terça-feira, 22 de novembro de 2016

Chinês de Braga leva francesinha até à capital financeira da China

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Inaugurado há dois anos, o "Viva!" fica em Weihai Lu, próximo de uma das ruas comerciais mais frequentadas do centro de Xangai.
Filho de emigrantes chineses, nascido e criado em Portugal, há 29 anos, André Zhou é agora proprietário do “Viva!”, o único restaurante em Xangai onde é servido o mais famoso petisco do Porto, a francesinha.
“É um dos pratos que mais gosto em Portugal e que nenhuma outra cozinha faz”, diz à agência Lusa André Zhou, sobre a opção de levar até à capital financeira da China aquele ‘ex-líbris’ portuense.
Servida com ovo e batata frita e regada no molho essencial, a francesinha do “Viva!” é fiel à versão ‘tripeira’ e apenas o nome em chinês foi adaptado. “Sendo um prato português e para não criar confusão com os nossos clientes chineses, chamei-lhe portuguesinha picante”, explica o empresário. Inaugurado há dois anos, o “Viva!” fica em Weihai Lu, próximo de uma das ruas comerciais mais frequentadas do centro de Xangai. O menu, escolhido por Bruno Magro, ‘chef’ e consultor português radicado na China desde 2008, inclui ainda moelas, amêijoas à Bulhão Pato ou secretos, entre outras iguarias típicas de Portugal. “Escolhemos pratos com que os chineses se identificam mais, com condimentos que eles geralmente usam aqui na China”, conta André. Entre as iguarias que saem melhor, o empresário destaca o arroz de marisco, o frango piripíri, as lulas e os bolinhos de bacalhau. A sapateira recheada, a opção mais cara no “Viva!”, que custa 280 yuan (quase 40 euros), também sai bem: “É um prato bonito, os chineses gostam de tirar fotos e partilhar no Wechat (o aplicativo chinês que junta funções do WhatsApp e Facebook)”. Para os cerca de 300 portugueses radicados em Xangai, o “Viva!” tornou-se já um ponto de encontro. Numa sexta-feira à noite, depois dos pratos limpos e arrumados, as mínis da Super-Bock e o vinho português tornam-se a especialidade da casa. “Não somos muitos, mas quando nos juntamos, é sempre uma festa”, descreve André Zhou.
Após a final do Europeu de futebol, que Portugal ganhou à França, o “Viva!” só fechou às 10 da manhã do dia seguinte: “Ficámos a beber e a saltar. Foi espetacular. Nunca me vou esquecer”. Natural de Braga, André Zhou fala com sotaque do norte e torce pelo Futebol Clube do Porto, mas considera-se “filho de dois mundos diferentes”. “Os meus amigos em Portugal dizem que sou português. Mas como tenho esta cara chinesa, nunca irei ser completamente português”, diz. Os pais do empresário fazem parte da primeira geração de imigrantes chineses em Portugal: “Começaram por trabalhar em feiras, depois abriram uma loja e um restaurante”. Quando saía da escola, o jovem ia trabalhar “na caixa ou nas limpezas, a lavar copos, fritar crepes ou a servir à mesa”. “É um negócio que exige muita energia”, diz. “Mas que já me está no ADN”. Depois de se licenciar em Economia pela Universidade do Minho, em 2008, André Zhou foi para Xangai estudar língua chinesa. Após um ano, decidiu ficar: “Qualidade de vida é em Portugal, com certeza. Em termos de carreira, acho que é aqui”. “Cresces muito mais em Xangai”, realça. Sede de um município com cerca de 24 milhões de habitantes, Xangai é uma das mais cosmopolitas cidades da China, juntamente com Hong Kong. Foi lá que nasceu a indústria, o cinema e o Partido Comunista da China. Nos últimos anos, impulsionada pela abertura e ascensão económica do país asiático, esta metrópole parece ter voltado a fazer jus à sua fama de outros tempos: o “Paraíso dos Aventureiros”. “É a cidade mais divertida da China”, descreve o Cônsul Geral de Portugal em Xangai, João Pedro Fins-do-Lago, natural do Porto e cliente habitual no “Viva!”. “E a mais parecida com a nossa”.
Fonte: Dinheiro Vivo/ Lusa
Foto: Paulo Jorge Magalhães / Global Imagens
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