sábado, 16 de janeiro de 2016

CIENTISTAS EXPLICAM O MISTÉRIO DOS RAROS FUMADORES COM PULMÕES SAUDÁVEIS


 
Por que algumas pessoas parecem ter pulmões saudáveis apesar de fumarem muito, durante muitos anos? Depois de analisarem mais de 50 mil casos, cientistas britânicos chegaram a uma conclusão: são mutantes.
O estudo, feito por uma equipa do Medical Resarch Council, agência de investigação do governo britânico, mostrou que algumas mutações no DNA das pessoas aperfeiçoam as suas funções pulmonares e mascaram o impacto mortal causado pelo cigarro.
Segundo os cientistas, a descoberta pode resultar na criação de novos medicamentos para melhorar as funções pulmonares.
No entanto, fizeram questão de ressaltar que não fumar será sempre a melhor opção.
Usando dados de condições de saúde e informações genéticas de um grupo de voluntários, os investigadores analisaram diversos problemas de saúde relacionados com o tabaco, como a chamada doença pulmonar obstrutiva crónica, DPOC, que pode causar falta de ar, tosse e infecções.
Ao comparar fumadores e não fumadores, e cruzar esses dados com pessoas com e sem DPOC, os investigadores descobriram trechos do DNA que reduzem o risco da doença.
Assim, fumadores com “bons genes” apresentaram um risco menor de desenvolver DPOC do que os que tinham “genes ruins”.
Segundo Martin Tobin, professor da Universidade de Leicester e um dos autores do estudo, os genes parecem afetar a maneira como os pulmões crescem e respondem aos danos.
Não há nenhuma solução mágica que garanta protecção contra o fumo. Mesmos estas pessoas com bons genes, ainda terão pulmões menos saudáveis do que teriam se não fumassem”, disse Tobin à BBC.
“A melhor coisa que alguém pode fazer para evitar a DPOC e outras doenças relacionadas com o cigarro, como o cancro de pulmão, é parar de fumar.”
O hábito de fumar também aumenta o risco de doenças do coração e de vários tipos de cancro, mas estes aspectos não foram analisados no estudo.
Os cientistas descobriram também uma parte do código genético que é mais comum em fumadores do que em não-fumadores.
Segundo os investigadores, essa diferença parece alterar as funções cerebrais e o grau de facilidade com que cada um se vicia em nicotina.
“A descoberta traz fantásticas novas pistas sobre como o corpo trabalha, em áreas em que tínhamos pouco conhecimento antes”, afirmou Tobin.
“São descobertas que podem culminar em incríveis progressos em termos de desenvolvimento de novos remédios”, acrescentou o cientista.
O estudo foi apresentando num encontro da European Respiratory Society e publicado na revista científica Lancet Respiratory Medicine.
O director de investigação da British Lung FoundationIan Jarrold, afirmou à BBC que esta descoberta representa “um passo significativo para obtermos uma visão mais clara sobre o fascinante e intrincado funcionamento dos pulmões.”
“Entender a predisposição genética é essencial não apenas para nos ajudar a desenvolver novos tratamentos para pessoas com doenças no pulmão, mas também para nos ensinar como é que as pessoas saudáveis podem cuidar melhor de seus pulmões”, acrescentou.
ZAP / BBC

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