Empresa avançou com um despedimento colectivo de 500 pessoas.
O presidente executivo da Soares da Costa, Joaquim Fitas, frisou hoje que o que a construtora está a fazer com o despedimento coletivo em curso é preservar mais de 80% dos postos de trabalho.
“Não estou a despedir aproximadamente 20% (um pouco menos), estou a fazer tudo para preservar mais de 80% dos postos de trabalho da Soares da Costa, esta é que é a perspetiva”, disse Joaquim Fitas, à agência Lusa, depois da construtora ter anunciado, numa carta enviada à Comissão de Trabalhadores na quarta-feira, que vai abrir um processo de despedimento coletivo de cerca de 500 funcionários.
O presidente executivo adiantou que este ajustamento “é suficiente para salvaguardar o grupo e o equilíbrio das contas”, afirmando que o despedimento coletivo “não é uma decisão fácil”, mas também que não existe alternativa, já que a construtora acumulava prejuízos anuais superiores a 60 milhões de euros, o volume de negócios caía cerca de 30%, além dos cerca de 300 trabalhadores que estão em casa em inatividade.
“Não é uma decisão fácil, nem para quem a toma nem para o conjunto de pessoas que acabam por decidir que a estratégia tem de ser esta, até porque quando se diminui o número de postos de trabalho diminui-se também a capacidade de uma empresa gerar valor para os acionistas”, sustentou, acrescentando que os 500 “é o valor máximo estimado” e que a empresa fará “os possíveis para que o se o número puder ser inferior assim venha a acontecer”.
O processo de despedimento coletivo deverá ficar concluído no final do primeiro trimestre de 2016 e já teve início com o pedido de parecer e depois a apresentação do desenho final.
“Estamos a fazer o despedimento coletivo respeitando integralmente alínea a alínea do articulado legal. [O processo] tem de ter os fundamentos associados à decisão, o quadro de pessoal inicial e final, as saídas previstas, os critérios porque se decidiu reduzir determinadas categorias profissionais e os critérios de seleção das pessoas propostas para despimento coletivo”, explicou.
Além disso, terá ainda de conter uma explicação detalhada da forma de cálculo da compensação financeira associada a esse despedimento coletivo. A última fase é a da negociação com as pessoas, sendo dada a oportunidade aos trabalhadores envolvidos de negociarem com a empresa dalgumas questões específicas.
Joaquim Fitas explicou ainda que entre 60 a 65% dos trabalhadores em causa pertencem ao efetivo de Portugal, sendo os restantes de Angola, Moçambique, Brasil e São Tomé e Príncipe.
No entanto, Joaquim Fitas esclarece que este número surge como “ enviesado”, explicando que o regresso por inatividade faz com que as pessoas passem a cair no centro de custos localizado em Portugal e que as cerca de 300 pessoas que a atual gestão já encontrou em casa, já estavam no centro de custos nacional.
“Em 2015, quando cheguei à gestão desta empresa havia pessoas que estavam em casa há mais de um ano já. A empresa estava a pagar a centenas de pessoas em casa, porque não tinha trabalho para lhes dar. Isto é absolutamente insustentável e toda a gente sabia disto e toda a gente fazia de conta que não sabia”, afirmou.
Joaquim Fitas considera que “isto não é uma situação que tenha acontecido agora com a crise do petróleo em Angola” e reforça que “não é um tema de mercado, é um tema de gestão”.
O gestor lembrou que a empresa já tinha feito “uma intervenção muito pesada, muito forte, mesmo violenta ao nível dos custos”, que permitiu reduzir 30% dos custos de estrutura, sem tocar na massa salarial.
“Mas agora teve de ser”, disse, explicando que a empresa tem salários em atraso ao todo de três meses em relação aos trabalhadores em Angola e um atraso parcial de salários em Portugal, já que nem sequer passou um mês.
Sobre a greve que os trabalhadores da Soares da Costa fizeram hoje junto aos estaleiros da empresa em Vila Nova de Gaia, disse: “Temos estado a pagar a prestações o salário que devia ter sido pago no dia 05 de dezembro. Só ficamos em incumprimento quanto às datas do pagamento do subsídio de Natal esta semana e hoje já temos uma greve à porta”.
O responsável disse ainda que “o pré-aviso que foi reativado anteontem [terça-feira]” e que na quarta-feira “ninguém esteve disponível” para falar com ele pessoalmente.
Fonte: Lusa