sexta-feira, 8 de abril de 2016

360º - "Bofetadasgate": Agarrem-me senão eu peço desculpas!

360º

Por Miguel Pinheiro, Diretor Executivo
Bom dia!
Enquanto dormiaJoão Soares foi encolhendo ao longo do dia. De manhã cedo, ameaçou dar duas "salutares bofetadas" a Augusto M. Seabra e a Vasco Pulido Valente, que tinham escrito crónicas críticas sobre o ministro da Cultura; a meio da tarde, ainda se sentia bem humorado e ironizou com um SMS a dizer "Peço desculpa se os assustei"; e no final da noite acabou simplesmente por pedir desculpa (já sem ironia) e assegurar, com a humildade possível, que não tinha tido a "intenção" de ofender. No meio de tudo isto, ainda teve de ouvir António Costa a tratá-lo como se fosse uma criança de cinco anos. À entrada para uma peça de teatro (sem estar acompanhado, ao contrário do que fora anunciado, por João Soares), o primeiro-ministro disse a frase fatal para a autoridade de qualquer ministro: "Já recordei aos membros do Governo que, enquanto membros do Governo, nem à mesa do café podem deixar de se lembrar que são membros do Governo". Foi apenas a última polémica de um ministro da Cultura com muitas, muitas polémicas.

Ao final da noite, o Presidente da República aceitou o pedido de exoneração do Chefe do Estado-Maior do Exército, Carlos Jerónimo. Na origem desta saída está uma reportagem do Observador publicada há dias onde o subdiretor do Colégio Militar admitia que os alunos que tornam conhecida a sua homossexualidade são "excluídos". O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, tinha pedido publicamente explicações sobre o tema e a resposta acabou por ser a demissão. Leia aqui a reportagem da Catarina Marques Rodrigues que levou a que tudo isto acontecesse.

O PCP acaba de pedir no Parlamento que o Ministério Público investigue a contratação da ex-ministra Maria Luís Albuquerque pela financeira Arrow Global. Segundo os comunistas, não há informação suficiente sobre o caso para serem os deputados a decidir se existe ou não incompatibilidade.

Pinto da Costa deu uma entrevista ontem à noite ao Porto Canal e deixou uma frase forte: "Batemos no fundo". O presidente do FC Porto, que se recandidata a um novo mandato no dia 17, garantiu que José Peseiro se mantém como treinador.

O Braga perdeu por 2-1 com o Shakhtar Donetsk. Agora, só é preciso ir à Ucrânia marcar dois golos e não sofrer nenhum. Simples.

Informação relevanteMário Centeno foi ouvido durante quase seis horas na comissão parlamentar de inquérito ao Banif. O ministro das Finanças culpou o anterior governo e o Banco de Portugal por terem "injetado dinheiro num banco inviável" e deu detalhes sobre a última proposta de compra da Apollo. Para saber ao pormenor como tudo se passou, veja o liveblog que o Observador manteve durante a tarde e a noite.

Mario Draghi leu um discurso na reunião de ontem do Conselho de Estado onde dizia que "não se justifica anular reformas anteriores", o que não deve ter deixado particularmente satisfeito um primeiro-ministro que tem acumulado "reversões". Além disso, o presidente do BCE falou do misterioso plano B para o Orçamento, que ora existe, ora não existe: registou "com agrado o compromisso das autoridades portuguesas em preparar medidas adicionais destinadas a implementar quando necessário", em caso de dificuldade.
Depois de Draghi deixar o Palácio de Belém, a reunião prosseguiu durante várias horas, mas o comunicado final não foi especialmente esclarecedor. Segundo parece, o que saiu do encontro foi a vontade de "promover a competitividade do país, o crescimento económico, a redução do desemprego e o aumento do rendimento das famílias" - não se pode dizer que sejam ideias que façam parar o trânsito pela sua originalidade.
Além da alta política, sobrou uma curiosidade da reunião: aquelagravata de Francisco Louçã. Não há memória de ver o fundador do Bloco de Esquerda assim, por isso o bom jornalismo obriga a tentar perceber os sinais: o que quer dizer aquela escolha? E aquele padrão? E aquela cor? E aquela camisa? Calma, não sofra com as dúvidas: as respostas a todas as suas ansiedades estãoaqui.

