A informação é um bem público inestimável
1.
A informação é necessária, imprescindível e tem um valor inestimável.
A informação
habilita os cidadãos a conhecer melhor a realidade em que vivem. Uma informação
livre permite-lhes fiscalizar melhor os poderes e as políticas públicas;
dá-lhes voz e espaço para propor e exigir.
Uma informação livre, de qualidade e
pluralista faz saber o que propõem e o que realizam as organizações cívicas, as
forças políticas, as instituições económicas, os sindicatos, os movimentos
sociais, as universidades e centros de investigação, as instituições culturais
e desportivas; promove o interesse pelo saber e pelo conhecimento, a fruição
dos bens e serviços culturais, do património material e imaterial; reflecte o
que pensam, o que anseiam e o que propõem os cidadãos e as suas organizações e
fomenta o espírito crítico.
Uma informação que valoriza a cidadania
está sinceramente empenhada em conferir permanentemente saberes e competências
aos cidadãos; torna-os mais capazes de conhecer, de analisar, de discutir e de
decidir sobre as suas vidas e sobre a vida da colectividade; habilita-os a fazer
escolhas informadas sobre os órgãos de soberania, as autarquias locais e sobre
o seu futuro.
Sem informação livre, plural e de
qualidade, não há verdadeira Democracia.
2.
A informação como bem público necessita de jornalistas livres e com direitos
A informação livre, plural e de
qualidade só pode ser assegurada por jornalistas vinculados a um corpo de
normas éticas e deontológicas, a um património de leis da arte da profissão
consolidado ao longo de décadas e décadas, e a um estatuto profissional que lhes
impõe deveres imprescritíveis perante as fontes, as pessoas objecto do seu
trabalho, e o público.
Por assumirem um tão elevado grau de
exigência e por estarem submetidos ao mais amplo escrutínio dos seus actos
profissionais e do seu trabalho, os jornalistas necessitam da correspondente
protecção nos mais variados domínios – do direito de acesso à informação à
protecção no emprego, da garantia de sigilo profissional à liberdade sindical,
da cláusula de consciência ao direito a um salário justo.
3.
A informação como bem público exige redacções capazes
Ao assinalar o Dia Mundial da Liberdade
de Imprensa, o Sindicato dos Jornalistas chama a atenção dos cidadãos e dos
poderes públicos para o continuado agravamento das condições de trabalho dos
jornalistas em inúmeros órgãos de informação, em particular com os
despedimentos de centenas de profissionais nos últimos anos, a depreciação do
estatuto salarial, a intensificação do ritmo e da duração do trabalho, a
redução dos espaços destinados à informação, a desvalorização da grande
reportagem, o primado da superficialidade.
Neste contexto, são de particular
gravidade as situações de precariedade, de contratados a recibos verdes ou a
prazo, bastante generalizada entre os jovens jornalistas mas não só. Não é
possível garantir a independência e a liberdade de informar de jornalistas que
podem ser sumariamente despedidos no dia seguinte ou no mês seguinte.
O SJ alerta também para a preocupante
degradação do próprio “mercado” da comunicação social, em particular ao nível
da imprensa, com sucessivas quebras de vendas e de audiências, sem dúvida
reflexo da crise económico-financeira que diminui o poder aquisitivo dos
leitores, mas cujas raízes mergulham num problema já estrutural do país: a
gritante diminuição dos hábitos de leitura de publicações periódicas.
A presente crise representa um
extraordinário desafio aos jornalistas e às empresas. É necessário demonstrar –
agora mais do que nunca – que a informação, de qualidade e feita por
profissionais qualificados e exigentes consigo próprios, constitui uma alavanca
essencial para sairmos dessa crise, colocando em discussão no espaço público as
suas causas e promovendo as soluções para ela.
4.
A informação como bem público exige serviços públicos de qualidade
É neste contexto que o SJ reafirma mais
uma vez a decisiva importância dos serviços públicos de comunicação social – de
agência noticiosa, de rádio e de televisão – que o Governo e a maioria
parlamentar querem desmantelar, com o pretexto demagógico da crise, mas visando
cumprir uma agenda neoliberal de privatizações a todo o custo.
O SJ sublinha que a existência de
serviços públicos de comunicação social prestados por operadores de capitais
exclusivamente públicos (RTP) e maioritariamente públicos (Lusa) representa uma
garantia permanente para os cidadãos, as suas organizações e as mais variadas
instituições, de que o pluralismo, a diversidade informativa e a cobertura da
realidade e das iniciativas das comunidades – em todo o país e no mundo – são
asseguradas.
Ao assinalar o Dia Mundial da Liberdade
de Imprensa, o SJ salienta que a protecção e o desenvolvimento de serviços
públicos de informação livres da influência dos poderes são imprescindíveis à
democracia e que uma verdadeira democracia não subsiste sem eles.
Direcção do Sindicato dos Jornalistas
3 de Maio: Dia Mundial da Liberdade de
Imprensa
(mensagem do Sindicato dos Jornalistas)
a Página, 03.05.2012
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