domingo, 12 de janeiro de 2020

Irão admite derrube de avião ucraniano com mísseis e reconhece “erro imperdoável”

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O Presidente do Irão afirmou hoje que o país "lamentava profundamente" ter abatido um avião civil ucraniano, sublinhando tratar-se de "uma grande tragédia e um erro imperdoável".

"O inquérito interno das forças armadas concluiu que lamentavelmente mísseis lançados devido a erro humano provocaram a queda horrível do avião ucraniano e a morte de 176 inocentes", admitiu Hassan Rouhani, numa mensagem divulgada na rede social Twitter.
"As investigações continuam para identificar e levar à justiça" os responsáveis, acrescento, classificando o derrube do avião como "uma grande tragédia e um erro imperdoável".
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano apresentou "as desculpas" do país pela catástrofe do Boeing 737 da companhia Ukrainian Airlines, depois de as forças armadas terem igualmente reconhecido que o avião foi abatido por erro.
"Dia triste", escreveu Mohammmad Javad Zarif no Twitter. Um "erro humano em tempos de crise causada pelo aventureirismo norte-americano levaram ao desastre, acrescentou.
"O nosso profundo arrependimento, desculpas e condolências ao nosso povo, às famílias das vítimas e às outras nações afetadas" pelo drama, disse o ministro.
O Estado-maior das forças armadas do Irão garantiu à população do país que "o responsável" pela tragédia do Boeing ucraniano abatido na quinta-feira nos arredores de Teerão, vai ser imediatamente apresentado à justiça militar.
"Garantimos que ao realizar reformas fundamentais nos processos operacionais ao nível das forças armadas, vamos tornar impossível a repetição de tais erros", acrescentou, em comunicado.
Já antes, a televisão estatal iraniana tinha difundido uma declaração militar que atribuía o derrube do aparelho a um erro.
O avião ucraniano voou perto de “um centro militar sensível” da Guarda Revolucionária. Devido às tensões com os Estados Unidos, os militares estavam no nível mais elevado de prontidão. “Nestas condições, devido a um erro humano e de uma forma não intencional, o avião foi atingido”.
Até aqui, o Irão tinha negado que um míssil fosse responsável pelo acidente. No entanto, os Estados Unidos e o Canadá afirmaram, citando informações dos respetivos serviços de segurança, que o acidente foi causado por um míssil iraniano.
O avião, um Boeing 737 da companhia aérea Ukrainian International Airlines, descolou de Teerão, com destino a Kiev, despenhando-se dois minutos após a descolagem nos arredores da capital iraniana.
O acidente ocorreu horas depois do lançamento de 22 mísseis iranianos contra duas bases da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, em Ain Assad e Erbil, no Iraque, numa operação de vingança pela morte do general iraniano Qassem Soleimani.
O aparelho, com destino a Kiev, transportava 167 passageiros e nove tripulantes de várias nacionalidades, incluindo 82 iranianos, 57 canadianos, 11 ucranianos, dez suecos, quatro afegãos, três alemães e três britânicos.Ucrânia e Canadá exigem investigação profunda
O presidente ucraniano já veio exigir que o Irão assume inteiramente as responsabilidades. “Esperamos do Irão garantias da sua abertura para uma completa e transparente investigação, trazendo os responsáveis à justiça, a entrega dos cadáveres, o pagamento de uma indemnização, desculpas oficiais através dos canais diplomáticos”, adiantou Volodymyr Zelenskiy.
O primeiro-ministro do Canadá exigiu igualmente "transparência" na realização de um "inquérito completo e aprofundado" para apurar responsabilidades, depois de o Irão admitir ter abatido por engano um avião que transportava mais de meia centena de canadianos.

"A nossa prioridade continua a ser esclarecer este caso num espírito de transparência e justiça", afirmou Justin Trudeau, em comunicado.
"Esta é uma tragédia nacional e todos os canadianos estão de luto. Vamos continuar a trabalhar com os nossos parceiros em todo o mundo para garantir a realização de um inquérito completo e aprofundado", afirmou.
Trudeau acrescentou que "o Governo do Canadá espera a plena colaboração das autoridades iranianas".
O responsável da companhia aérea ucraniana veio entretanto dizer que nunca tinha duvidado que o acidente não tinha sido causado por qualquer problema do avião. O aparelho tinha apenas quatro anos e dois dias antes do acidente tinha vido sujeito a uma inspeção periódica, que não tinha detetado qualquer anomalia.

RTP c/ Lusa

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