sexta-feira, 17 de junho de 2016

Vacina BCG deixa de ser universal e só será dada a crianças de grupos de risco

A vacina BCG contra a tuberculose, que era administrada a todas as crianças logo após o nascimento, vai passar a ser dada apenas a crianças que pertencem a grupos de risco, sendo esta uma das várias novidades do novo Programa Nacional de Vacinação.

De acordo com a subdiretora geral da Saúde, Graça Freitas, que coordena o Programa Nacional de Vacinação (PNV), a transição da vacinação universal para a proteção de grupos de risco é "um momento histórico".
A partir de 1 de Janeiro de 2017, apenas serão vacinadas com a BCG as crianças que pertencem a famílias com risco acrescido para a tuberculose ou as que vivem numa determinada região com uma taxa da doença superior à do país (como nos distritos de Lisboa e Porto).
"Não é difícil encontrar esses meninos. Dá trabalho, mas para isso é que cá estamos", disse a responsável, em entrevista à agência Lusa.
A alteração foi proposta por um subgrupo, criado no âmbito da Comissão Técnica de Vacinação, e contou com o contributo de dezenas de peritos de várias áreas.
"Destas pessoas todas que foram consultadas, algumas representando instituições, apenas uma pessoa, em nome individual, por já estar jubilado, tinha dúvidas sobre a mudança de estratégia. Reuniu-se, pois, um grande consenso junto da comunidade científica", explicou.
Pesou igualmente na mudança a evolução da tuberculose, hoje com valores muito inferiores dos registados no passado.
Em 2015, Portugal atingiu o número mais baixo de sempre de casos de tuberculose, com uma incidência de 20 casos por 100 mil habitantes.
A esta evolução positiva acresce o facto de "Portugal ter um programa de vigilância que permite monitorizar a doença", sublinhou Graça Freitas.
A especialista em doenças transmissíveis garantiu que esta mudança de estratégia não está relacionada com a falta de vacinas BCG que se registou nos últimos anos.
Portugal tem atualmente 64 mil doses de vacina prontas para serem colocadas nas instituições e um "canal aberto de importação do Japão", disse.
"Nós não quisemos nunca juntar as duas coisas. