Jorge Alarcão, conceituado Professor Catedrático da Universidade de Coimbra, foi o primeiro convidado da série de quatro conferências sobre «Temas de Arqueologia» que volta este ano a animar o Museu Municipal Santos Rocha até 2 de maio, sempre às quartas feiras (com exceção do dia 25 de abril), pelas 15h00.
Propondo-se fazer uma “Viagem, no espaço e no tempo, pelo Baixo Mondego”, Jorge Alarcão levou os presentes - na sua maioria alunos da disciplina de Património da Universidade Sénior da Figueira da Foz (USFF) e do curso de Arqueologia da Universidade de Coimbra, mas também outros interessados, uma vez que as palestras são abertas ao público em geral - até ao tempo dos Romanos, servindo-se das evidências da História e da Arqueologia para explicar a ocupação da região até à Idade Média. «Muitas vezes espera-se que o arqueólogo fale sobretudo de objetos, cacos e pedras, mas há muito para além disso», explicou, exemplificando com uma situação bem recente a importância viva destes itens. «Nos incêndios do ano passado, mais do que as casas, que podem ser reconstruídas, muitas pessoas confessaram-se afetadas pela perda das suas coisas: o vestido de noiva, o fato de batizado do filho, os livros herdados de pais e avós, as fotografias de família… tudo isso faz parte da construção da nossa memória», defendeu. Por outro lado, alertou, nem todos os achados arqueológicos, nomeadamente desta época, implicam ocupação ou sequer mera presença. «Os vasos gregos encontrados nesta região terão vindo trazidos por comerciantes, por exemplo, porque nunca os gregos andaram por estas paragens», afirmou o Professor.
A fraca ocupação da região do Baixo Mondego, ligada à improdutividade das terras alagadas, o traçado das vias romanas - e a sua surpreendente semelhança com algumas das que ainda hoje rasgam o país de norte a sul, a importância de sítios a que o passar dos séculos retirou protagonismo, como aconteceu com Santa Olaia ou Maiorca, deslocando-o para outros, à época inexistentes, como São Julião (Figueira da Foz), foram alguns dos tópicos abordados por Jorge Alarcão.
Este ano subordinada ao tema “O Baixo Mondego: Dos Romanos à Idade Média”, a iniciativa «Temas de Arqueologia», resulta da parceria entre a Divisão de Cultura do Município da Figueira da Foz e a Universidade Sénior da Figueira da Foz (USFF), no âmbito da sua disciplina de Património.
As palestras prosseguem dia 11, com Carlos Fabião e «Os Romanos e o Atlântico»; dia 18 de abril é a vez de Flávio Imperial falar sobre «O achado de Maiorca: um naufrágio romano-republicano do século II a.C.» e, a 2 de maio, é Vasco Mantas quem aborda «As comunicações no Baixo Mondego na época romana».
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