segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Quase metade das imobiliárias prevê redução da atividade em 2021


Quase metade dos associados da Associação dos Mediadores do Imobiliário de Portugal (ASMIP) prevê uma redução da atividade este ano, enquanto 30% acredita na manutenção e 24% admite um crescimento do negócio, segundo um inquérito hoje divulgado.

"A ASMIP conclui que existe uma preocupação enorme por parte das empresas quanto ao futuro dos negócios, sobretudo no acentuar da tendência de quebra de vendas já verificada em 2020, considerando que é urgente a necessidade de implementar um conjunto de medidas que protejam o setor", refere o presidente da associação, citado num comunicado.

Segundo salienta Francisco Bacelar, "com a quebra de vitalidade deste setor toda a economia perde e as consequências serão transversais para muitas outras áreas suas fornecedoras e, por inerência, de si dependentes".

As conclusões do inquérito efetuado durante o mês de janeiro junto das 850 empresas associadas ativas da ASMIP apontam que "46% prevê uma redução da atividade durante este ano, enquanto 30% acredita na manutenção e apenas 24% acha que poderá registar-se um crescimento dos negócios, embora neste último grupo parte significativa (17%) espere apenas uma retoma ligeira".

O estudo evidencia ainda que, em termos de expetativas sobre a concretização do negócio imobiliário durante este ano, "a maioria dos inquiridos acredita que a quebra pode situar-se entre os 5% a 10%".

Já para o grupo dos inquiridos que espera alguma retoma, a maioria considera que pode atingir os 10%.

Por segmentos, a associação diz que "a realização de negócios é esperada sobretudo na componente residencial e nos terrenos", sendo que "para todas as demais categorias é considerado que haverá uma quebra nas vendas".

O destaque vai para os 77% dos inquiridos que acreditam na diminuição das vendas de habitação turística, contra 20% na manutenção, sendo que apenas 3% acha que haverá algum aumento do negócio.

"Há também uma perceção generalizada de que os negócios de venda de espaços comerciais, industriais e escritórios serão bastante afetados pela crise, considerando ainda que nestes segmentos a mesma situação vai acontecer com os arrendamentos", nota a ASMIP.

Comparando 2020 com 2019, do inquérito resulta que 54% das empresas viram reduzida a atividade, 23% registaram uma estabilização e outros tantos reportam um aumento do negócio face ao ano anterior.

Entre os que afirmam ter diminuído a atividade, a maioria refere que a quebra foi entre 0% e 25%.

Quanto ao tipo de frações que mais se venderam em 2020, 48% dos inquiridos afirma terem sido os apartamentos T2, logo seguido das moradias, com 42%, seguindo-se os T3 e os terrenos.

"Surpreendente, ou talvez não, devido ao fator pandemia e aos seus efeitos, foram as alterações em termos de procura de tipologias, que tradicionalmente se centrava nos apartamentos, passou a ser relegada para segundo plano, com a preferência pelas moradias", nota a ASMIP.

Para a associação, "estes dados são surpreendentes, sobretudo porque tradicionalmente os apartamentos eram as tipologias mais procuradas".

Neste contexto, continua, "a partir de agora quer as moradias, quer os terrenos, ganham um novo ímpeto devido ao crescente interesse na aquisição de espaços abertos e mais arejados, que até aqui não tinha tanta importância".

"Este é um fator a ter em conta nos novos projetos em desenvolvimento não só nas cidades, como nas suas periferias e também na província, para responder às solicitações crescentes que têm vindo a ser sentidas", considera o presidente da ASMIP, atribuindo em parte esta tendência ao aumento do teletrabalho.

No que se refere aos preços da habitação em 2020, 40% dos inquiridos destaca a manutenção dos preços, enquanto 30% considera que houve um aumento e os restantes apontam para uma quebra.

Já quanto à oferta de habitação nesse período, a maioria dos inquiridos (44%) disse ter-se assistido a uma manutenção, seguindo-se os 40% que refere uma diminuição. Apenas 16% afirma que aumentou.

Relativamente à procura, 42% dos inquiridos garante que diminuiu e 32% que se manteve.

Lusa

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