sexta-feira, 12 de junho de 2020

Lisboa e Vale do Tejo com mais de 90% dos novos casos. DGS aprova esplanadas com “umas belas sardinhas” nos Santos Populares, mas com regras

Lisboa e Vale do Tejo com mais de 90% dos novos casos. DGS aprova ...
Portugal regista hoje 1.504 mortes relacionadas com a covid-19, mais sete do que na quarta-feira, e 35.910 infetados, mais 310, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde. Graça Freitas explicou em conferência de imprensa que as esplanadas, pelos Santos Populares, podem ter grelhadores, música e sardinhas, "desde que se cumpram as regras do distanciamento".
Segundo o boletim, Portugal regista hoje 1.504 óbitos e 35.910 casos confirmados. Verificam-se também 22.002 recuperações.
Em comparação com os dados de quarta-feira, em que se registavam 1.497 mortes, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 0,46%. Já os casos e infeção subiram cerca de 0,9%.
Na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde se tem registado maior número de surtos (14.161), há mais 283 casos de infeção do que na quarta-feira (cerca de 2%).

Afinal não há surto em Arroios

O Ministério da Saúde admitiu hoje que houve "um lapso” e que a freguesia de Arroios não faz parte dos 13 focos de covid-19 registados na zona da grande Lisboa.
“Nós temos alguns surtos em alguns pontos que têm uma correspondência com um código postal e no caso de Arroios houve um lapso que já foi identificado e que naturalmente pedimos desculpa pelo facto”, afirmou hoje a secretária de Estado Adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, durante a conferência.
Na quarta-feira a ministra da Saúde, Marta Temido, falou em 13 surtos preocupantes em Lisboa, Loures, Odivelas, Amadora e Sintra, referindo-se aos casos registados nas freguesias de Arroios, Santo António, Encosta do Sol, Queluz e Belas, Águas Livres, Agualva, Mira-Sintra, Mina d'Água e Rio de Mouro.
O aumento de casos registado nos últimos dias na região de Lisboa e Vale do Tejo levou o Governo a criar um Gabinete Regional de Intervenção para a Supressão da Covid-19 em Lisboa e Vale do Tejo.
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, referiu que a dinâmica das epidemias está relacionada com a dinâmica das populações, explicando que a intensidade dos rastreios tem sempre em conta o contexto e a realidade que se vive no momento.
“A política de testagem deve ser orientada” tendo em conta os diferentes “momentos, contextos e situações de risco”, explicou Graça Freitas, quando questionada se estaria a haver uma testagem agressiva na zona de Lisboa em contraponto com outras regiões do país.
Sobre o anúncio da incidência de casos entre os profissionais da construção civil (10%), Graça Freitas disse que foram testados outros grupos, mas este foi o que se destacou.
Os restantes grupos deram uma percentagem de testes muito baixa, como foi o caso do registo de positivos em lares ou em agregados familiares, explicou Graça Freitas.

Arraiais em moldes diferentes

A diretora-geral da Saúde defendeu hoje que os arraiais dos Santos Populares se podem realizar mas em moldes diferentes dos outros anos, porque terão de cumprir as regras estabelecidas para minimizar a disseminação do novo coronavírus.
Durante a conferência de imprensa, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou que “nada impede que haja uma boa esplanada e que essa esplanada tenha música e que essa música seja acompanhada de um grelhador e de uma belas sardinhas”.
No entanto, sublinhou Graça Freitas, é preciso cumprir as regras de distanciamento: “É uma nova normalidade. As coisas podem fazer-se, mas com regras”.
A diretora-geral da Saúde referiu que, neste momento, já estão a funcionar “esplanadas ótimas, com muitas pessoas”, que cumprem as regras e por isso “o risco é mínimo”, mas também existem espaços onde “os riscos são demasiados”.
Na quarta-feira, a ministra da Presidência afirmou que as autoridades iriam garantir que não se iriam fazer arraiais e festas populares, mesmo que fossem promovidas informalmente por estabelecimentos com licença para funcionar.
Presente na conferência de imprensa da DGS de quarta-feira, Mariana Vieira da Silva salientou que "desconfinamento não significa normalidade" e lembrou que "festas populares e arraiais estão expressamente proibidos".
A justificação para esta proibição prende-se com "as regras de distanciamento social", que impedem a realização de festas, mesmo privadas, que "têm sido pontos problemáticos nas últimas semanas", disse a ministra.
Questionada hoje se os arraiais estão ou não proibidos, Graça Freitas respondeu: “Um café pode ter uma esplanada, uma esplanada pode ter um grelhador, o grelhador pode ter sardinhas, isso não impede as pessoas todas que observem as regras, que será um arraial diferente do arraial do ano passado”.

