domingo, 12 de fevereiro de 2017

O que é a Imuno-hemoterapia?

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A especialidade de Imuno-hemoterapia foi criada em Portugal no ano de 1981, é uma especialidade médica com um amplo âmbito de áreas de atuação, como:

Promoção da dádiva de sangue; serologia das doenças transmissíveis por transfusão sanguínea; produção de componentes sanguíneos; armazenamento e conservação dos componentes sanguíneos; hemóstase, Hemaferese; dádiva de medula óssea; biologia molecular; diagnóstico e terapêutica das doenças alo-imunes e autoimunes; criobiologia de células e tecidos; prática da medicina transfusional, prevenção, diagnóstico e terapêutica dos efeitos adversos da transfusão; controlo de qualidade dos componentes sanguíneos; serologia dos eritrócitos, plaquetas e leucócitos.

Há equivalência desta especialidade na generalidade dos países europeus?
Países da Europa com uma especialidade de Medicina Transfusional equivalente à Imuno-hemoterapia em Portugal são: Áustria, Alemanha, França, Inglaterra, Holanda, Noruega e Suécia.

Em que é que a Associação Portuguesa de Imuno-hemoterapia, APIH, pode contribuir para o avanço da especialidade de Imuno-hemoterapia?
A APIH deve ter um papel proactivo na regulação adequada da prática e ensino da Imuno-hemoterapia conseguida através de uma base alargada de consensos.

A concretização pela APIH de congressos, simpósios, reuniões científicas também são um meio de excelência para a procura constante do “estado da arte” da Imuno-hemoterapia.

Como vê o futuro da Medicina Transfusional?
Com alguma ambivalência, portanto, preocupação e otimismo.

Preocupação pelos “cortes” orçamentais que estão a ser feitos no nosso País que poderão, de alguma forma, pôr em causa algumas “conquistas” adquiridas na área da segurança e qualidade, se não forem acautelados, com ponderação, bom senso e clarividência, esses “cortes”.

Otimismo porque a medicina transfusional está “recheada” de profissionais altamente qualificados e competentes, quer no sector de médicos de imuno-hemoterapia, como nos técnicos de análises clínicas e saúde pública, enfermeiros, promotores da dádiva, técnicos de informática, que, estou certa, com boas lideranças, conseguirão salvaguardar essas “carências” da melhor maneira.

Relativamente à APIH, quais foram os eventos mais relevantes e próximos projetos?
Foi organizado de 18-22 de Junho de 2011, o Congresso Regional Europeu do ISBT (International Society of Blood Transfusion) no Centro de Congressos, em Lisboa, que apenas tinha sido efetuado em Portugal uma única vez e há 62 anos, mais propriamente em 1951.

Foi unanimemente considerado, com depoimentos formais elogiosos por escrito, pela Comissão Científica Internacional do Congresso, pelo Diretor Internacional do ISBT, Dr. Silvano Wendel e a sua Diretora Executiva, Dr.ª Judith Chapman, como tendo um enorme sucesso, quer do ponto de vista organizacional irrepreensível, como no equilíbrio e diversidade dos temas científicos apresentados. O Congresso do ISBT Lisbon 2011, congregou mais de 3.000 congressistas, representando 100 países, só tendo sido até à data ultrapassado em número de participantes pelo Congresso do ISBT em 2010 em Berlim, que era Internacional e não Regional Europeu.

Portanto, após a concretização deste evento que trouxe um enorme prestígio para Portugal na área da Medicina Transfusional, realizamos em 2013 o VIII Congresso Nacional, em Coimbra 3-4 de Outubro, que congregou mais de 300 participantes e onde se anunciou oficialmente a cooperação Luso- Espanhola, com a realização em Junho de 2015 do I Congresso Hispano Luso Afro Latino Americano, em Sevilha.

Qual o balanço do Congresso Nacional da APIH?
O VIII Congresso Nacional da Associação Portuguesa de Imuno-hemoterapia que se realizou nos dias 3 e 4 de Outubro de 2013, julgo ter sido muito positivo porque congregou mais de 300 congressistas e atingiu o maior número de resumos de trabalhos científicos apresentados: 128 que, depois de selecionados pelos membros da Comissão Científica, se traduziram em 105 posters e 22 comunicações orais.

Este facto parece-me importante realçar e revela bem a atual magnitude e vontade empreendedora do envolvimento formativo e interativo dos internos e especialistas de Imuno-hemoterapia, na medida em que a média apresentada, em todos os congressos nacionais anteriores, foi de cerca de 35 a 45 resumos de trabalhos científicos.

Quais os temas e conferências que mereceram especial destaquem?
Penso que todos os temas foram importantes, não pretendendo destacar nenhum em especial, pois estaria a ser injusta se o fizesse. Devo, contudo, realçar o facto de todos os temas terem tido da parte dos congressistas grande participação e discussão, debate esse que só não foi mais alargado devido à limitação de tempo. Quero aqui assinalar que todos os tempos teoricamente assinalados para os diversos temas foram escrupulosamente cumpridos e, a meu ver, sem prejuízo para oradores e congressistas.

Quais os avanços mais significativos nas áreas relevantes da Imuno-hemoterapia?
A possibilidade de no futuro se compreender o poder preditivo de diferentes antigénios de hemácias e complexo major de histocompatibilidade, MHC, classe II, sobre a alo imunização dos glóbulos vermelhos. Ao se saber essa predisposição fornecem-se estratégias mais eficazes e eficientes para a redução do risco de alo imunização em doentes crónicos poli transfundidos, ao se distinguir responders de nonresponders.

A utilização da eritropoietina, Epo, nos doentes neoplásicos, com anemia secundária à quimioterapia, e, após avaliação clínico-laboratorial, evita ou diminui o número de transfusões, melhorando a qualidade de vida destes doentes.

O desenvolvimento de um kit para utilização em Luminex, capaz de fazer a deteção simultânea de anticorpos anti-HLA e anti-HNA, no diagnóstico de transfusion related acute lung injury, TRALI.

O desenvolvimento, em alguns hospitais portugueses, do pedido de transfusão eletrónico que representará vários passos adicionais na segurança do processo transfusional.

Considerando que cada componente sanguíneo é um medicamento terapêutico para ser utilizado, a gestão eficaz do stock de sangue, blood stock management, BSM, é fundamental. Ao se aplicarem ferramentas para monitorizar o seu contínuo desempenho permite-se uma maior disponibilidade e acesso equitativo a todos os doentes.

Espera-se que a implantação sustentada do banco público de células do cordão em Portugal, que se tornou uma parte entusiasta do progresso da medicina em todo o mundo, forneça a matéria-prima para o incremento e avanço para breve da era da terapia celular, já em curso, o que será um importante progresso médico.

A introdução dos novos anticoagulantes orais, NACOs, nos últimos dois anos tem vindo a mudar a prática clínica, com impacto importante na utilização e interpretação dos testes laboratoriais da coagulação, tornando dispensável a monitorização laboratorial por rotina, com ganhos significativos de eficácia e eficiência e melhoria da qualidade de vida dos doentes, que necessitam desta terapêutica.

A introdução do conceito patient blood management que tem ganho nos últimos anos grande destaque e que assenta em três pilares fundamentais: diagnóstico e tratamento da anemia pré-operatória, redução da hemorragia cirúrgica e terapêutica rápida dirigida e eficaz da coagulopatia peri-operatória.

A conexão “inteligente” das novas tecnologias de informação aplicadas aos protocolos de prescrições médicas aumentam a qualidade da prescrição reduzindo os erros. Também apresentam a mais-valia da importante redução dos custos associados.

Fonte: API

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