O convite a Mario Draghi (e a Carlos Costa) para assistir a uma parte da reunião do Conselho de Estado provocou críticas no PS. Num artigo no jornal Ação Socialista, Ascenso Simões, deputado e membro da Comissão Política Nacional do PS, achou esta iniciativa "estranha".

Ainda no PS, Manuel Alegre dá uma entrevista esta manhã ao Negócios e deixa um aviso sério ao BE e ao PCP: "Quem puser em causa esta solução [de Governo] vai pagar um preço muito alto".

Pedro Santana Lopes deu uma entrevista à SIC Notícias ontem à noite e, mais uma vez, não afastou a hipótese de se candidatar à Câmara de Lisboa. Depois do "Keep cool" no congresso do PSD, surgiu agora uma nova frase de efeito: não é possível dizer nunca porque "a vida é o que é". Pois é.

O CDS fez a primeira reunião da nova direção ontem à noite e anunciou a proposta de que o governo inclua a segurança social no debate sobre o Plano Nacional de Reformas. Além disso, os centristas pressionaram o governo a apresentar rapidamente o seu Programa de Estabilidade.

David Cameron admitiu ontem aquilo que andava a evitar há vários dias: sim, lucrou com o fundo de investimentos offshore do pai, que apareceu ligado aos Panama Papers. Cameron vendeu a sua parte no fundo quatro meses antes de ser eleito primeiro-ministro.

Lula foi ouvido ontem à noite durante duas horas na Procuradoria-Geral da República, em Brasília. O ex-Presidente, suspeito de corrupção, esteve a prestar depoimento sobre a operação Lava Jato.
Entretanto, o Ministério Público defendeu a anulação da nomeação de Lula como ministro, por "desvio de finalidade".

Ainda uma nota, para vários artigos de opinião que vale a pena ler no ObservadorJosé Manuel Fernandes escreve sobre a retórica política do Governo em "O passado, o futuro ou bater no muro da realidade"; Maria João Avillez escreve sobre a liderança de Pedro Passos Coelho em "O futuro meteu a marcha atrás"; e Paulo Ferreira escreve sobre o "espírito SCUT" em "Gratuito? Não acredite, alguém vai pagar a factura".

Os nossos EspeciaisAndrew Hosken é jornalista da BBC e acaba de lançar em Portugal o livro "Império do Medo", sobre o Estado Islâmico. Em entrevista ao João de Almeida Dias, explica que a ascensão do Daesh ficou a dever-se aos erros e à "ignorância" dos americanos e dos ingleses. E avisa: "A ideia de que o Estado Islâmico está prestes a acabar não faz sentido. O Ocidente ainda tem muito que lutar e muito para aprender sobre o Estado Islâmico".

Rui Miguel Tovar, que sabe do que fala, assinalou os 14 dias da morte de Cruijff e recordou os 14 heróis que o holandês venerou na sua autobiografia. A lista vai de Maradona a Futre.

Notícias surpreendentesOs 14 desenhos foram colocados no Instagram por Snezhana Soosh e mostram como em várias situações se vê o amor entre um pai e uma filha. Aceite este conselho: vá ver.

Estreia a 24 de junho "Variações, de António", um monólogo que parte do encontro real entre António Variações e Amália Rodrigues. A Rita Cipriano conta de onde surgiu a ideia para esta peça de teatro.

Até esta estreia, ainda há muita coisa para ver. Nas nossas sugestões para o fim de semana, a Sara Otto Coelhorecomenda concertos, moda infantil e a abertura de um palácio do século XVIII onde se pode comer muito bem.

Uma equipa de arquitetos transformou por completo a casa de uma emprega doméstica brasileira. O apartamento, que estava em mau estado, ficou irreconhecível. Tão irreconhecível, aliás, que ganhou um prémio de arquitetura. Confira aqui o resultado.

No Porto, abriu um três-em-um: a Casa Branca é restaurante de almoço, casa de chá e centro cultural. Além de exposições, o espaço vai ter uma área para espetáculos ao ar livre. Veja se lhe abre o apetite.

Como sabe, aqui no Observador também temos um três-em-um: notícia, notícias e notícias. Daqui a pouco, por exemplo, os deputados começam a discutir eventuais mudanças ao regime das incompatibilidades dos titulares de cargos políticos e públicos e nós vamos trazer-lhe todos os detalhes.
Até já!
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