sábado, 4 de junho de 2016

Comissão parlamentar inicia no sábado investigação a corpos abandonados no centro de Moçambique

A Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade da Assembleia da República de Moçambique inicia no sábado na província de Manica a investigação a duas dezenas de corpos encontrados ao abandono no centro do país.

Citado hoje na imprensa local, o presidente da comissão, Edson Macuácua, afirmou que a sua equipa vai deslocar-se ao distrito de Macossa, para continuar a investigar as circunstâncias em que apareceram pelo menos 20 corpos abandonados e dispersos em vários pontos da zona.

Esta é a segunda fase das investigações depois das audições da comissão parlamentar em Maputo e na cidade da Beira e de na terça-feira ter negado a existência de uma vala comum em Canda, distrito de Gorongosa, denunciada por camponeses no final de abril à Lusa.

"O resultado [das investigações] permite-nos afirmar de forma categórica, inequívoca e definitiva que não há uma vala comum em Canda", afirmou na terça-feira Edson Macuacua, que dirigiu, um mês depois do testemunho dos camponeses, uma visita da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e Legalidade da Assembleia da República à zona da denúncia.

A 30 de abril, jornalistas de vários órgãos de comunicação social, incluindo a Lusa, testemunharam e fotografaram 15 corpos espalhados no mato, entre os distritos da Gorongosa, província de Sofala, e Macossa, Manica.

Estes corpos foram posteriormente observados por vários órgãos de comunicação social moçambicanos e pela cadeia de televisão Al-Jazeera, que mostrou restos humanos ainda visíveis três semanas depois de terem sido descobertos.

Mais cinco corpos foram encontrados por um grupo de jornalistas da France Presse (AFP) e Deutsche Welle (DW) em Macossa, centro de Moçambique, aumentando para vinte o número de cadáveres descobertos na região, informou na quarta-feira a agência noticiosa francesa.

Os corpos foram abandonados nas proximidades do local onde camponeses alegaram à Lusa ter observado uma vala comum com mais de cem cadáveres, até ao momento desmentida pelas autoridades, e sem que os jornalistas tenham conseguido ter acesso ao local, numa zona de forte presença militar, no quadro do conflito que se vive no centro do país.

Quer a Comissão Nacional de Direitos Humanos, vinculada ao Estado, como a ONU e organizações não-governamentais não se pronunciaram entretanto sobre se tentaram ou conseguiram ter acesso ao local.

A região da Gorongosa, onde se presume encontrar-se o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, tem sido marcada por confrontos entre o seu braço armado e as forças governamentais.

PMA (HB/PJA/AYAC/EYAC) // PJA - Lusa

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