quinta-feira, 25 de abril de 2019

Covilhã | Discurso 25 de Abril do Presidente Vítor Pereira


Senhor Presidente da Assembleia Municipal da Covilhã, Senhor Doutor João Casteleiro,
Senhora e Senhores Vereadores,
Senhoras e Senhores Presidentes das Juntas e Uniões de Freguesia,
Senhoras e Senhores Deputados Municipais,
Exmas. Autoridades Civis, judiciais, Militares e Religiosas presentes,
Exmos. representantes das associações, coletividades, sindicatos e empresas do Concelho,
Exmos Funcionários da Autarquia,
Representantes da Comunicação Social,
Ilustres Convidados,
Caras e Caros Covilhanenses,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
São já 45 os anos que passaram desde aquela madrugada porque tantos esperaram, quando um bravo grupo de Capitães devolveu aos Portugueses a luz da liberdade. Desde então foi sendo construída e desenvolvida esta jovem Democracia em que vivemos, assente nas três colunas que constitucionalmente a suportam, o poder legislativo, o poder executivo e o poder Judicial, em nome do povo.
45 anos passados e aqui chegados, gostaria de começar este discurso de celebração convocando-os para uma reflexão e consequente ação sobre o que é e o que hoje representa o 25 de Abril para um jovem de 18 anos prestes a exercer pela primeira vez o seu direito de voto.
Naturalmente que a formação da personalidade e da consciência cívica de cada cidadão não vem em forma de vacina nem se ensina só na escola, mas o 25 de Abril de 1974 não pode ser para as novas gerações apenas o feriado nacional da Revolução dos Cravos, sendo responsabilidade de todos, em especial das gerações que vivenciaram os tempos da ditadura, aliás, quem com maior propriedade pode dar testemunho desses tempos, não deixando esquecer o sofrimento e as privações que viveram e que a ditadura impos a Portugal e aos portugueses durante quase meio século.
Cabe a todos e a cada um de nós, amantes dos valores de Abril, defendê-los diariamente de forma combativa, ativa e inconformada, prosseguindo a construção de um Portugal mais justo, mais próspero, mais fraterno e mais preparado para os desafios do futuro.
Dos cidadãos espera-se um interesse, um escrutínio e uma participação nos assuntos coletivos e da causa pública, às instituições públicas e aos agentes políticos exige-se que exerçam com honradez, dignidade e competência a missão que lhes é confiada de bem conduzirem e gerirem a coisa pública.
É em consonância com estes valores e princípios que pauto a minha prática diária, que exerço as funções públicas, e em particular a do mais honroso de todos os cargos, o de Presidente da Câmara Municipal da Covilhã.
É para mim uma honra ter sido eleito pela segunda vez pelos meus concidadãos e dizer-lhes que tudo farei para continuar a ser digno dessa confiança e resolver com a máxima diligência os problemas do Município, também à luz dos princípios de Abril.
Quero assim aproveitar a oportunidade para vos prestar contas e dar algumas informações acerca da governação Municipal.
Começo por aquela que tem sido a questão central dos meus mandatos, a questão financeira.
Recordo que, quando tomei posse em Outubro de 2013, o Município encontrava-se com 297% de endividamento e na iminência de sermos obrigatoriamente intervencionados pelo Fundo de Apoio Municipal.
Foi, por isso, com enorme regozijo que em reunião de Câmara aprovámos esta semana, as Contas da Gestão de 2018, onde se verifica e demonstra que já baixámos a barreira dos 150% de endividamento, posicionando-se o mesmo em 148%.
Dirão aqueles que não queriam ver-nos obter tal feito e que habitualmente escarnecem dos sucessivos sucessos que a nossa cidade e concelho vão averbando. Aliás, os mesmos que não se importam de constantemente dizer mal da sua terra, com o único intuito de tentar obter dividendos político-partidários, que tais contas são meras operações de cosmética, esquecendo-se eles que tais contas são fiscalizadas por um sem número de isentos e imparciais organismos e instituições do Estado.
Tenho para mim que as contas sãs e equilibradas não são um fim em si mesmo, mas a verdade é que desde Outubro de 2013 o passivo foi reduzido de 150 para 76 milhões de euros e que o passivo exigível, ou seja a dívida financeira, só no último ano teve um abatimento de 8,7 milhões de euros, fazendo com que atualmente esta se situe em 37 milhões de euros.
