terça-feira, 11 de junho de 2019

Marcelo Rebelo de Sousa: “Somos mais do que fragilidades ou erros”, mas não devemos apagar “fracassos coletivos” como corrupções ou falências da justiça

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O Presidente da República defendeu hoje que Portugal é muito mais do que fragilidades ou erros, mas advertiu que não podem ser omitidos novos ou velhos fracassos coletivos, nem minimizadas corrupções, falências da justiça ou indignações.
Marcelo Rebelo de Sousa deixou esta mensagem no discurso que proferiu na cerimónia do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Portalegre, perante os titulares dos diferentes órgãos de soberania, entre eles o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa.
Num discurso um pouco mais longo do que tem feito nestas cerimónias, o chefe de Estado, durante cerca de 15 minutos, falou sobre múltiplos casos de sucesso de portugueses no mundo, muitos dos quais são desconhecidos por parte da generalidade dos cidadãos nacionais.
Neste contexto, no entanto, Marcelo Rebelo de Sousa deixou depois um sério aviso: "Não podemos nem devemos omitir ou apagar os nossos fracassos coletivos, os nossos erros antigos ou novos".
"Não podemos nem devemos esquecer ou minimizar insatisfações, cansaços, indignações, impaciências, corrupções, falências da justiça, exigências constantes de maior seriedade ou ética na vida publica", declarou ainda numa nova mensagem crítica.
Segundo o chefe de Estado, essa mesma ideia de insatisfação e, simultaneamente, de desejo de mudança, tinha antes sido globalmente transmitida no discurso proferido pelo presidente da edição deste ano do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, o jornalista João Miguel Tavares.
Apontadas as insuficiências, o chefe de Estado procurou a seguir transmitir palavras de esperança, pedindo a todos que admitam que os portugueses, no seu conjunto, "são muito mais do que fragilidades ou erros".
"É por sermos muito mais do que fragilidades e erros que tivemos e temos uma História de quase 900 anos, que tivemos e temos uma das comunidades mais inclusivas e coesas apesar das suas desigualdades, que temos o mérito que os outros nos reconhecem, mesmo quando nós hesitamos em nele nos reconhecermos", sustentou.
Tendo a ouvi-lo o presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, o chefe de Estado falou da "pátria irmã de muitas outras pátrias e que partilham uma comunidade de língua, de pessoas e de sonhos de futuro".
"Uma pátria que acredita na comunidade dos países de língua portuguesa e que saúdas efusivamente o presidente dessa comunidade: O homem, o intelectual, o professor, o irmão de caminhadas de décadas conjuntas, mas também o chefe de Estado de uma nação que pelo mundo tanta diáspora e fraternidade connosco partilha", disse, aqui num rasgado elogio ao Presidente cabo-verdiano.
A parte inicial da intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa foi destinada a exaltar os méritos dos portugueses que vivem em território nacional ou fora dele - uma linha que seguiu em anteriores discursos que proferiu no Dia de Portugal.
"Eu sei que um complexo muito nacional, que é um dos traços do nosso pessimismo, não aprecia, por considerar primário ou exorbitante, o que tenho repetido e que ainda no domingo à noite, no Porto, o fiz: Quando somos muito bons, somos dos melhores dos melhores", afirmou.
Segundo o Presidente da República, "é bom que se saiba que não é só um secretário-geral das Nações Unidas [António Guterres], ou um presidente do Eurogrupo [Mário Centeno], ou um diretor-geral de uma organização internacional, ou uma equipa vencedora num certame desportivo com maior notoriedade internacional".
"São todos os dias, cá dentro e lá fora, líderes sociais, científicos, académicos, culturais ou empresariais, muitos dos quais nós nem sabemos quem são até que chega a notícia de que um português ganhou um prémio de melhor investigador, ou que uma portuguesa foi considerada a melhor enfermeira num país estrangeiro, ou um artista foi celebrado em outro continente", apontou Marcelo Rebelo de Sousa.
Lusa

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