A Câmara Municipal de Cantanhede acaba de celebrar o protocolo que estabelece as condições para a constituição do Museu Mário Silva, na Tocha. Subscreveram o acordo, a presidente da autarquia, Helena Teodósio, os filhos do pintor, designadamente Mário Torres da Silva e Sandra Freitas Cardoso da Silva, na qualidade de herdeiros, juntamente com a mãe, e a Junta de Freguesia da Tocha, esta última enquanto entidade proprietária do imóvel onde vai ser instalado o novo equipamento cultural.
O objetivo é criar na Avenida D. João Garcia Bacelar (EN 109), numa zona contígua ao centro da vila, um espaço cultural que honre o valioso legado que o artista plástico deixou consubstanciado numa obra em que pintura assume particular relevância, mas que se estende por vários outros territórios artísticos, nomeadamente as artes gráficas (gravura, serigrafia e ilustração), a cerâmica, a escultura e a arte pública monumental.
Para a líder do executivo camarário cantanhedense “é um privilégio o Município de Cantanhede e a Junta de Freguesia da Tocha poderem dispor do valioso património artístico do Mestre Mário Silva, um pintor amplamente reconhecido, tanto pelo público como pela crítica nacional e até internacional. O potencial museológico desse património é imenso, como sabemos, e nós estamos naturalmente muito entusiasmados com o projeto que já estamos a desenvolver em torno dele, a partir da proposta arquitetónica elaborada pela Divisão de Estudos e Projetos para construção do edifício onde vai ser instalado o museu”, afirmou Helena Teodósio.
A autarca fez questão de “enaltecer o interesse e a atitude construtiva com que os herdeiros do Mestre Mário Silva acordaram a cedência do espólio, que vai ser dignificado não só com a exposição pública que merece, mas também com outras ações destinadas a evidenciar o indiscutível lugar de relevo que a sua obra ocupa no território das artes plásticas”.
Visivelmente agradado com o projeto de arquitetura que lhes foi apresentado, o filho do artista plástico, Mário Torres da Silva, sublinhou “a importância das valências educativas, artísticas e culturais previstas em espaços concebidos para o desenvolvimento de atividades, o que de facto corresponde àquele que era o desejo do meu pai, o desejo de que a sua obra servisse de estímulo para os mais novos e ajudasse a despontar novos talentos”.
Por seu lado, a filha do pintor, Sandra Freitas Cardoso da Silva, assinalou a qualidade da proposta arquitetónica e manifestou “interesse em ver a família envolvida no processo de musealização, sobretudo na organização das exposições, nomeadamente o meu irmão Mário Silva, porque de facto foi ele que mais acompanhou o trabalho do meu pai e portanto é quem melhor conhece todo o espólio”.
Por último, usou da palavra o presidente da Junta de Freguesia da Tocha, José Manuel Cruz, que enalteceu “o interesse e a disponibilidade da Câmara Municipal em investir na criação de um equipamento cultural que será uma grande mais-valia, não só para a Tocha, mas também para todo o concelho e a região. A Junta de Freguesia e, estou certo, toda a população, congratulam-se com a criação do Museu Mário Silva na Tocha, pois será um equipamento com condições para reforçar consideravelmente a atratividade da vila, além de estar dimensionado para desempenhar uma função estruturante ao nível da dinamização cultural local”, afirmou o autarca, destacando “o papel crucial do anterior presidente da Junta de Freguesia, Fernando Pais Alves, em todo o processo, e naturalmente também da família do pintor”.
O projeto elaborado pela Divisão de Estudos e Projetos do Departamento de Obras Municipais propõe a construção de um imóvel implantado numa parcela que no Plano de Urbanização da Tocha surge com uma parte identificada como equipamento de utilização coletiva e outra como área urbana complementar.
A obra deverá ser lançada a concurso brevemente para execução de um “edifício marcante no contexto em que está implantado e que, simultaneamente, permita resolver alguma desarticulação existente na frente urbana do local, quer em termos de cérceas, quer ao nível do distanciamento das construções confinantes relativamente ao eixo da via”.
Nesse sentido, o novo museu representará, do ponto de vista construtivo, uma certa rutura com a envolvente, mas com um recorte que, do ponto de vista arquitetónico e urbanístico, tende a mitigar o impacto visual das construções confinantes. De facto, a implantação da nova edificação foi definida de molde a fazer o remate de toda a frente urbana, ficando justaposta ao edifício existente a norte e desenvolvendo-se em forma de “L” através de uma transição gradual para a cércea dos outros imóveis, encostando às respetivas empenas a sul e a poente.
O projeto prevê a entrada na lateral/sul do edifício, onde surge uma pequena praceta que permite receber os visitantes, ao mesmo tempo que cria uma zona mais afastada da estrada facilitando desta forma a circulação e a aglomeração de pessoas junto da via.
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