E uma coisa aqui e agora podemos ter como adquirida: é que o Município da Covilhã, em 31 de Dezembro de 2018, cumpriu pela primeira vez nos últimos 12 anos o limite do endividamento definido pela Lei das Finanças Locais.
Mas outro feito de natureza financeira, também foi alcançado, com a ajuda dos covilhanenses, pela primeira vez, em 17 anos, lográmos obter a mais elevada taxa de execução orçamental, mais precisamente 85,3%.
O cumprimento do limite do endividamento legalmente estipulado, a redução do passivo, o abatimento da dívida financeira, e o elevado nível de execução orçamental têm um grande significado. O Município, à semelhança do que acontece com as famílias e as empresas, necessita de ter credibilidade junto dos diferentes agentes que interagem com ele, pelo que, ao devolver-lhe sustentabilidade financeira estamos a cumprir uma missão histórica, que a Covilhã do presente e do futuro aproveitará em benefício dos nossos concidadãos, empresas, associações e outras instituições.
Estão reunidas as condições para mais rápida, pronta e eficazmente darmos resposta ás necessidades mais prementes e aos mais importantes anseios dos nossos munícipes. Esta folga, que tem de continuar a ser por nós permanentemente controlada e monitorizada, permitir-nos-á, a partir de agora, incrementar a nossa ação com mais realização, com mais atividade e mais obra.
E por falar em obra, aproveito esta solene ocasião para, procurando densificar o direito à educação, com qualidade e conforto, aliás um dos direitos que o 25 de Abril priorizou e nos legou, anunciar que estamos em condições de na reunião privada do executivo camarário, que terá lugar no próximo dia 10 de Maio, adjudicar a empreitada da obra de requalificação da Escola Secundária Frei Heitor Pinto e nos dias seguintes assinarmos o respetivo contrato.
Já estou pronto para ouvir aqueles que ainda hoje dirão que o que vamos fazer é só por causa das eleições. Mas esse clamor será vão, pois as eleições autárquicas estão ainda bem longe – faltam cerca de dois anos e meio…
Não queria terminar este tema sem deixar três notas importantes.
Em primeiro lugar, dizer que todo este esforço foi feito sem descurar tudo quanto era mais urgente e sem deixar de acudir às freguesias nas suas mais elementares necessidades.
Em segundo lugar, relembrar que apesar das dificuldades não deixámos de candidatar, lançar e adjudicar obras importantes para a cidade e para o concelho.
E salientar ainda, em terceiro lugar, que é de elementar justiça deixar aqui uma palavra de profundo e sentido agradecimento, apreço e reconhecimento aos Senhores Presidentes de Junta pelo seu elevado sentido de responsabilidade, os quais, sem deixarem de reivindicar e pugnar pelos legítimos interesses dos seus concidadãos, souberam interpretar e compreender o nosso esforço de recuperação financeira.
Senhoras e Senhores Presidentes, o meu muito obrigado!
Caras e Caros concidadãos, Prezados covilhanenses, Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Dito isto, especialmente enquadrado no espírito de Abril, que abriu as portas ao poder local autónomo e democrático, quero falar da descentralização de competências do Estado central para os Municípios.
No âmbito deste processo nacional de descentralização de competências do Estado central, que obteve na Assembleia da República a aprovação do Partido Socialista e do Partido Social Democrata, a Câmara da Covilhã, com sentido de responsabilidade e com o único objetivo de servir cada vez melhor os seus Munícipes, exerce hoje um conjunto de competências delegadas em diversas áreas, muitas delas representando apenas um enquadramento legal de situações que já hoje ocorrem na prática, e prepara-se para discutir brevemente as importantes áreas da saúde e da educação.
Uma coisa é certa, por força da Lei, elas estarão nos Municípios a 1 de Janeiro de 2021. Por isso mesmo temos vindo a trabalhar afincadamente no sentido de dotar o Município das melhores condições para o exercício destas competências, nos termos da Lei e das opções legítimas dos órgãos Municipais, nomeadamente da Assembleia Municipal, sobre as diversas matérias em apreciação e em concreto, brevemente, no que respeita às competências nas áreas da saúde e da educação.
