Um estudo da
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
(FCTUC) concluiu que poucos índices biológicos usados na
monitorização dos rios contemplam a análise das espécies exóticas
e que a abundância de espécies exóticas está associada à
degradação dos rios, tendo um efeito significativo na abundância e
presença das espécies nativas.
Esta investigação
internacional, liderada por Maria João Feio, com a participação de
Janine Silva e Sónica Serra, do Centro de Ciências do Mar e do
Ambiente (MARE) do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da FCTUC,
está publicada na revista científica Journal
of Environmental Management.
«Este
estudo teve como objetivo compreender, a nível mundial, se a
avaliação da qualidade ecológica dos rios reflete a presença de
espécies exóticas (não-nativas de uma região) nos ecossistemas
ribeirinhos. Em Portugal, assim como em toda a Comunidade Europeia, e
em vários países do mundo, existem índices baseados nas
comunidades aquáticas de peixes, invertebrados, microalgas e plantas
aquáticas, considerados bioindicadores de qualidade ecológica»,
explica Maria João Feio.
No entanto, de
acordo com a especialista, quando muitos destes índices foram
desenvolvidos não existiam ou não eram conhecidas tantas espécies
invasoras aquáticas. «Desta
forma, tentamos perceber quais destes grupos biológicos têm mais
espécies exóticas reportadas e conhecidas, se os índices
existentes contemplam a avaliação específica de espécies exóticas
e se, contemplando ou não, os índices refletem o efeito das
espécies exóticas na qualidade do ecossistema»,
revela.
Além disso, os
autores concluíram ainda que, em 17 países dos seis continentes, as
espécies exóticas mais reportadas dentro dos grupos de
bioindicadores aquáticos são os peixes, devido ao seu tamanho,
valor comercial e maior conhecimento histórico das espécies
nativas. No que respeita às microalgas exóticas, são as menos
conhecidas, seguidas dos invertebrados bentónicos.
«Em
Portugal, temos situações distintas conforme o elemento biológico
utilizado na avaliação da qualidade dos rios. O índice usado para
as comunidades de peixes já inclui uma métrica que avalia a
presença e abundância de espécies exóticas. Já o de plantas
aquáticas, inclui uma avaliação parcial dessas espécies, e, no
caso dos invertebrados, o índice oficial não contempla uma
avaliação das espécies exóticas.
Assim,
podemos ter avaliações que sobrevalorizam a qualidade biológica
dos rios nestes últimos casos. Embora isso dependa da influência
que uma dada espécie tenha no ecossistema, que não é sempre a
mesma»,
termina Maria João Feio.
Perante estes
resultados, os especialistas recomendam a inclusão de métricas
específicas para espécies exóticas nos índices de qualidade
biológica utilizados na avaliação ecológica dos rios; o aumento
da investigação da taxa de exóticos de grupos de organismos
aquáticos mais pequenos; a necessidade de investir na identificação
taxonómica ao nível da espécie em programas de monitorização, de
forma a reconhecer espécies exóticas; e a necessidade de
incentivar comportamentos que previnam invasões aquáticas nos rios,
entre outras medidas.
O artigo
científico “The
impacts of alien species on river bioassessment”
está disponível para consulta aqui.
*Sara
Machado
Assessora
de Imprensa
Universidade
de Coimbra• Faculdade de Ciências e Tecnologia
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