A Casa do Barro - Centro Interpretativo da Olaria de São Pedro do Corval vai receber de 1 de abril a 21 de maio a exposição de cerâmica “À volta do caco”, da artista espanhola Cláudia Cid. Esta mostra organizada pelo Município de Reguengos de Monsaraz pode ser visitada de terça-feira a domingo, das 9h30 às 12h30 e entre as 14h e às 17h30.
A exposição apresenta um conjunto de peças realizadas por Cláudia Cid, nomeadamente cacos resultantes da quebra de uma grande taça ainda crua que foram aproveitados como superfícies pictóricas. Os fragmentos crus foram pintados com engobes, chacotados e vidrados, dando lugar a pequenas pinturas cerâmicas.
Cláudia Cid estudou Belas Artes na Faculdades de Belas Artes da Universidade de Vigo (Espanha) e fez o Mestrado em Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Em 2021 realizou um estágio profissional na Olaria Tavares, em São Pedro do Corval, onde aprendeu a extrair o barro nas redondezas da aldeia, a construir peças de grande tamanho como as talhas, iniciou-se na técnica da roda e a cozer em forno de lenha, aproximando-se dos métodos de construção tradicionais.
Foi depois deste estágio que decidiu criar um atelier durante vários meses num espaço cedido pela Olaria Beijinho, onde encontrou mais cacos, desta vez fragmentos de peças já acabadas que se partiram provavelmente durante a última cozedura, ao saírem do forno ou no transporte. Estes fragmentos, testemunhas da história de trabalho da Olaria Beijinho, vão também ficar reunidos na exposição na Casa do Barro.
Com esta mostra, a artista pretende provocar a reflexão sobre onde se situa o limite entre a cerâmica utilitária e não utilitária, neste caso, entre as peças de uso quotidiano, que já não são visíveis, mas ainda se encontram presentes nos seus fragmentos, e as pinturas que, apesar de terem surgido daquelas peças utilitárias, existem agora também independente e autonomamente.
Cláudia Cid vai também realizar quatro oficinas na Casa do Barro - Centro Interpretativo da Olaria de São Pedro do Corval durante o período em que está patente a exposição. A primeira decorre no dia 2 de abril, denomina-se “Pintura de costumes” e será aberta a toda a comunidade.
Nesta iniciativa serão pintados cacos crus na sala da exposição, pretendendo-se motivar o diálogo através do objeto exposto e proporcionar suportes inusuais que permitem que a pintura se deixe levar pela liberdade que o suporte dá, assim como pelo fim não comercial da peça. Os cacos resultantes deste encontro vão integrar a exposição separadamente ou poderão juntar-se como um mosaico, formando um painel para instalar na Casa do Barro.
As crianças que vão participar no programa de atividades Mais Páscoa – Férias em Cheio promovido pelo Município de Reguengos de Monsaraz vão ter três oficinas de cerâmica. A primeira realiza-se no dia 3 de abril, intitula-se “De onde é que este caco vem?” e terá um jogo em que as crianças se convertem em exploradores ou arqueólogos à procura da história do caco, cujos segredos serão revelados dentro das olarias, onde as esperam os oleiros. Com este jogo pretende-se motivar a comunicação entre as crianças e os oleiros, que se converterão em contadores de histórias do ofício mais importante da aldeia, contribuindo para a preservação e continuidade do conhecimento desta arte.
A segunda oficina decorre no dia 4 de abril, será sobre “Pintura de costumes” e terá como ponto de partida as histórias contadas pelos oleiros na sessão anterior. Nesta oficina vão ser apresentados alguns pratos com a típica pintura alentejana onde se podem ver os motivos do quotidiano, como os trabalhos do campo, cenas domésticas ou de taberna, feitos nas olarias de São Pedro do Corval. Previamente preparadas e tingidas com caulino, serão distribuídas lastras pelos participantes para representarem uma das histórias contadas pelos oleiros no dia anterior.
“Genealogia do caco” é o tema da terceira oficina de cerâmica para as crianças que vai decorrer no dia 5 de abril e que propõe que a partir de um caco imaginem e desenhem a lápis a peça que o originou. Em seguida será ensinada a técnica do pinching para que possam construir o seu recipiente, depois será alisada a superfície do objeto e cada criança desenhará a silhueta do caco no lugar que imaginou.
As peças das quatro oficinas de cerâmica vão ser cozidas durante as semanas seguintes e colocadas na exposição no dia 22 de abril.
Carlos Manuel Barão
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