domingo, 1 de agosto de 2021

“O SANGUE NÃO PODE ESTAR DE FÉRIAS”. RESERVAS DO TIPO NEGATIVO SÓ CHEGAM PARA QUATRO DIAS

 O Instituto Português do Sangue e da Transplantação  apela à dádiva durante o verão para inverter a situação.

As reservas de sangue do tipo negativo atingiram níveis muito alarmantes. Os grupos sanguíneos O-, A- e B- já só têm capacidade de assegurar o fornecimento dos hospitais durante os próximos quatro dias.

Nos restantes, a situação também é preocupante no O+ e AB-, que só garantem o fornecimento hospitalar por mais sete ou dez dias.

A “seca” nas reservas de tipos sanguíneos negativos ocorre por dois motivos centrais: há mais cidadãos portugueses com Rh’s positivos e tipos de sangue negativos são dadores universais, ou seja, são mais os casos em que podem dar do que receber transfusões.

Em Portugal, existe uma prevalência de Rh’s positivos de 85% e negativos de 15%”.

Esta é uma situação recorrente durante os meses de verão, por ser a altura em que a vasta maioria dos dadores nacionais estão de férias, mas foi extrapolada como efeito colateral da pandemia de covid-19.

O Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) lembra que tanto as restrições à mobilidade como a pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde, sobretudo em 2020, foram catalisadores da escassez de sangue nas reservas nacionais.

Com o avançar da situação pandémica foram surgindo numerosos constrangimentos à colheita de sangue e componentes sanguíneos nomeadamente o trabalho a partir de casa, os estabelecimentos de ensino sem aulas presenciais e a inoperacionalidade das unidades móveis de colheita de sangue, que dificultaram, ainda mais, a realização de sessões de colheita móvel. Por todos os motivos atrás mencionados em 2020, ocorreu uma redução de cerca de 7% no total de dádivas realizadas em Portugal (…) Apesar da redução, houve também um concomitante abrandamento das atividades hospitalares o que levou a que se mantivesse algum equilíbrio entre as colheitas e os consumos”, refere o IPST.

Esta é uma situação recorrente, mas realça que se “perderam cerca de 20% dos dadores regulares ao longo da pandemia”. Fenómeno que é justificado pelo de facto da maioria “dos dadores fidelizados ter entre os 50 e 65 anos”, uma das faixas etárias mais ameaçadas pela pandemia de covid-19.

Na altura do verão, temos sempre este problema e este ano foi agravado pela pandemia. (…) Há um receio. O medo é humano. Contudo, muito dificilmente alguém será infetado pela covid-19 numa dádiva de sangue. É um espaço muito controlado. Podem deslocar-se às recolhas sem receio”.

Em 2021, assistiu-se a uma normalização no número de dádivas efetuadas, mas foi insuficiente para garantir a estabilidade das reservas durante o verão

Entre janeiro e o final de junho de 2021, verificou-se um aumento de 15,3% no total de dádivas, relativamente a período homólogo do ano anterior. Realizaram dádiva pela primeira vez, até ao final de junho 15 493 dadores, mais 74,8% do que no período homólogo de 2020″, afirma o IPST.

IPST  concorda que é imperioso e urgente restabelecer os níveis de sangue em Portugal, para que nenhum paciente se veja privado de uma transfusão em caso de necessidade.

O IPST faz um apelo à dádiva regular, sobretudo nestes meses de sol e férias.

Apela-se no entanto à dádiva regular e faseada ao longo do ano uma vez que nos hospitais portugueses são necessárias cerca de 1000 unidades de sangue e componentes sanguíneos todos os dias, e nunca é demais relembrar que os componentes sanguíneos têm um tempo limitado de armazenamento ( 35 a 42 dias para os concentrados eritrocitários; 5 a 7 dias para as plaquetas); os dadores de sangue, sendo homens só podem realizar a sua dádiva de 3 em 3 meses e sendo mulheres de 4 em 4 meses”, apela o IPST.

http://litoralcentro-comunicacaoeimagem.pt/2021/08/01/o-sangue-nao-pode-estar-de-ferias-reservas-do-tipo-negativo-so-chegam-para-quatro-dias/ 

NB: Texto adaptado
Fonte: Diário IOL

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