sexta-feira, 17 de maio de 2019

Opinião | Mil minutos de silêncio…



Incontáveis minutos de silêncio foram computados no Brasil, nos primeiros 100 dias do ano em curso. Ora pelos mortos na tragédia de Brumadinho (MG), ora pelos jovens atletas queimados num alojamento do Clube Flamengo (RJ), ora pelas crianças fuziladas por dois desequilibrados mentais numa escola em Suzano (SP) e, mais recentemente, pelas vítimas das terríveis inundações no Rio de Janeiro e o desmoronamento dos dois prédios também na capital carioca.

O tempo vai passando, mas muitos outros minutos de silêncio devem ter transcorrido no fundo de muitos corações, tanto no Brasil quanto no exterior. Ocasiões não faltaram: o maior ciclone da história em Moçambique, destruindo a segunda maior cidade do país e deixando milhares de mortos e desabrigados; a prisão do Cardeal Pell na Austrália, por prática de pedofilia; a queda de aviões supermodernos, com morte de todos os passageiros e tripulantes. Já tinha concluído este artigo quando o mundo inteiro ficou assombrado com o incêndio em Notre Dame e a covarde matança, no domingo de Páscoa, perpetrada por maometanos em três igrejas católicas e em hotéis no Sri Lanka.

Blasfêmias revoltantes se multiplicam

Milhões de minutos seriam ainda poucos para reparar a grosseira blasfêmia perpetrada pela Escola de Samba Gaviões da Fiel, no sambódromo de São Paulo, durante o último carnaval, quando um grupo de zombadores travestidos de demônios simulou vencer Nosso Senhor Jesus Cristo; e depois de tê-lo matado, arrastaram-no como habitualmente se faz com um bicho morto [foto acima].

Um personagem ou símbolo religioso tão caro ao Brasil católico nunca deveria ser objeto de encenação em festa profana e com alto grau de imoralidade, bebedeira e desregramento, como é o carnaval. Antes de 2017, os idealizadores desses desfiles tentaram em vão coreografias e representações blasfemas, mas foram impedidos pelas fortes reações da opinião pública e da parte ainda sadia do clero.

Infelizmente, de lá para cá os protestos públicos e de alguns valentes eclesiásticos arrefeceram, e a cúpula da hierarquia católica acabou por autorizar que uma imagem de Nossa Senhora Aparecida fizesse parte de um desfile carnavalesco.

Os protestos se avolumaram, e o clube do Corinthians perdeu muitos adeptos. Embora continuem a torcer pelo time, ficaram indignados diante do desrespeito perpetrado pela escola de samba vinculada ao clube. De passagem, levanto duas perguntas: Por que ostentar símbolos religiosos numa festa profana e obscena como o carnaval? O que aconteceria se experimentassem, por exemplo, fazer uma representação desse naipe envolvendo a figura de Maomé? A cada dia que passa, mais me convenço de que a audácia dos maus se alimenta da covardia e omissão dos bons.
O desastre decorrente do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, deixou marcas indeléveis, não só na região, mas também em toda a opinião pública brasileira

Em Brasília, pesados minutos de silêncio

Brasília tem também muitos minutos de silêncio a fazer, de preferência aproveitando-os para meditar seriamente. No Supremo Tribunal Federal tramita o julgamento de equiparação do crime de homofobia ao de racismo; e representantes do povo vêm contrariando promessas de campanha política, ao defender abertamente o massacre de inocentes por meio do aborto, crime que brada aos céus e pede a Deus por vingança.

A esquerda e alguns políticos autodenominados centristas esperneiam diante das acusações nos processos da operação Lava-Jato, que procura comprovar e punir o maior roubo da história da humanidade, que especialistas chegam a calcular não como bilionário, mas como trilionário, levando em conta lucros cessantes das empresas, desemprego, multas, indenizações etc. Imagine o leitor se esses larápios estivessem na China. Em poucos minutos iriam todos para a Curitiba de lá ou para o “desmanche”, pois se tem divulgado que os órgãos de gente assim são aproveitados e colocados à venda para transplantes. Mas imagino que nenhum brasileiro, mesmo recebendo milhões, aceitaria o transplante de olhos, coração ou cérebro de algum político corrupto. A par disso, fala-se de risco iminente de frear a Lava-Jato. Veremos se, depois dos 100 dias de praxe, os brasileiros romperão o silêncio e voltarão a sorrir e cantar, ou então a gritar e protestar.

Verdades e mentiras sobre a Vale

Voltemos a Brumadinho, onde mais uma vez se comprova que o bem que o Estado faz é mal feito, mas o mal que ele faz é bem feito. O rompimento da barragem foi inegavelmente uma tragédia, e trata-se de punir exemplarmente os culpados. Cumpre lembrar aqui as declarações oportunas e lúcidas do Secretário da Desestatização, Salim Mattar, de que é preciso reprivatizar a Vale. Na verdade, a tal privatização foi feita pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas sofreu a maior ingerência durante a gestão da petista Dilma Rousseff. Em seu governo, ela retirou da presidência da Vale o Sr. Roger Agnelli — morto num desastre de avião, ainda não totalmente esclarecido — para colocar na presidência da empresa o Sr. Murilo Ferreira. As decisões na Vale são impostas pelo governo, uma vez que 21% do seu capital pertence aos fundos de pensões de estatais, e o BNDES possui em torno de 6%; o Bradesco detém 6,7%; a Mitsui 5,8%; investidores estrangeiros, 47,7%; e os investidores brasileiros, apenas 13,2% (“O Globo”, 14-2-19).

