domingo, 10 de julho de 2016

CIENTISTAS DESCOBREM PEIXE HERMAFRODITA QUE MUDA DE SEXO 20 VEZES POR DIA


 
NatGeo
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Uma nova pesquisa descobriu que o pequeno peixe hermafrodita de recife Serranus tortugarum, com não mais do que 7,6 centímetros de comprimento, pode trocar de papéis sexuais com o parceiro até 20 vezes por dia.
O peixe usa uma estratégia reprodutiva conhecida como “negociação de ovo”, na qual subdivide a sua quantidade diária de ovos em “pacotes” e alterna os papéis sexuais com o seu parceiro, acasalando ao longo de uma sequência de desovas.
De acordo com Mary Hart, ecologista evolutiva da Universidade da Flórida, nos EUA, e autora principal do estudo, os indivíduos raramente produzem mais de dois “pacotes” de ovos consecutivamente antes de mudar de papel para garantir a reciprocidade de seu parceiro.
Esta atenção à reciprocidade ajuda a manter a cooperação entre os parceiros e reduz a poligamia.

Hermafroditismo

O hermafroditismo é a presença de ambos os órgãos reprodutores – masculinos e femininos – no mesmo indivíduo. A maioria dos hermafroditas troca de sexo em algum estágio de seu desenvolvimento, uma estratégia conhecida como dicogamia.
A transformação é normalmente provocada por um gatilho social ou de comportamento, como a perda de um macho dominante num grupo de indivíduos.
Este peixe, no entanto, é capaz de produzir gâmetas masculinos e femininos (espermatozoides ou óvulos) simultaneamente. Embora o hermafroditismo simultâneo não seja exclusivo desta espécie, é raro, especialmente quando os peixes não se autofertilizam.
A frequência com que trocam de papéis sexuais é particularmente incomum. Hart afirma que o motivo para isso ainda é um mistério.

Fiéis

Hart passou seis meses a estudar o animal no Instituto de Pesquisa Tropical Smithsonian, no Panamá, observando-o através de mergulhos diários nos recifes de coral.
Durante o curso da investigação, a cientista surpreendeu-se ao saber que o peixe exibia uma devoção admirável pelos seus parceiros.
“Todos os peixes que marquei no primeiro mês ficaram juntos durante todos os seis meses até que um ou ambos desapareceram do grupo social”, disse Hart.
Apesar de não ser totalmente monogâmico – o acasalamento é muitas vezes interrompido por outros machos – os peixes voltavam aos seus parceiros habituais dia após dia.

Vantagem reprodutiva

Os investigadores colocam a hipótese de que, desde que os benefícios superem os custos, esta forma de reciprocidade pode oferecer uma vantagem reprodutiva para o peixe.
A mudança de sexo oferece a cada peixe um retorno do seu investimento em ovos, permitindo-lhes fertilizar os ovos dos seus parceiros.
Agir tanto como macho quanto como fêmea melhora as suas probabilidades de passar os seus genes para a próxima geração.

Este estudo é um dos primeiros a quantificar os hábitos de acasalamento do Serranus tortugarum e outros hermafroditas simultâneos, e também fornece evidências para corroborar algumas teorias de longa data sobre a cooperação sexual entre os peixes.

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