já não trabalha connosco, trabalha no Funchal. Não sonhávamos com estes crimes, mas descobrimos outros comportamentos desviantes e despedimo-lo há cerca de um mês”, disse à Lusa Nuno Cerejeira Namora.
Uma operação de combate ao branqueamento de “milhões de euros” culminou hoje com a realização de 13 buscas, incluindo nas sociedades anónimas desportivas do Boavista, no Porto, e do Gafanha, em Ílhavo, em dois escritórios de advogados e dois cofres bancários do Norte.
Em comunicado, a Diretoria do Norte da Polícia Judiciária (PJ) refere que foram levadas a cabo 10 buscas domiciliárias e três não domiciliárias nos concelhos de Porto, Vila Nova de Gaia, Guimarães e Aveiro, sem especificar os alvos concretos.
“De acordo com o apurado até ao momento pela investigação, em causa estará a não entrega da prestação tributária devida, e a sua subsequente ocultação através do desenvolvimento de atividade empresarial relacionada com a realização e gestão de eventos desportivos”, indica a PJ.
Até agora, afirma a polícia, “foi identificada uma vantagem patrimonial de milhões de euros".
Os suspeitos, especifica o comunicado, “serviam-se de diferentes ferramentas, entre os quais a utilização de faturação falsa emitida por empresas nacionais e estrangeiras e a ocultação de proveitos”.
Para o branqueamento “foram usados mecanismos como a aquisição de bens móveis e imóveis por sociedades exclusivamente constituídas para o efeito, assim como o investimento em organizações desportivas, com conluio de agentes desportivos” e “para concretizarem as atividades ilícitas referidas os suspeitos recorreram a aconselhamento jurídico e técnico especializado”.
As buscas foram realizadas no âmbito de um inquérito crime do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto, 12.ª secção, envolvendo 80 efetivos entre magistrados judiciais e do Ministério Público, agentes da Diretoria do Norte da PJ e inspetores tributários da Direção de Finanças do Porto.
Lusa / Madremedia

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