A então presidente petista, responsável pela mencionada substituição na presidência da Vale, chegou a ser criticada até pela jornalista Miriam Leitão, afirmando que Murilo Ferreira ia se esvaindo a cada aparecimento público, pela inépcia com que lidava com o problema da barragem de Mariana, e “saiu sem prestígio e com os bolsos cheios de milhões de reais dados pela empresa pelo fim antecipado do contrato”.

No lugar de Murilo foi colocado o sindicalista Fabio Schvartsman. Ao procurar se defender diante dos senadores contra as acusações de inépcia, ele afirmou que a Vale não poderia ser condenada, por se tratar de joia da coroa, uma das maiores empresas brasileiras, que paga seus impostos além de trazer divisas com exportações. De fato, a Vale deve indenizar as vítimas, mas os seus diretores devem responder a processos e, se condenados, punidos exemplarmente.

Dentro do vozerio do noticiário, centenas ou milhares de notícias e postagens na internet trazem sempre mais do mesmo, “O Estado de São Paulo” (5-2-19) apontou um estudo da Fundação Getúlio Vargas, mostrando que 30% dos links sobre o referido desastre foram de fake news…

Soluções diferentes para resíduos e rejeitos
Plantação de cana de açúcar

Equilibradas e objetivas são as declarações do Sr. Tiago de Andrade Lima (“Valor”, 14-2-19). Depois de afirmar a necessidade de reprivatização da Vale, distinguiu muito bem o que é resíduo e o que é rejeito. Para ele, resíduo é definido pela lei federal 12.305/2010, que instituiu a política nacional de resíduos sólidos. Em suma, a esses resíduos deverá ser dada uma destinação adequada, incluindo a reutilização, a compostagem, a recuperação, entre outras medidas.

Quanto ao rejeito, para o qual não existe ainda tecnologia disponível de aproveitamento rentável, deverá ser descartado de maneira ambientalmente correta. Cita o exemplo de pneus descartados a céu aberto, como era feito até algum tempo atrás no Brasil, exigindo muito tempo até que se desfizessem. A alternativa encontrada foi a utilização desses pneus para material asfáltico ou para a indústria de cimento, como substituto ao coque de petróleo. O Sr. Andrade Lima critica a falta de políticas públicas para o desenvolvimento tecnológico. Aproveitou para mencionar como fator positivo uma técnica desenvolvida em 2015, no laboratório da Universidade Federal de Minas Gerais, para transformar os rejeitos das mineradoras em insumo para a construção civil. E exibiu um vídeo das residências feitas com tais resíduos.

Venho mantendo muitos contatos com fabricantes de tijolos e lajotas, tendo ouvido deles reiteradas reclamações quanto às exigências do Ministério do Meio Ambiente para se conseguir os insumos adequados para a industrialização. Em alguns locais os caminhões vão buscar “terra de barranco” a mais de 60 km, pois não se pode tirar terra nos lugares próximos à indústria, em razão do risco de uma escavadeira poder arrancar a pata de uma aranha ou de uma formiga, ou ainda cortar o rabo de alguma lagartixa… Por que então não utilizar os rejeitos para essa utilidade, com o apoio do poder público e as facilitações das mineradoras? Assim se uniria “a fome com a vontade de comer”, reaproveitando de modo lucrativo os rejeitos e acabando de vez com as perigosas barragens.

Novas tecnologias no agronegócio

O agronegócio, que já é referência para muitas iniciativas, poderá também contribuir nesta matéria. Por exemplo, o vinhoto das usinas de açúcar era antigamente eliminado nos rios, chegando a provocar matança de peixes. Mas uma análise química constatou ser ele rico em nutrientes. Neutralizando alguns elementos e acrescentando outros, ele passou a ser bombeado para os canaviais, como excelente fertilizante.

Recurso similar está sendo aplicado aos dejetos da suinocultura, pecuária e granjas de frangos. São acumulados e cobertos por uma lona especial, e os gases aí produzidos são canalizados para o aquecimento das próprias granjas, para cozinhas e a combustão de geradores de energia elétrica.

A safra agrícola enfrentou problemas pela falta de chuva em algumas regiões, e excesso em outras no momento da colheita. Os estados mais afetados foram Paraná e Mato Grosso do Sul. Embora um pouco menor que a anterior, será a segunda melhor safra da história do Brasil.

No acumulado dos últimos doze meses, as exportações ultrapassaram 102 bilhões de dólares, sendo que justamente agora estamos no auge da colheita e das exportações. Que Nossa Senhora Aparecida proteja o Brasil e os brasileiros no decorrer do ano, e particularmente o nosso grande herói, que é o produtor rural.

ABIM

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