Estando disponíveis para exercer de imediato as que já aceitámos, e eventualmente outras competências do Estado central, quero deixar claro que a minha posição, sobretudo enquanto cidadão, seja Municípios seja Estado Central o importante é continuarmos a garantir, em todo o território nacional, o cumprimento dos princípios constitucionais da igualdade e do acesso, com qualidade, aos serviços públicos de saúde, de educação, de transportes, de assistência social, de infraestruturas ou de outras responsabilidades do Estado perante os cidadãos e a comunidade.
Com a aceitação das competências que já hoje exercemos, e a título de exemplo, o simples pedido de autorização de acesso à via publica requerido por um Munícipe ao competente organismo central, que podia demorar meses a obter o respetivo despacho, será tratado agora diretamente na Câmara Municipal com resposta mais rápida e eficaz.
Com a aceitação destas competências passamos, por exemplo, a ter enquadramento legal para a promoção turística da Covilhã que, há já dois anos consecutivos, fazemos na BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa) e que o ano passado nos rendeu o 1º premio nos standes de Municípios.
A dramatização demagógica que alguns querem fazer à volta deste tema surge apenas no contexto pré-eleitoral que se vive, onde naturalmente o combate partidário está mais aceso e se tenta ser mais notado.
No entanto, ao acirrarem tal posicionamento, prestam um mau serviço ao processo de descentralização que, não estando isento de mácula, vem confirmar a realidade, ou seja, que uma parte significativa das competências que já aceitámos são favoráveis às pessoas, melhoram a sua vida e não prejudicam o Município, nem implicam responsabilidades incomportáveis à luz dos interesses da nossa terra. Mas, naturalmente, cada um sabe de si.
Caras e Caros concidadãos, ilustres convidados,
Aproveito a referência à aceitação de competências para fazer a ligação áquilo que considero serem os grandes desafios do futuro que passam pela territorialização das políticas e pela capacidade que os territórios têm – e deverão ter – se quiserem ser competitivos e atrativos, neste mundo global, para fixar pessoas e gerar riqueza, designadamente em territórios de baixa densidade como os nossos.
É verdade que a Covilhã, desde logo pela sua dimensão, capacidade e valor, é o motor social e económico da Beira Interior, mas essa posição sai reforçada se trabalharmos para um posicionamento e uma oferta numa lógica territorial de Cova da Beira, desde logo com os nossos vizinhos do Fundão e de Belmonte.
É nesta lógica colaborativa que trabalhamos com os Municípios vizinhos em várias áreas e é nossa intenção aprofundar essa cooperação noutros domínios procurando reforçar a competitividade do território como um todo.
Revisitando a descentralização de competências, estou a trabalhar com os colegas dos Município de Belmonte e do Fundão na partilha do Serviço de Veterinária Municipal e estamos a trabalhar com eles e outras autarquias para dar respostas às novas exigências legais de tratamento e acompanhamento de animais errantes.
O respeito pelos direitos dos animais e o cumprimento da lei nestes domínios é na sociedade de hoje não só uma imposição legal, mas também um sinal de maturidade e desenvolvimento civilizacional.
Trabalhamos para posicionar a comunidade da Covilhã neste patamar e estamos disponíveis e interessados para o fazer conjuntamente com os nossos vizinhos.
Mas falemos de outro exemplo, a mobilidade nestes territórios.
Em Maio vamos ter a aplicação do programa PART, por via da CIMBSE, que terá implicações diretas no valor dos passes de transporte, com uma redução de valor muito substancial em 2019.
Neste Programa de Apoio à Redução Tarifária dos Transportes Públicos - PART, lançado a nível nacional e com especial impacto, pela dimensão da rede e da oferta, nos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto, somos desafiados, Municípios destes territórios, a construir soluções que sirvam efetivamente as necessidades de mobilidades das populações e que a rede de transporte público seja cada vez mais apelativa, diversificada, qualificada e competitiva para quem vive e trabalha na nossa região.
Devemos, por isso, chamar para a equação o potencial da ferrovia pelo que, já solicitei para tal, em nome dos três Municípios, Covilhã, Fundão e Belmonte, uma reunião à CP e ao Governo para discutirmos a utilização e a oferta comercial para a linha, que esperamos esteja operacional, no próximo ano.
