quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Preço elevado dos veículos elétricos condiciona a aposta da mobilidade elétrica

 Atualmente, apenas 7% dos condutores portugueses são proprietários de um veículo híbrido ou elétrico. 81% dos condutores não compraram um carro elétrico devido ao custo elevado. Se não se tornar acessível para a maioria, adoção da mobilidade elétrica pode estar comprometida.
O Observador Cetelem começa a divulgar, esta semana, um novo estudo internacional dedicado ao sector automóvel com o tema «Ter carro, quanto custa?», que tem por base uma consulta a 16 600 consumidores em 18 países, com o propósito de acompanhar, antecipar e abrir caminho a respostas que se perspetivam ser cruciais para o futuro do sector.

Chegou a Era dos veículos elétricos?
À medida que a crise ambiental se torna mais concreta para os cidadãos, tudo parece indicar que chegou o momento dos veículos elétricos. A proibição de venda de veículos novos a gasóleo e a gasolina a partir de 2035 aponta igualmente neste sentido, assim como a antecipação de muitos fabricantes da passagem a uma produção 100% elétrica.
No entanto, os dados sobre a propriedade e as dificuldades de compra dos consumidores, agravadas por um período de inflação, mostram que há ainda um longo caminho a percorrer para esta transição, que terá de ocorrer no curto espaço de tempo de uma década.

Portugal ainda é dos países europeus com menos elétricos
De acordo com o novo estudo Observador Cetelem Automóvel 2023, apenas 7% dos condutores portugueses afirmavam, no ano passado, ter um híbrido ou elétrico, o que faz de Portugal um dos países europeus com menos proprietários deste tipo de veículos a seguir à Polónia (3%). É em países como a Noruega (23%), o Japão (23%) e a China (22%) onde encontramos maior proporção de proprietários de elétricos.
Por outro lado, na África do Sul e no México, estas viaturas são quase inexistentes. Uma realidade semelhante à do mercado de usados, com apenas 4% dos condutores a afirmarem que compraram um veículo em segunda mão híbrido ou elétrico, o que se explica com a chegada recente em maior escala destas viaturas ao mercado.

Preço elevado leva portugueses a desistirem de comprar elétricos
Apesar de no início do ano, de acordo com a ACAP, se ter verificado uma procura crescente por carros novos 100% elétricos, ultrapassando pela primeira vez a fasquia das duas mil unidades vendidas em três meses consecutivos, é preciso ultrapassar aquele que é entendido como um dos maiores obstáculos à adoção da mobilidade elétrica: o elevado custo de aquisição.
Os dados do estudo do Observador Cetelem Automóvel 2023 corroboram isso mesmo, ao concluírem que o preço elevado deste tipo de veículos já levou muitos condutores, 8 em cada 10, a desistirem da compra e a decidirem não comprar uma viatura elétrica devido ao preço elevado, optando antes por uma viatura a gasóleo ou a gasolina.
Portugal é mesmo o segundo país europeu e o terceiro a nível global, em que este critério é tido em conta pela maior parte dos inquiridos. Esta questão apenas não recolhe a maior parte das opiniões entre os residentes na Noruega (49%) e na China (46%), países onde a maturidade dos automóveis elétricos é mais antiga e firmada.
Perante este contexto, os consumidores parecem indicar que, para apostarem na mobilidade elétrica, aguardam que as viaturas passem a ser financeiramente acessíveis. Se tal não ocorrer, poderão estar em causa as metas estabelecidas em todo o continente europeu. Uma mensagem que algumas marcas parecem ter já compreendido, fazendo promessas de viaturas com preços mais baixos nos próximos tempos.

Metodologia
As análises económicas e de marketing, bem como as previsões, foram realizadas em parceria com a empresa de estudos e consultoria C-Ways, especializada em Marketing de Antecipação. O inquérito quantitativo aos consumidores foi conduzido pela Harris Interactive entre 23 de junho e 8 de julho de 2022, em 18 países: África do Sul, Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, China, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Itália, Japão, México, Noruega, Polónia, Portugal, Reino Unido e Turquia.
No total, foram entrevistadas online 16.600 pessoas (método de recolha CAWI). Os entrevistados, com idades entre 18 e 65 anos, foram selecionados a partir de amostras nacionais representativas de cada país. A representatividade da amostra é assegurada pelo método de quotas (sexo, idade). Foram realizadas 800 em cada país, exceto em França onde foram realizadas 3.000 entrevistas.

Observador Cetelem
Há 23 anos em Portugal, o Observador Cetelem é um centro de estudos sobre consumo e de acompanhamento económico do BNP Paribas Personal Finance. A sua missão é observar, esclarecer e decifrar a evolução dos padrões de consumo internacionalmente. Para satisfazer este requisito, foi criado um sistema baseado na diversidade e na complementaridade de conteúdos com estudos anuais internacionais de referência, um sobre o automóvel à escala mundial e outro sobre o consumo a nível europeu; além de estudos realizados localmente como forma de acompanhar o consumo em Portugal.
Os estudos Observador Cetelem são realizados pelo BNP Paribas Personal Finance, entidade especialista em crédito ao consumo do Grupo BNP Paribas, que é um player Europeu de referência no sector, que está presente em mais de 30 países de 4 continentes, empregando mais de 20 mil pessoas. Em Portugal desde 1993, tem como propósito promover o acesso a um consumo mais responsável e sustentável para apoiar clientes e parceiros. Uma missão diária de mais de 650 colaboradores – especialistas em crédito pessoal, financiamento automóvel, cartões de crédito e seguros. Produtos subscritos por milhões de clientes no site, na app, por telefone, nas lojas ou num dos 3800 estabelecimentos de parceiros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário