quarta-feira, 30 de maio de 2018

Governo indica economista para liderar resgate da Petromoc e inclui general da Renamo na Administração

Foto de Adérito Caldeira

Governo de Filipe Nyusi revolucionou a Petróleos de Moçambique (Petromoc) nomeando o economista Helder Chambisse para dirigir o Conselho de Administração que passa a ter funções executivas para reestruturar a estatal onde foram injectandos 8,3 biliões de meticais para tira-la de falência técnica. 

Além disso o accionista maioritário da petrolífera estatal incluiu na Administração o General na reserva e membro sénior do partido Renamo Hermínio Morais.

A Petromoc fechou o exercício económico de 2016 em situação de falência técnica, “O capital próprio da Sociedade representa menos da metade do capital social” enfatizou o Auditor Independente das demonstrações financeiras que o @Verdade revelou em exclusivo.

Além do resultado líquido negativo de 3,6 biliões de meticais ameaçava a sustentabilidade da Petromoc o passivo corrente, que à data excedia o activo corrente em 6,5 biliões de meticais, influenciado pela dívida corrente de 9,8 biliões de meticais com o sindicato bancário liderado pelo Millenium Bim, que tem financiado a importação de combustível líquidos.

O @Verdade descobriu que o Governo, que é o accionista maioritário da petrolífera, emitiu no ano passado uma garantia bancária no valor de 8,3 biliões de meticais “para a reestruturação da dívida de importação de combustível”, indica o Relatório de Execução orçamental de 2017, o que poderá conduzir ao início do saneamento financeiro da petrolífera que acumulou um passivo de 21,3 biliões de meticais.


Entretanto na passada sexta-feira (25), em sessão extraordinária da Assembleia Geral, o Estado moçambicano, que controla 80 por cento da Petromoc, Sociedade Anónima, decidiu cessar as funções do antigo magistrado Alberto Junteiro Chande do cargo de Presidente do Conselho de Administração, posição que ocupava desde Julho de 2013.

Os accionistas da petrolífera decidiram ainda antecipar em cerca de um ano o término do mandato da Comissão Executiva liderada, desde Agosto de 2015, pelo engenheiro Fernando Obed Uache.

Cessaram também funções Ovídio Rodolfo, do cargo de Administrador do Pelouro de Operações, e Armando Artur, do cargo de Administrador Não Executivo.

Paradoxalmente esta reestruturação acontece poucos dias após o Presidente da República, Filipe Nyusi, ter inaugurado a Terminal Oceânica de Gás no Porto da Beira na companhia dos agora exonerados gestores da Petromoc.

Revolução na Petromoc com Economista e General da Renamo

O @Verdade apurou que na Assembleia Geral extraordinária foram alterados os Estatutos da Sociedade com o objectivo de atribuir poderes executivos ao Presidente do Conselho de Administração e criar um Pelouro Comercial na Administração.

Para liderar a reestruturação financeira da Petromoc, que passa por negociar com bancos e fornecedores, o Governo nomeou Hélder Chambisse, um economista que iniciou a sua carreira em 1996 no Banco de Moçambique mas tornou-se banqueiro.

Chambisse entrou para os quadros do BancABC, de capitais do Botswana, em 2002 onde galgou até a posição de director-geral em 2015. Nesse ano saltou para o United Bank for África, instituição financeira de capitais nigerianos, onde tornou-se Chief Executive Officer até ao momento.

Chambisse vai ser co-adjuvado por Mário Vicente Sitoe, que manteve-se à frente do Pelouro de Administração e Finanças, por Sérgio Pedro Fotine que de director comercial ascendeu ao recém criado Pelouro Comercial e ainda por José Kamphambe que da gestão do terminal da Beira vai liderar o Pelouro Operacional.

Mas a revolução assinalável decidida pelo maior accionista da Petromoc foi a nomeação do ex-militar e membro sénior do partido Renamo, o general na reserva Hermínio Morais para o cargo de Administrador Não Executivo, a par de Xarzada Selemane Orá, membro do partido Frelimo.

Embora membros da Comissão Política do partido Renamo contactadas pelo @Verdade tenham afirmado nem sequer estar a par da nomeação, a indicação do “general Bob” é uma evidente decisão política de inclusão de membros da oposição, ainda que num cargo sem poder decisório, que não acontecia em Moçambique desde que Benjamim Pequenino foi nomeado durante o mandato de Joaquim Chissano para dirigir os Correios de Moçambique, e demitido por Armando Guebuza em 2005.

Os cargos Não Executivos nas Administrações das Empresas Públicas, e não só, em Moçambique são geralmente reservados a influentes membros do partido Frelimo.

A Assembleia Geral da Petromoc continua a ser presidida por Gideon Ndobe, membro do partido no poder e antigo ministro do Governo de Transição.

Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique

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