sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Projetar a mobilidade ativa e sustentável da população idosa nas cidades do futuro



Identificar e classificar as barreiras que atualmente limitam a mobilidade dos idosos no espaço urbano, sobretudo no que respeita aos percursos, acessos pedonais e transportes públicos, para projetar a mobilidade ativa e sustentável da população idosa nas cidades do futuro é o objetivo do MOBI-AGE, estudo exploratório financiado pelo programa MIT Portugal e Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), que junta cientistas das universidades de Coimbra (UC) e do Porto (UP) e conta com o apoio de investigadores do MIT Agelab (Boston, EUA).

Com o envelhecimento demográfico da Europa a acentuar-se de forma exponencial, este estudo, coordenado pela docente e investigadora Anabela Ribeiro, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), pretende diagnosticar de forma sistemática os centros urbanos, nomeadamente as zonas históricas, para promover a sua adaptação às necessidades dos idosos, que na sua maioria se desloca a pé ou de transporte público. Este estudo será também útil para outros grupos com mobilidade reduzida (por exemplo, pessoas em cadeiras de rodas).

«Os centros urbanos concentram boa parte da população envelhecida das cidades, que também habita os edifícios mais antigos. Por definição e na maioria dessas cidades, essas áreas também são áreas onde monumentos históricos e outros fatores de atração turística estão localizados. O turismo sénior também é uma consequência do envelhecimento geral da população e tem vindo a aumentar. Esse panorama faz com que os centros urbanos, especialmente os históricos, sejam locais onde se concentra um número maior de idosos, residentes e visitantes, em comparação a outras zonas da cidade», explica Anabela Ribeiro.

Atendendo a esta realidade, foram considerados dois estudos de caso, nos centros históricos de Coimbra e Porto. As equipas entrevistaram vários idosos, residentes na zona e turistas provenientes de vários países, entre os quais Austrália, Bélgica, Canadá e Estados Unidos.

Seguindo uma abordagem com alguma inovação social, apostou-se na realização de sessões participativas e dinâmicas de colaboração com essa população, avaliando em concreto quais são as suas necessidades e aspirações, o que permitiu não só validar diversas variáveis identificadas pelos cientistas na revisão da literatura científica sobre mobilidade, mas também obter feedback sobre outras questões urbanas.

De uma forma geral, as principais dificuldades relatadas prendem-se com o tipo de pavimento, mau estado dos passeios, ausência de corrimões de apoio, sistema de transportes públicos insuficiente e carros estacionados em cima do passeio, entre outras.

No caso do centro histórico de Coimbra, por exemplo, «os idosos residentes entrevistados - mais ativos do que se poderia pensar, sobretudo as mulheres - elogiaram bastante o “Pantufinhas”, um miniautocarro híbrido que faz a ligação entre a baixa e a alta de Coimbra, percorrendo o centro histórico da cidade, defendendo o alargamento deste tipo de transporte dedicado a outras zonas da cidade», descreve a coordenadora do estudo.

Todos os resultados do estudo MOBI-AGE vão ser apresentados e debatidos publicamente na próxima terça-feira, dia 10 de dezembro, às 14 horas, no Ateneu de Coimbra, com a presença de idosos que participaram na investigação.

Com base nas conclusões dos dois estudos de caso realizados, a equipa do MOBI-AGE irá desenvolver uma plataforma de informação interativa, destinada a câmaras municipais e a utilizadores finais do espaço urbano (residentes, visitantes, etc.).

O projeto MOBI-AGE tem o apoio das câmaras municipais de Coimbra e Porto, bem como do Ateneu de Coimbra, Centro Paroquial da Sé Velha e Centro Nossa Senhora da Vitória.

Cristina Pinto

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