A DÁDIVA DO SANGUE DEVE SER PAGA?
Dar sangue é dar vida. Na actual conjuntura, devido à redução de stock, é
fundamental repensar o modelo das dádivas de sangue. Seria uma solução possível
o eventual pagamento das mesmas aos dadores? E será isto moralmente aceitável?
A própria palavra dádiva implica uma oferta, um donativo, um
não-pagamento. E, no entanto, há que dar contrapartidas para atrair mais
dadores frequentes de modo a impedir a redução crónica do stock de sangue nos
hospitais.
Antes de mais
considere-se o ponto de vista de potenciais dadores que não o são por falta de
recursos económicos - pois até para dar sangue é preciso gastar dinheiro. Em
quê? Em transportes públicos, por exemplo, para se deslocarem às unidades de
recolha; ou mesmo em alimentação, privilegiando as carnes vermelhas de maneira
a derrogar eventuais anemias. Assim, será realmente imoral pedir um pagamento
por uma dádiva tendo em conta os gastos dos potenciais dadores?
Se em termos de
saúde pública há quem considere pagar uma dádiva deste género imoral e
inaceitável, em relação à economia já não se considera impensável oferecer
contrapartidas financeiras e fiscais a empresas que se instalem no nosso país.
Vendo a questão por outra perspectiva, não será antes mais obsceno que se
percam vidas por falta de sangue nos hospitais? E não se deviam fazer todos os
esforços para suprir tais necessidades médicas?
A continuar esta
situação, este défice crónico, o mais provável é que o Estado Português adquira
- e pague - o sangue no exterior. Portanto, de uma maneira ou de outra,
Portugal terá sempre de despender dinheiro.
As antigas
contrapartidas para dadores regulares eram a isenção total das taxas
moderadoras. A isenção que restou é pálida para aquilo que havia (somente nos
centros de saúde). Com o término de tal houve uma diminuição substancial de
dadores benévolos de sangue. Ora uma maneira de voltar a chamá-los seria repor
essas isenções e recompensas porque, de contrário, há o risco de perda de
vidas.
Seja como for,
de uma maneira ou de outra, o Estado acabará sempre por desembolsar dinheiro e
esta seria uma forma de diminuir custos e resolver o problema.
Resumindo:
regresse-se às anteriores condições as quais, muito provavelmente, acabarão por
ser mais em conta e mais favoráveis que as outras alternativas.
Publicada por Dunyazade
NB: está lançado o convite para que os leitores nos
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