sexta-feira, 3 de julho de 2020

Uma revolução e não apenas tumultos

Embora todos lamentemos a morte de George Floyd, cumpre reconhecer que os atuais distúrbios refletem não apenas más políticas de aplicação da lei ou injustiça “sistêmica”, mas uma sociedade em crise

  • John Horvat
Aviolência e os tumultos que abalam os Estados Unidos colocam-nos diante de uma realidade dolorosa. Embora todos lamentemos a morte de George Floyd, cumpre reconhecer que os atuais distúrbios refletem não apenas más políticas de aplicação da lei ou injustiça “sistêmica”, mas uma sociedade em crise; cumpre reconhecer na origem de tudo isso um problema muito maior, do qual o racismo é apenas um sintoma. Referimo-nos a uma crise moral mundial, de proporções massivas, a qual preparou o caminho para a violência que se manifesta em todos os lugares; violência que não se resume a tumultos, mas empreende uma revolução para mudar os Estados Unidos e o mundo, com terríveis consequências para todos.
Os EUA em desmoronamento
A crise moral não é nova, muitos a denunciaram durante décadas em todo o Ocidente. A revolução sexual dos anos 60, por exemplo, desencadeou paixões desenfreadas que destruíram bons costumes, famílias, comunidades. Hoje a corrida louca pelo prazer destrói os indivíduos, questionando mesmo a noção de identidade. O que há de novo nessa crise é como ela está sendo intensificada com as ansiedades geradas pelo confinamento da população e a polarização das nações.
O que vemos agora mais do que nunca nos EUA é uma nação que se desmorona. Seu tecido moral, que mantém um país unido, está se desfazendo, restando tão-somente fragmentos reunidos com alguma aparência de normalidade. Esta situação prepara o caminho para uma revolução, evidenciando a triste realidade de que basta um evento inflamatório para que nações inteiras explodam no caos. A devastação provocada pelas medidas de combate ao coronavírus mostrou como se pode destruir muita coisa em pouco tempo.​
Além da deterioração moral, contribui para a violência o fato de as igrejas estarem vazias. Quando as pessoas não têm noção de um Deus amoroso, Autor da Lei Moral que traz ordem à sociedade, suas vidas são privadas de significado, e elas buscam preencher suas apetências espirituais em artifícios como as drogas.
A lei moral é essencial
Toda crise moral advém da recusa em cumprir uma lei moral normativa do comportamento humano. Isso pode acontecer quando as pessoas deixam de admitir uma noção objetiva do certo e do errado, e rejeitam os Dez Mandamentos como normas razoáveis para a vida. Quando a base para definir o que é certo ou errado se resume àquilo que se supõe tornar cada indivíduo feliz, as coisas começam a desmoronar e as sociedades caem facilmente na anarquia. A recusa em reconhecer uma lei moral levou grandes segmentos da sociedade a cair na decadência moral, abrangendo todos os grupos sociais, raciais, étnicos e de renda.
Transformando áreas em zonas de guerra
Por serem uma força destrutiva, as manifestações mais aparentes dessa decadência são encontradas em comunidades desfeitas. Não é por mera coincidência que o denominador comum presente em áreas de agitação e violência seja moral, e não racial. Em cidades decadentes, tanto quanto em áreas rurais dominadas pelas drogas, sempre encontramos a ausência de lei moral. Famílias desfeitas são comuns onde grassa a promiscuidade sexual irrestrita. Sem estruturas familiares sólidas, o crime e a violência dominam as comunidades.
Além da deterioração moral, contribui para a violência o fato de as igrejas estarem vazias. Quando as pessoas não têm noção de um Deus amoroso, Autor da Lei Moral que traz ordem à sociedade, suas vidas são privadas de significado, e elas buscam preencher suas apetências espirituais em artifícios como as drogas.
A regra é que nas áreas onde há falta de moralidade não há possibilidade de harmonia social, tudo pode acontecer, os atos mais brutais são praticados. Porém culpamos o “sistema”, em vez de incriminarmos os pecados e ações de indivíduos que destroem a ordem. Enviando diariamente nossa polícia à batalha contra elementos criminosos, transformamos essas áreas em zonas de guerra.
Entre os manifestantes radicais podem ser encontrados todos os níveis de raça, profissão e renda, como podemos constatar nesta foto de um rapaz branco chutando o que resta de um carro de polícia
Não um motim, mas uma revolução
Seria exagero afirmar que apenas comunidades desfeitas sofrem tal decadência. Situações análogas de ausência de senso moral estão por toda parte, mesmo em grupos de maior renda. Entre os manifestantes radicais podem ser encontrados todos os níveis de raça, profissão e renda. As reportagens mostram organizadores, advogados, professores e até clérigos, que assim se articulam para cumprir suas agendas revolucionárias.
Esses distúrbios nunca foram nem serão o resultado de forças espontâneas e o que une esses manifestantes radicais é a rejeição da lei moral. Eles odeiam ordem e restrição, e se aproveitam de outros que perderam o senso moral para participar do seu desejo de destruir os restos da civilização ocidental e o estado de direito.
Derrotar uma revolução
As crises morais preparam o caminho não apenas para motins, mas para revoluções. Na definição do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, revolução é a substituição de uma ordem legítima atual por um estado de coisas ilegítimo.
Devemos recusar a narrativa revolucionária ora proposta pela mídia. Devemos rejeitar a ideia de que os distúrbios são o produto de uma luta de classes que desencadearia e até justificaria a violência. Devemos enfrentar a dolorosa realidade de nossa crise moral e assumir a responsabilidade pessoal por nossas ações.
Acima de tudo, podemos derrotar uma proposta revolucionária com outra, contra-revolucionária, que é o rico legado da Igreja e do Cristianismo, ambos sustentáculos de uma lei moral que leva à ordem, à harmonia e à justiça. Se invocarmos a Deus com o coração contrito e humilhado, retornaremos a Ele, o único capaz de refazer todas as coisas e devolver a ordem ao mundo.
ABIM
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* O autor é vice-presidente da TFP norte-americana. Traduzido pela Redação.

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