quinta-feira, 22 de julho de 2021

O SACRIFÍCIO INDISPENSÁVEL

 

  • Plinio Corrêa de Oliveira

Não é dado a qualquer pessoa exercer o duro ofício de pescador de pérolas. As compleições fortes são capazes de resistir à pressão da água e às agressões dos polvos, para descer até o fundo do mar e colher a pérola alvíssima que procuram. Mas os organismos débeis se sentem asfixiados quando se aprofundam um pouco nas águas verdes do oceano, e são forçados a retroceder com as mãos vazias, para respirar a brisa amena e retornar a pressões fracas, longe das quais são incapazes de viver.

Do mesmo modo, certas almas são capazes de se aprofundar nas mais sérias cogitações, onde vão buscar a pérola inestimável da verdade. Outras, porém, se sentem asfixiadas quando as ideias se tornam um pouco mais densas, e retrocedem imediatamente, de mãos vazias, à banalidade estéril, único ambiente que conseguem suportar.

O sacrifício que se requer [de nossa geração] não é o do sangue; a morte não é o perigo supremo que se impõe ao moço de hoje enfrentar, mas a própria vida. Não é mais o tempo de os crentes atestarem a sua fé pelo testemunho sangrento do martírio. O que a Igreja pede aos seus fiéis é o testemunho de uma vida exemplar, o sacrifício generoso de toda a nossa personalidade à grande causa pela qual é mister lutar.

Esse sacrifício é o dos bens temporais; é o sacrifício do tempo que se emprega no apostolado, quando poderia ser utilizado na caça ao dinheiro; é o sacrifício das atitudes que se tomam para salvar as almas, com prejuízo da reputação social, das mais caras relações de família ou de amizade, das mais preciosas simpatias.

Sobretudo esse sacrifício é o da alma, que se purifica pela prática da virtude, que se imola no sofrimento interior, que sobe espontaneamente ao altar das mais dolorosas provas espirituais, com aquela resolução magnânima com que os primeiros cristãos caminhavam para o martírio. O mundo atual foi perdido pelo pecado, e só pela virtude se há de resgatá-lo. Aos olhos de Deus, nada vale a mais útil das obras de apostolado, quando na alma o apóstolo leva aquele mesmo espírito do mundo que procura combater por suas ações.

ABIM

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(Excertos do artigo de Plinio Corrêa de Oliveira no “O Legionário”, nº 173, 9-6-1935)

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