quinta-feira, 30 de junho de 2022

Amnistia Internacional diz que a Rússia cometeu um “claro crime guerra” quando atacou o teatro de Mariupol

Morreram cerca de 600 pessoas.

Uma extensa investigação da Amnistia Internacional (AI) conclui que as forças militares russas cometeram um “claro crime de guerra” quando atacaram o teatro da cidade ucraniana de Mariupol em março, matando cerca de cerca de 600 pessoas.
Após meses de investigação rigorosa, análise de imagens de satélite e entrevistas com dezenas de testemunhas, concluímos que o ataque foi um claro crime de guerra cometido pelas forças russas”, disse a secretária-geral da AI, Agnès Callamard.
Muitas pessoas ficaram feridas ou perderam a vida neste ataque implacável. É provável que as suas mortes tenham sido causadas pelo ataque deliberado de civis ucranianos pelas forças russas”, salientou.
Agnès Callamard sublinhou que “o Tribunal Penal Internacional e todos aqueles que têm jurisdição sobre os crimes cometidos durante este conflito devem investigar os ataques como um crime de guerra”.
Em maio, uma investigação da agência de notícias AP descobriu que cerca de 600 pessoas morreram no ataque ao teatro, o dobro do número estimado por Kiev, na ocasião.
Entre 16 de março e 21 de junho, a AI analisou de forma detalhada provas digitais, imagens de satélite, 52 testemunhos em primeira mão de sobreviventes e pessoas que presenciaram o ataque, plantas de arquitetura do edifício e material autenticado de fotografia e vídeo.
Num novo relatório, intitulado “‘Children’: The Attack on the Donetsk Regional Academic Drama Theatre in Mariupol” (“Crianças: Teatro Dramático Regional Académico de Donetsk em Mariupol”, em tradução simples), a organização não governamental (ONG) documenta como os russos atacaram a infraestrutura, mesmo sabendo da existência de centenas de civis, incluindo crianças.
Entrevistando vários sobreviventes e recolhendo vários dados informáticos, a equipa de Resposta a Crises da AI concluiu que o ataque foi quase certamente realizado por aviões de guerra russos que lançaram duas bombas de 500 quilogramas (kg) que caíram junto uma da outra e detonaram simultaneamente.
A AI contratou um físico para criar um modelo matemático da detonação, para determinar o peso explosivo líquido da explosão que seira necessário para causar o nível de destruição detetado no teatro.
A conclusão, segundo a ONG, foi que as bombas tinham um peso explosivo líquido de 400/800 kg.
Por seu lado, com base nos dados disponíveis sobre as bombas russas, a AI estimou que as ramas eram provavelmente duas bombas de 500kg do mesmo modelo, dando um peso total explosivo líquido entre 440 e 600kg.
As aeronaves do Exército russo com maior probabilidade de realizar o ataque eram caças multifuncionais – como os modelos Su-25, Su-30 ou Su-34 – baseados em aeródromos da Rússia próximos e frequentemente vistos a operar no sul da Ucrânia.
Após examinar várias teorias, a investigação conclui que um ataque aéreo deliberado contra um alvo civil era a explicação mais provável.
De acordo com a AI, sobreviventes e outras testemunhas admitiram terem visto cadáveres que não conseguiram identificar, sendo provável que muitas mortes estejam ainda por relatar.
O Teatro Drama de Mariupol, na região de Donetsk, tornou-se um porto seguro para os civis que procuravam abrigo dos combates.
Além de ser um centro de distribuição de medicamentos, alimentos e água, e um ponto de encontro designado para as pessoas que esperavam ser retiradas em corredores humanitários, o edifício, naquela cidade cercada, era reconhecível como uma infraestrutura civil, segundo a AI.
SIC Notícias/Lusa

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