Caras e Caros concidadãos, prezados covilhanenses, Minhas Senhoras e Meus Senhores,
No que à Covilhã diz respeito teremos brevemente novidades muito concretas para anunciar sobre o novo concurso de concessão de mobilidade, que nos colocará na vanguarda dos sistemas de mobilidade urbana.
Projetamos um sistema integrado, assente no conceito da utilização conjugada de vários elementos de mobilidade urbana, para que os nossos concidadãos se possam deslocar no seu dia-a-dia de modo confortável e a um preço acessível.
Tudo isto com um único cartão ou aplicação de telemóvel de modo a que cada utente possa facilmente aceder a todos os elementos do Serviço de Mobilidade Urbana da Covilhã.
Relembro: Autocarros; Estacionamento de superfície e Parques subterrâneos; Elevadores; Funicular; Bicicletas elétricas e outros sistemas de mobilidade urbana suave.
Perguntar-me-ão pelos custos, preços, trajetos, frequência, etc.. Compreendo a ansiedade, no entanto estamos com a equipa de especialistas a terminar os estudos e brevemente será possível dar mais pormenores, porém, temos a expectativa fundada de poder apresentar uma solução que não onere substancialmente os cofres municipais e tenha uma oferta comercial diferenciada, inovadora e com preços convidativos.
Ainda a propósito de mobilidade já lancei o repto aos Colegas Presidentes de Câmara do Fundão e Belmonte relativamente à apresentação de uma candidatura conjunta para a construção e uma ciclovia que interligue os três concelhos da Cova da Beira.
Caras e Caros Covilhanenses,
Não vos querendo tomar mais tempo, não posso deixar de muito brevemente referenciar as obras que estão em andamento ou para iniciar no curto prazo, como sejam desde logo a já mencionada requalificação da Escola Secundária Frei Heitor Pinto, a recuperação do Teatro Municipal aqui ao lado, os projetos das ciclovias, a reabilitação do antigo Liceu e da antiga PSP e o Páteo dos Escuteiros. Tais obras, à exceção da primeira, serão levadas a efeito no coração do Centro Histórico da nossa cidade e são exemplos vivos da dinâmica que estamos a imprimir à ação camarária.
A Covilhã é hoje um destino cada vez mais referenciado e bem qualificado para visitar, investir e viver.
Quem hoje frequenta o Centro Histórico percebe essa dinâmica que se reflete não apenas na reabilitação de património (casas e espaços comerciais) mas também na dinâmica social e no bulício, que aos poucos vai tomando conta do nosso Centro Histórico, o qual brevemente também contará com o Centro de Inovação do Turismo, que é um organismo nacional que ficará localizado no coração da Covilhã.
Esse é hoje um resultado, mas é sobretudo um desafio e é por isso que, conforme já anunciei, teremos lá para junho um Fórum de debate e reflexão sobre os desafios e oportunidades para a Covilhã no horizonte de 2030.
Esse projeto está já em marcha e tem colaboração académica que a seu tempo será conhecida.
Tem já materializado um simples questionário que a todos convido a preencher e que, ao contrário do que alguns querem fazer crer, este questionário não é o foco do debate, sendo apenas mais um elemento de análise, entre muitos outros, que integrarão o referido Fórum.
Caras e Caros concidadãos,
45 anos depois do 25 de Abril de 1974, é para mim uma honra discursar como Presidente de Camara nesta Assembleia e é com a renovação do compromisso solene de procurar honrar e dignificar diariamente os valores de Abril que desempenho as minhas funções num mandato que está a operar uma revolução necessária, uma mudança significativa na forma de conduzir os destinos da autarquia, na medida em que efetivamente estamos a libertar o Município da “troika financeira” que encontrámos, terminámos com as guerras e o clima de relacionamento conflituoso com os nossos vizinhos, com quem cooperamos, e estamos a preparar e a desenvolver estruturalmente a Covilhã para os desafios do desenvolvimento e do futuro.
E é por isso que termino com a última estrofe do poema País Novo, de Frassino Machado:
Todos unidos,
filhos do povo,
vamos cantar 
pela cidade.
Construiremos 
um país novo
com pedras vivas
de Liberdade! 

Viva o 25 de Abril!!!
Viva a Covilhã!!!
Viva Portugal!!!

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