sábado, 14 de setembro de 2019

Religião | Não sabemos o dia nem a hora


  • Padre David Francisquini *
A vigilância como virtude necessária para a conquista do Reino do Céu está contida na lição do Divino Mestre sobre o chefe de família que não sabe a hora em que virá o ladrão. O fiel cristão deve, pois, estar sempre vigilante em relação aos inimigos que o cercam, pois nunca sabe quem o espreita, nem quando será atacado.
E o inimigo está com frequência nos lugares menos imagináveis. Com efeito, infelizmente, como se tornou comum vê-lo — muitas vezes com naturalidade e indiferença — nos verdadeiros absurdos que acontecem nos templos sagrados, nas celebrações litúrgicas, onde Nosso Senhor é tratado indevidamente na recepção da Eucaristia.
Além da ofensa a Ele, esse estado de espírito displicente acaba por abalar a fé e a devoção na presença real de Jesus Cristo Eucarístico. Temos ainda a brutalidade e o ódio contra o sublime Sacramento instituído por Jesus Cristo, verdadeiras profanações dos lugares santos.
— Não constituiriam um desdobramento sinistro do que neles ocorre no dia a dia? Para avaliarmos a sua gravidade, recorramos rapidamente à explicação dada por Orígenes, um dos grandes teólogos do início do cristianismo, às palavras do Evangelho.
Ele nos ensina que o pai de família representa o entendimento do homem; sua casa, a sua própria alma; e o ladrão, o demônio. Esse inimigo se utiliza de discursos lisonjeiros, eivados de falsidades, mentiras e traições para iludir os corações, perverter-lhes o entendimento, saquear suas energias e abalar suas convicções.
O ladrão vem e mina a casa, pois o pai de família dorme sem o cuidado de guardá-la. Em seguida, mata-o sem resistência, pois o surpreendeu dormindo, em vez de vigilante, que deveria ser a sua atitude habitual. O estado generalizado de indolência e torpor das almas torna o terreno propício a todo tipo de profanação.
Circulam pela internet pequenas filmagens com exemplos do que vem ocorrendo em muitas igrejas, ou seja, de pessoas que entram na fila de comunhão, recebem a hóstia na mão e não a consome… Lembro-me a propósito de uma notícia proveniente da histórica cidade de Trento, no norte da Itália, em que um comungante ao receber do celebrante a hóstia na mão, partiu-a e deu metade para seu cachorro que o acompanhava na igreja! Em outra ocasião, um gato subiu ao altar, na hora da comunhão, e passou a comer as partículas consagradas.
Notícias assim nos deixam estupefatos! Não há por trás de tudo isso uma rota do crime do sacrilégio e da profanação investindo contra o que há de mais sagrado em nossas igrejas, que é o Santíssimo Sacramento? Sacrários são destruídos ou jogados nas ruas com as hóstias; estas são também roubadas, incendiadas, lançadas ao chão ou em rios; vestes e objetos litúrgicos profanados; altares quebrados, imagens destruídas…
Quem estaria por trás dessas manifestações furiosas de ódio contra Aquele que está verdadeiramente presente na Sagrada Eucaristia sob as espécies de pão e vinho? Sem dúvida, satanás, por meio de seus sequazes, pois a fúria é verdadeiramente satânica.
O mesmo ódio que levou Jesus Cristo a ser condenado e conduzido ao alto do Calvário se repete em nossos dias com as profanações dos sacrários de nossas igrejas. O sacrilégio constitui uma cacofonia sinistra que reverbera nas profundezas infernais, pois tanto ódio só pode provir do demônio, o eterno derrotado.
Pretendo voltar ao assunto.
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(*) Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira (RJ).

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