quarta-feira, 13 de maio de 2020

Património da Marinha Grande nomeado para as “7 Maravilhas da Cultura Popular”

Marinha Grande – Wikipédia, a enciclopédia livreO Município da Marinha Grande está nomeado para as 7 maravilhas da Cultura Popular nas cinco categorias a que se propôs, tendo passado para a 3ª fase do concurso. Nesta fase as candidaturas serão avaliada por um Painel de Especialistas, sendo eleitos os 140 finalistas que participarão nas respetivas eliminatórias regionais.

A Organização das 7 Maravilhas de Portugal® recebeu 504 candidaturas ao seu concurso de 2020, dedicado à Cultura Popular. Estas candidaturas foram avaliadas pelo Conselho Cientifico, que acabou por atribuir o selo de Nomeado a 471.

Os resultados da avaliação pelo Painel de Especialistas, da 3ª Fase do concurso, serão conhecidos a 7 de Junho. Nessa fase, o Painel de Especialistas, composto por 7 elementos de cada um dos 18 distritos e 2 regiões autónomas, elege 7 patrimónios de cada região, num total de 140 finalistas regionais, que participarão nas respetivas eliminatórias regionais.

A 7 de Junho serão igualmente divulgadas as próximas etapas do concurso, que estão neste momento condicionadas à evolução da pandemia causada por covid-19.

A Câmara Municipal da Marinha Grande candidatou cinco elementos do património cultural do concelho: o Vidro, na categoria Artesanato; as lendas de São Pedro de Moel, na categoria Lendas e Mitos; "O Barco" do Rancho Folclórico de Vieira de Leiria, na categoria Músicas e Danças; a Arte Xávega, nos Rituais e Costumes; e a Procissão da Nossa Senhora dos Navegantes; na categoria de Procissões e Romarias.

Artesanato - Artesanato em Vidro
Tradição e modernidade caraterizam hoje o artesanato em vidro na Marinha Grande. Do ponto de vista técnico, a utilização do maçarico para amolecer e modelar o vidro tem vindo a ser uma prática utilizada por artesãos há décadas na Marinha Grande, para a produção de vários objetos de cariz e expressão popular. Trata-se de uma técnica milenar, utilizada para a produção de contas de vidro, botões e peças que vão desde figuras antropomórficas e zoomórficas aos objetos de laboratório, e que progressivamente foi apropriada por operários vidreiros e incorporada em pequenas oficinas familiares, já que não implicavam avultados investimentos em tecnologia, nem significativos custos de produção, e podia ser praticada em pequenas áreas.

Cerca de duzentos e setenta anos de manufatura de vidro ininterrupta conferem à Marinha Grande o título e o reconhecimento internacional como a capital portuguesa do vidro.

Lendas e Mitos - Lendas de São Pedro de Moel
O filho do Marquês de Vila Real, D. Miguel Luís de Menezes e futuro Duque de Caminha cresceu junto ao mar, em S. Pedro de Moel. Aí também se rendeu à beleza da sua esposa, D. Juliana filha dos Condes de Faro. Reza a lenda que um dia o Duque convidou a esposa para dar um passeio. Seguiram de cavalo em direção a Norte, pelo cimo da arriba, parando sobre um pequeno promontório. O Duque tirou da cela uma manta que estendeu no chão e envoltos no silêncio só interrompido pelo som do mar, deram largas ao seu amor.

Músicas e Danças - "O Barco" do Rancho Folclórico de Vieira de Leiria
A coreografia "Pescadores da Praia - O Barco", cantada e dançada pelo Rancho Folclórico Peixeiras da Vieira resulta num quadro etnográfico, que representa a pesca artesanal, designada de arte xávega,e que desde tempos remotos se pratica na Praia da Vieira. Os habitantes da praia aventuravam-se no mar em barcos “Meia Lua” tentando daí tirar o seu provento, providenciando assim o sustento das famílias. Esta era uma vida muito dura, condicionada pelo estado do mar, tantas vezes bravio, e a coragem com que o enfrentavam valeu-lhes a designação de “lobos do mar”.A letra, música e coreografia são da autoria de Raúl Brito Quiaios (já falecido), e foram escritos na década de 40 do século passado. Com acentuado pendor dramático,tal, segundo se diz, advém do facto de se inspirar no Naufrágio do barco da companha de Manuel da Silva Sapateiro denominado "Salsinha". Com efeito em 15 de novembro de 1907, o Salsinha virou-se a poucos metros da praia, espetando-se de proa e ré na areia, com a companha constituída por 26 homens, quase toda debaixo do barco.

Rituais e Costumes - Arte Xávega
A Praia da Vieira é amplamente reconhecida pela tradição da Arte Xávega, prática determinante para a afirmação da identidade da sua comunidade piscatória e dos usos e costumes das gentes da Praia da Vieira.Tratando-se de uma preciosa herança deixada pelos seus antepassados, a comunidade da Praia de Vieira tem lutado e contribuído para que a mesma não se extinga, e personifica com orgulho este vasto património vivo.A xávega é a prática de pesca artesanal de arrasto para terra que se realiza com rede de cerco. Na Praia da Vieira, grandes embarcações de fundo chato e de proa alta em forma de meia-lua entram mar adentro, enfrentando as ondas, deixando o cabo de um dos extremos da rede preso em terra. Depois de deitada a rede ao mar, a umas centenas de metros da costa, os pescadores regressam para terra com o cabo que segura o outro extremo da rede.Com os dois cabos em terra, a rede é puxada atualmente por tratores, até à praia, onde é recolhido o peixe.Porém, o conjunto de práticas que caracterizam a arte xávega na Praia da Vieira não de esgota apenas na simples atividade piscatória, mas num conjunto de práticas intrinsecamente associadas, que foram incorporadas pela comunidade, e fazem hoje parte do universo da tradição da Arte Xávega da Praia da Vieira.

Procissões e Romarias - Procissão da Nossa Senhora dos Navegantes
Na terceira semana de agosto, realiza-se na Praia da Vieira, freguesia de Vieira de Leiria, a tradicional festa religiosa em honra de São Pedro e da Senhora dos Navegantes.O acontecimento inclui a típica procissão do mar, momento único e muito especial para a gente local e para os muitos veraneantes e turistas que se deslocam a esta praia do concelho da Marinha Grande. A festa da fé que homenageia a gente do mar, muito especialmente os seus pescadores, traduz um simbolismo muito especial para a população local, que não esquece os trágicos acidentes em que pereceram filhos da terra que infelizmente foram apanhados pela força das águas do mar.

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