Com base neste estudo, que permitiu caraterizar os valores dose de radiação ionizante utilizada nos exames de imagem médica mais frequentes em Portugal, foram estabelecidos Níveis de Referência de Diagnóstico (NRD), que deverão passar a ser considerados por todos os centros portugueses que realizam este tipo de procedimentos.

O estudo, que conta com o apoio Científico da Direção Geral de Saúde (DGS), será apresentado publicamente na sexta-feira na ESTeSC. Uma das suas principais conclusões é a de que alguns dos Níveis de Referência de Diagnóstico portugueses estão tendencialmente acima da média europeia, situação que poderá ser corrigida daqui para a frente.
"Pela primeira vez, existem valores de referência em Portugal que vão permitir melhorar práticas e diminuir os riscos de exposição à radiação ionizante", explica Joana Santos, docente do departamento de Imagem Médica e Radioterapia da ESTeSC-IPC e coordenadora do estudo NRD Portugal.
O desafio passa agora por sensibilizar os profissionais de imagem médica e radioterapia que estão no terreno, no sentido de diminuir os valores apresentados, avança a ESTeSC-IPC.
A investigação teve por base as recomendações internacionais da área, tendo ainda a validação externa de um elemento da Agência Internacional de Energia Atómica e Comissão Internacional de Proteção Radiológica.
No total, foram registados os valores de radiação ionizante utilizados em 1.563 exames realizados em Portugal continental neste período, para um perfil de doente com 60 a 80 kg e 160 e 180 cm de altura, explica a ESTeSC.
Além de indicar os valores de radiação utilizados em diferentes radiografias e TAC, consoante a região anatómica em análise, o estudo NRD Portugal apurou ainda o nível de exposição à radiação mediante a indicação clínica do procedimento.
Assim, explicam os autores do estudo, apresentam-se valores para exames de doentes com quadros de Acidente Vascular Cerebral (AVC), traumatismo, metástases hepáticas, estudos de patologias pulmonares e doentes oncológicos, entre outros.
"Os níveis de exposição à radiação devem sempre ser adequados a cada doente e à sua informação clínica", explica Joana Santos, lembrando que só desta forma podem ser diminuídos os riscos de exposição à radiação X.
O estudo NRD Portugal foi realizado por uma equipa da ESTeSC (composta pelos docentes Joana Santos e Graciano Paulo) na condição de Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde para a Proteção Contra as Radiações e Saúde, em parceria com o Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares do Instituto Superior Técnico, a Divisão de Física Médica da Sociedade Portuguesa de Física e a Sociedade Portuguesa Radiologia e Medicina Nuclear e com o apoio científico da Direção-Geral da Saúde.
Lusa