quinta-feira, 7 de março de 2024

No dia 6 de março. Tecelagem de Almalaguês foi o mote para a sessão das Tardes Comunitárias

 
Cerca de uma centena de pessoas estiveram presentes, ontem, dia 6 de março, no auditório da Biblioteca Municipal, a assistir à sessão das Tardes Comunitárias, subordinada ao tema Vamos falar sobre Tecelagem de Almalaguês. Integrado no projeto Tardes Comunitárias: Dar Mais Vida Aos Anos, a apresentação da inicativa esteve a cargo de elementos que integram a Associação Herança do Passado, localizada em Almalaguês.
Ao longo da sessão, as convidadas tiveram oportunidade de partilharam informações sobre este ofício artesanal com séculos de história, com muita tradição na região de Coimbra, salientanto a sua importância económica, influência que tiveram na indumentária das mulheres locais e a preponderância etnográfica para a comunidade da região de Almalaguês, em particular para as mulheres tecedeiras.
Na sua intervenção, Maria Emília Pereira, presidente da Associação Herança do Passado de Almalaguês, salientou a “
importância de divulgar estes verdadeiros tesouros e a forma de os produzir artesanalmente, para que a arte nunca se perca, ganhe nova vida e perdure no tempo”.
A dirigente cultural acredita que “a manutenção desta arte ancestral e secular permite manter tradições, usos e costumes idos, que cada vez mais estão a cair no esquecimento, e que, associações como a nossa fazem questão de preservar, enquanto património local, regional, e até mesmo nacional”, concluiu.
A sessão contou ainda com testemunhos das tecedeiras Fernanda Balaus, Graça Patrício, Licínia Lindo e das estagiárias Adriana e Leonor, verdadeiras embaixadoras da história da tecelagem de Almalaguês. As artesãs recriaram alguns momentos em que, outrora, as toalhas e toalhetes de Almalaguês eram habituais na vida quotidiana: na entrega do farnel aos trabalhadores agrícolas, levado pelas mulheres e comidos na “fazenda”; na Romaria à Senhora da Alegria, que ocorria no domingo de Pascoela e na tradição da oferta do arroz doce, confecionado pelos pais dos noivos e entregue, porta a porta, nas casas da aldeia, numa canastra, pelas amigas dos noivos.
Os participantes tiveram ainda oportunidade de assistir à execução de um tecido confecionado através de tear manual que se encontra em exposição na Biblioteca Municipal. A ação encerrou com uma degustação de alguns produtos gastronómicos típicos da região de Almalaguês, designadamente arroz-doce, merendeiras e jeropiga.

Sobre a Associação Herança do Passado
A Associação Herança do Passado foi fundada por tecedeiras da região de Almalaguês, em março de 2008 e localiza-se na Escola Primária de Anaguéis, a Norte da mesma localidade. A instituição tem como prioridade a preservação da arte da tecelagem de Almalaguês que, ao longo dos anos, tem vindo a perder-se, muito por culpa das novas tecnologias de fabricação.
A Associação Herança do Passado pretende manter viva esta tradição artesanal tão antiga e rica em história, divulgando-a por todo o país, em feiras de artesanato e em outros locais públicos, podendo ser visitada por todos aqueles que queiram conhecer esta arte secular. Paralelamente, realizam-se neste espaço cursos de formação de artesanato, mas, também, de formação geral, dirigidos a toda a comunidade, numa perspetiva de promover a formação contínua ao longo da vida, respondendo às necessidades das comunidades locais. A Associação incentiva, igualmente, a frequência do espaço pelos munícipes mais velhos, com o objetivo de facilitar a partilha e o intercâmbio dos seus saberes e vivências culturais, com os mais jovens, contribuindo desta forma para a transmissão e perduração da herança cultural desta comunidade. Aqui funciona, também, a ofi­cina de tecelagem, aberta diariamente, proporcionando a todos que queiram aprender, a oportunidade de executar uma peça tecida em tear manual.


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