sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Naomi Klein: “Trump não é um intruso. É um made in America”


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Ipsilon
 
 
  Vasco Câmara  
O mundo assiste ao espectáculo Trump como quem vê um reality show. Esse mundo ajudou a elegê-lo. Nem a esquerda, nem o Partido Democrata, nem um certo jornalismo que se tornou refém e parte activa da realidade como espectáculo saem ilesos das críticas de Naomi Klein - aqui à conversa com Isabel Lucas. Em cima da mesa o livro Dizer Não Não Basta.
Jornalista, activista social com maior incidência na área do ambiente, feminista, autora de documentários, repórter premiada com textos no New York TimesGuardianLe Monde ou The Nation, começou por escrever sobre o poder das marcas para denunciar o efeito do consumismo nas sociedades. Em Dizer Não Não Basta (Relógio d’Água, 2017) trata Trump como supermarca e produto de uma sociedade, a americana.
“A tese deste livro, em poucas palavras, é que Trump, por radical que seja, é menos uma aberração do que uma conclusão lógica — um pastiche de praticamente todas as piores tendências dos últimos cinquenta anos”, lê-se. Encontro marcado, não acham?.
Também estivemos com o brasileiro Otto, a propósito do disco com o qual responde ao golpe. As suas tomadas de posição a favor de Dilma Rousseff, condenando os orquestradores da sua destituição presidencial, trouxeram-lhe de volta a violência verbal e as acusações gratuitas em que as redes sociais são férteis. A sua resposta: “O mundo precisa de mais humanização e a música é boa para isso", diz a Gonçalo Frota. O disco chama-se Ottomatopeia, é seu álbum mais popular e — não falta quem lhe aponte o dedo — brega.
Mais conversas para as quais estamos convidados: a de Mathieu Amalric com Jorge Mourinha, sobre Barbara, o biopic (que não o é) de um nome mítico da chanson (oiçam-na). A estrutura é a rodagem de um filme sobre Barbara, interpretado por uma vedeta internacional (Jeanne Balibar) e dirigido por um cineasta obcecado pela cantora (o próprio realizador).
Ainda, a conversa de Casper Clausen, dos nórdicos Liima, com Mário Lopes. Casper passa hoje os dias numa pequena divisão feita sala de ensaio, feita laboratório sonoro, no primeiro andar de um edifício da hoje extinta Sociedade Portuguesa de Pescas, no Complexo industrial do Olho de Boi, em Cacilhas. A sua banda está a fazer uma residência em Portugal. Residências artísticas? Quem programa deseja sentir-me mais próximo da criação, quem produz almeja outras possibilidades de criação. De Grouper a Thurston Moore, dos Ermo aos Quest, um inventário das residências artísticas, e suas consequências...., com músicos em Portugal (por Vítor Belanciano).
Alexandra Prado Coelho foi ter com João Wengorovius. Ele que ao longo de mais de três anos se sentou à mesa dos melhores restaurantes do mundo, em frente a alguns dos melhores chefs do mundo, fazendo-se acompanhar por uma espinha de peixe. Isso mesmo, uma espinha de peixe. O resultado é um livro, We, Chefs — beyond cooking (ed. Documenta/Sistema Solar, em inglês, à venda apenas na Amazon, em algumas livrarias e no site www.wechefsbook.com, 90€), com textos e fotografias da sua autoria, e que é o resultado dessa aventura que o levou à volta do mundo, de Xangai a Lima, Nova Iorque a Copenhaga, São Paulo a Paris, para descobrir o que podemos aprender com os chefs, para além da cozinha. O sentido da vida, por exemplo. Com uma espinha de peixe...

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