segunda-feira, 3 de setembro de 2018

“Não seria realista pensar que antes do final do ano podemos chegar a um dígito nas taxas de referencia” Governador do Banco de Moçambique

Foto cedida pelo Banco de MoçambiqueAs últimas decisões da instituição dirigida por Rogério Zandamela, que há vários meses anunciou o fim da crise em Moçambique, indicam que a recuperação da economia para a bonança dos anos 2011 - 2015 ainda vai demorar, ou talvez nunca mais voltará a acontecer. “Não seria realista pensar que antes do final do ano podemos chegar a um dígito nas taxas de referencia” respondeu o Governador do Banco de Moçambique ao @Verdade acrescentando que: “Não digo que é impossível, tudo é possível, podemos ter milagres”.
Reunido na passada quinta-feira (30) o quarto Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique em 2018 decidiu, sem surpresas, reduzir a taxa de juro de política monetária, denominada de taxa MIMO, em 75 pontos base, para 15 por cento, dando sequência ao relaxamento da política monetária iniciado em finais de 2017.
De acordo com o Governador do banco central: “A redução da taxa MIMO é fundamentada pelo facto de a avaliação das perspectivas de curto e médio prazos continuar a indicar a manutenção da inflação em um dígito, num contexto em que não há indícios de que o actual nível da procura agregada poderá criar pressões significativas sobre os preços”.
“Adicionalmente, em face da volatilidade que se observa no mercado cambial, o CPMO deliberou aumentar o coeficiente de Reservas Obrigatórias para os passivos em moeda estrangeira em 500 pontos base, para 27 por cento, tendo mantido as taxas da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 18 por cento, e da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) em 12 por cento assim como o coeficiente de Reservas Obrigatórias para os passivos em moeda nacional em 14 por cento”, afirmou Rogério Zandamela em conferência de imprensa.
Estas taxas de referencia do BM é que determinam o custo do dinheiro nos bancos comerciais , portanto enquanto as taxas MIMO, FPC e FPD estiveram nos dois dígitos irão manter os produtos de crédito nesse patamar asfixiando as famílias e o sector empresarial produtivo moçambicano.
“Nós somos conservadores, não trabalhamos em sonhos”
Foto cedida pelo Banco de Moçambique
Questionado pelo @Verdade, tendo em conta que politicamente a crise acabou, se os moçambicanos podem ter esperança de ver as taxas de referência do banco central descerem para um dígito, como estiveram durante os anos 2011 a 2015 quando a economia registou o seu momento mais pujante, Zandamela começou por dizer: “Eu não posso me pronunciar de como é que vamos tomar essas decisões, mas dada a conjuntura actual que nós vivemos simplesmente poderia dizer que não é tão provável”.

“Estamos numa conjuntura de ainda volatilidade, tem muito a ver com factores domésticos mas também internacionais. As taxas de juro do país não são só determinadas aqui, são também determinadas por aquilo que acontece fora. Sendo uma economia relativamente pequena somos também tomadores de uma componentes de juros e não seria realista pensar que antes do final do ano podemos chegar a um dígito nas taxas de referencia. Não digo que é impossível, tudo é possível, podemos ter milagres e surpresa ou um boom que não esperamos e se assim for vamos todos celebrar”, explicou o Governador do banco central.
Rogério Zandamela concluiu afirmando que: “Nós somos conservadores, não trabalhamos em sonhos, vivemos nesta base de cautela que é parte do nosso trabalho. Não é muito provável que isso possa acontecer antes do final do ano, mas não é impossível”.
Analistas do sector financeiro ouvidos pelo @Verdade disseram que a descida das taxas de referências era mais do que esperada, aliás o corpo técnido do Fundo Monetário Internacional que recentemente visitou o nosso país assinalou que há espaço para o Banco de Moçambique continuar a relaxar a política monetária, e consideram animador o facto do banco central não tentar responder as expectativas criadas pelos políticos e manter-se focado nos objectivos de estabilização macroeconómica.
O que o Banco de Moçambique continua a dizer é que temos de continuar a viver de acordo com as nossas possibilidades, não com o nosso desejo resumiu ao @Verdade um experiente economista do sector financeiro.

Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique


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