domingo, 3 de janeiro de 2016

O QUE É POLÍTICA?


Este é um tema bastante difícil e profundo para ser tratado com rapidez. Vivemos hoje em um momento em que a política é questionada, pois, ela é sistematicamente confundida com as acções dos políticos profissionais, principalmente, pelos maus políticos. Para Hannah Arendt "O sentido da política é a liberdade". Segundo ela, a ideia de política e de coisa pública surge pela primeira vez na polis grega considerada o berço da democracia. O conceito de política que conhecemos nasceu na cidade grega de Atenas e está intimamente ligado à ideia de liberdade que para o grego era a própria razão de viver. Utilizando o conceito grego de política é que Arendt nos diz que "A política baseia-se no facto da pluralidade dos homens", portanto, ela deve organizar e regular o convívio dos diferentes e não dos iguais. Para os antigos gregos não havia distinção entre política e liberdade e as duas estavam associadas à capacidade do homem de agir, de agir em público que era o local original do político. O homem moderno não consegue pensar desta maneira pelas desilusões em relação ao político profissional e a actuação desse no poder. 

Porém, Arendt, judia, que viveu os horrores da Segunda Guerra Mundial, acreditava na acção do homem e na sua capacidade de "fazer o improvável e o incalculável". Vejamos o que diz Hannah Arendt: "A política, assim aprendemos, é algo como uma necessidade imperiosa para a vida humana e, na verdade, tanto para a vida do indivíduo maior para a sociedade. Como o homem não é autárquico, porém depende de outros em sua existência, precisa haver um provimento da vida relativo a todos, sem o qual não seria possível justamente o convívio. Tarefa e objectivo da política é a garantia da vida no sentido mais amplo" (grifo do autor). Para ela, a tarefa da política está directamente relacionada com a grande aspiração do homem moderno: a busca da felicidade. Não é fácil discutir a questão da política nos dias de hoje.
Estamos carregados de desconfianças em relação aos homens do poder. Porém, o homem é um ser essencialmente político. Todas as nossas acções são políticas e motivadas por decisões ideológicas. Tudo que fazemos na vida tem consequências e somos responsáveis por nossa acções. A omissão, em qualquer aspecto da vida, significa deixar que os outros escolham por nós. Nossa acção política está presente em todos os momentos da vida, seja nos aspecto privado ou público. Vivemos com a família, relacionamos com as pessoas no bairro, na escola, somos parte integrantes da cidade, pertencemos a um Estado e País, influímos em tudo o que acontece em nossa volta. Podemos jogar lixo nas ruas ou não, podemos participar da associação do nosso bairro ou fazer parte de uma pastoral ou trabalhar com voluntário em uma causa em que acreditamos. Podemos votar em um político corrupto ou votar num bom político, precisamos conhecer melhor propostas, discursos e acções dos políticos que nos representam. Não podemos confundir que política é simplesmente o acto de votar. 

Estamos fazendo política como tomamos atitudes em nosso trabalho, quando estamos conversando em uma mesa de bar ou quando estamos bebendo uma cerveijinha após um jogo de futebol. Estamos fazendo política quando exigimos nossos direitos de consumidor, quando nos indignamos ao vermos nossas crianças fora das escolas sendo massacradas nas ruas ou nas "Febens" da vida. Conhecemos o Estatuto da Criança e do Adolescente? ou o Código do Consumidor?, a nossa Constituição, nem pensar e grande demais. E que dizer das leis transito que estamos a todo momento desrespeitando? A política está presente quotidianamente em nossa vidas: na luta das mulheres contra uma sociedade machista que discrimina e age com violência; na luta dos portadores de necessidade especiais para pertencerem de fato à sociedade; na luta dos negros discriminados pela nossa "cordialidade"; dos homossexuais igualmente discriminados e desrespeitados; dos índios massacrados e exterminados nos 500 anos de nossa história; dos jovens que chegam ao mercado de trabalho saturado com de milhões de desempregados; na luta de milhões de trabalhadores sem terra num país de latifúndios; enfim, na luta de todas as minorias por uma sociedade inclusiva que se somarmos constituem a maioria da população. Atitudes e omissões fazem parte de nossa acção política perante a vida. Somos responsáveis politicamente (no sentido grego da palavra) pela luta por justiça social e uma sociedade verdadeiramente democrática e para todos.

Resumo do Artigo
por: Luli Sampa    
Autor : Sérgio Vaz Alkmim

Publicado em: janeiro 05, 2008

Um comentário:

  1. Sou a favor do trabalho, do estudo do esforço, não creio que a pessoa que nasce com braços e pernas sadias, olhos e ouvidos sadios com raciocínio sadio possa ser chamado de minoria ou sem oportunidades a oportunidade está a disposição de todos que se esforçam de maneira digna, mentira deslavada, hipocrisia horrenda separar as pessoas dizendo que uns têm mais oportunidades do que outros quando são pessoas igualmente saudáveis , a grande verdade é que somos resultado de nossas escolhas , quem são os sem oportunidades? Os que nascem se pernas, braços, cegos etc. Os que nascem perfeitos e sadios podem tudo se quiserem ..essa é toda verdade

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