terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Milhares de toneladas de lixo para reciclagem acabam em aterros

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A associação ambientalista Zero garante que 8% do lixo que se produz em Portugal, 270 mil toneladas, são apresentados como reciclados pelos números oficiais da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), mas na prática não é isso que acontece pois os resíduos acabam, afinal, em aterro ou incineração, e a APA até recebe uma taxa por isso.
A denúncia é feita depois de a associação ter cruzado os números da APA com os de cada Sistema de Gestão de Resíduos Urbanos do país. Na prática, 8% (dos 38%) supostamente reciclados não chegam à fase da reciclagem porque não estão em condições para isso devido, por exemplo, à sujidade dos materiais. Uma diferença que corresponde ao lixo produzido, anualmente, por cerca de meio milhão de portugueses.
Rui Berkemeier, da Zero, fala em números "fictícios" e adiantou à TSF que a situação é inaceitável fazendo descer drasticamente para apenas 30% os níveis de reciclagem no país, longe da meta europeia de 50% que deveria ser atingida em 2020.
No fundo, defende a Zero, "o Ministério do Ambiente obteve o melhor de dois mundos: recebeu a receita da Taxa de Gestão de Resíduos por resíduos colocados em aterro ou encaminhados para incineração e, em simultâneo, contabilizou os mesmos resíduos como reciclados para poder apresentar um melhor desempenho ambiental".
Os ambientalistas dizem mesmo que há instruções do Ministério do Ambiente que levam a "considerar como reciclados todos os resíduos orgânicos que entram nas unidades de valorização de resíduos orgânicos ou de tratamento mecânico e biológico, independentemente de, no final, os mesmos serem efetivamente reciclados e transformados em composto ou de, pelo contrário, serem enviados para aterro ou incineração".
Governo recusa manipulação dos números
Do lado do Ministério, o Secretário de Estado do Ambiente explicou à TSF que já falou com Rui Berkemeier sobre o tema e ficou a aguardar que este lhe enviasse números mais precisos para avaliar a situação.
Carlos Martins diz que a forma como a reciclagem está a ser contada em Portugal existe há vários anos, está definida no plano nacional do setor e é o único método "objetivo de fazer comparações", sendo que ainda não percebeu a lógica da avaliação dos ambientalistas.
O secretário de Estado quer ver melhor os argumentos da Zero mas não acredita num erro da APA e sublinha que os critérios usados são os que estão no Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU).
O Governo sublinha que o plano estratégico dos resíduos está a ser revisto e as metas e metodologias poderão ser, mais tarde, alteradas, sendo que os métodos diferentes seguidos em cada país afetam as comparações europeias.
TSF

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