sexta-feira, 6 de março de 2020

A mulher e o impudor

Pudor não é preconceito, criação do homem puramente artificial. É um sentimento que distingue a espécie humana e, na mulher, representa zelo pela honestidade física, respeito por si e pelo nome dos seus.
Os que defendem teoria de saber tudo, olhando de perto, provam que jamais sentiram vontade de guardar contacto com as forças superiores, de esforçar-se por eliminar tudo que se opõe ao verdadeiro desenvolvimento.
Embora sofra a influência de opiniões que divergem segundo a educação, o temperamento o sistema doutrinário, é um sentimento inato, reconhecido até pelos materialistas, se usarem de sinceridade.
É claro que saibam todos aqueles que o consideram como atitude burguesa, que as civilizações decaem quando nas sociedades impera o impudor. Em tal situação, a Roma antiga profanou a nobreza do casamento, corrompeu a raça, degenerou a família.
O pudor, tão antigo quanto a humanidade, encontra-se entre os povos mais atrasados embora com forma e graus diferentes.
Tem função além de humana, social, pois ao desaparecer desagrega a sociedade e rebaixa o povo.
Considerando na forma mais evoluída, não tem apenas características sexuais, orienta-se também no sentido da dignidade humana. Entrelaçados, tais aspectos formam a verdadeira atitude moral.
A moda e a luxúria são seus fortes inimigos.
O pudor, que existe nas comunidades onde os costumes são mais puros, entendido como problema social, reclama o policiamento das civilizações.
Em tudo na vida há sonegação: existem mulheres que, com rara habilidade, simulam pudor para valorizar-se, agradar ao homem, conquistá-lo. Isto prova que o impudor é que as inferioriza.
Na puberdade, em que o sexo se manifesta de modo decisivo, pudor é a mola instintiva do freio.
Normalmente a adolescente dá muito valor ao corpo e presta muita atenção e cuidado ao vestuário, procurando exibir as formas de um modo discreto ou escandaloso, segundo a orientação familiar.
Que triste espectáculo oferecem essas jovens gastas de tantas experiências, incapazes de temer emoções dúbias ou turvas, movidas pela impaciência de conhecer a vida… mas que vida!...
- Poderão, corajosamente, construir um lar aceitável com o alicerce já gasto?
Um passado sem sombras é tranquilidade no presente e garantia no futuro.
Ignorando os apetites sensuais, a criança não sente os escrúpulos do pudor, embora o conserve em estado latente. Por isso mesmo desde cedo, deve ser educada na defesa dignificadora da vergonha, não expondo os órgãos aos olhares estranhos, não satisfazendo as necessidades corporais em público, não proferindo palavras de baixo calão como gracejo.
A vida actual permite à jovem a prática de desporto, liberdade de cultivar amizades, escolha de trabalho fora do lar, estudos académicos, viagens, encontros, mas, todas essas vantagens conspiram para a caluniá-la, para expô-la ao ridículo, se não for educada, se não souber lutar contra os assaltos à dignidade, evitando tudo o que vá de encontro à sensibilidade.
O mundo de hoje encerra uma série de transformações, mas as mutações também têm limites sem os quais passam a ser ilusórias quando não se tornam motivos de confusão e perturbação.
A par de todas as transformações, existe também o que é substancial e perene.
A posição da mulher no mundo assume tão grande responsabilidade que talvez ela mesma desconheça.
O impudor que está grassando como epidemia, provocará desequilíbrio nas criadoras forças femininas, conduzindo o mundo à grave situação de suprimir mulheres sem conseguir criar homens.

Por Joaquim Carlos
Director

Nenhum comentário:

Postar um comentário