Intervenção especial "plenamente justificada"

A secretária de Estado Adjunta e Saúde, Jamila Madeira, considerou hoje que se encontra “plenamente justificada” a intervenção especial na região de Lisboa e Vale do Tejo, que regista 90% do número de doentes covid-19 em Portugal.
“Os números confirmam a tendência das últimas semanas em que cerca de 90% dos doentes pertencem à região de Lisboa e Vale do Tejo e estão localizados predominantemente em cinco concelhos de área metropolitana de Lisboa. Isto significa, como temos dito, que se encontra plenamente justificada a intervenção especial adotada relativamente a esta região e nomeadamente a estes concelhos que progressivamente temos vindo a explicar nestas conferências de imprensa diárias”, declarou a secretária de Estado Adjunta e da Saúde.
Jamila Madeira deixou uma nota apreço e de valorização do esforço e empenho que as autoridades locais estão a colocar na concretização do plano em curso, no acompanhamento e monitorização das situações junto das comunidades e na mobilização dos recursos.
“Nunca é demais frisar e enaltecer o papel das autoridades de saúde pública, bem como o papel decisivo dos autarcas e do poder local, seja das câmaras municipais ou das juntas da freguesia também nesta dimensão (…), o que nos permite nesta como em qualquer circunstância garantir a intervenção de proximidade da implementação das medidas e da sua plena efetividade”, declarou.
Segundo a secretária de Estado Adjunta e da Saúde, os resultados que Portugal tem estado a alcançar nos últimos meses na resposta à pandemia deve-se também às autoridades locais.
“Estamos confiantes que também nas situações particulares que ainda são assinaladas na área metropolitana de Lisboa seremos capazes, com articulação que já temos no terreno e que todos os dias vimos a reforçar”.
Para os portugueses que estão a viajar nos dias feriados, Jamila Madeira apelou ao sentido cívico da população para que se mantenha o cumprimento das regras de distanciamento, proteção individual e higienização.
“A todos os que usufruem destes feriados para viajar e gozar alguns dias de merecido descanso com a família podemos dizer, aproveitem. Mas dizemos também que cabe a cada um de nós continuar a assumir nas nossas vidas esse mesmo sentido de responsabilidade cívica, que tivemos em momentos anteriores, e continuarmos agora em todos os momentos e contexto mantê-lo com disciplina e do cumprimento das regras de distanciamento, proteção individual e higienização. Solidariedade no trabalho por respostas sociais em rede, e assertividade nas ações de detenção e contenção”, afirmou.
Jamila Madeira reforçou que só mantendo essa disciplina é que será possível dar ao país a “confiança a tranquilidade possível” que para enfrentar a “exigente retoma económica que temos pela frente”.
“Quero reforçar uma vez mais o apelo que temos feito a todas as pessoas que respeitem as indicações das autoridades de saúde pública seja no respeito pelas medidas de prevenção e proteção, seja no respeito estrito pelas regras de isolamento. O sucesso da resposta do nosso país a esta crise passa também por este compromisso que todos devemos ter uns para com os outros. Provámos desde a primeira hora que fomos capazes de o fazer dentro e fora do estado de emergência e os dados do país estão aí para o comprovar”, disse ainda.
A região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) continua a concentrar mais de 90% dos casos diários de infeção de covid-19, registando 283 das 310 novas infeções reportadas, segundo a Direção-Geral da Saúde.
De acordo com o boletim da situação epidemiológica em Portugal, dos casos reportados nas últimas 24 horas, 91,2% registaram-se em LVT, região que na terça e na quarta-feira já tinha concentrado 92% das infeções, 78% das infeções na segunda-feira, 75% das infeções no domingo e 90% no sábado.
Dos 310 novos casos registados, LVT concentra 283, a região Norte 19, o Centro quatro, o Alentejo três e a Região Autónoma dos Açores voltou a registar um novo caso.
Em comparação com os dados de quarta-feira, LVT tem agora um total de 14.161 novos casos, a região Norte tem mais 19 casos, 6,1% dos novos infetados, para um total de 17.007, e o Centro tem quatro novos casos, representando 1,3% dos novos infetados, para um total de 3.841.
Lisboa continua a ser o concelho com mais casos, num total de 2.789, mais 38 do que na quarta-feira.
Também na Área Metropolitana de Lisboa (AML), Sintra, que é o segundo concelho com mais casos e contabiliza agora um total de 1.802, voltou a ultrapassar Lisboa na contagem diária de novas infeções, tendo sido reportadas mais 48.
Ainda na AML, Loures tem 1.352 casos (+21), a Amadora está com 1.152 (+21), Odivelas com 745 (+10), Cascais com 681 (+15), Oeiras com 530 (+9), Vila Franca de Xira permanece com 525 (não foram reportados novos casos desde quarta-feira), Almada com 488 (+7) e o Seixal com 480 (+7).
Madremedia

Nenhum comentário:

Postar um comentário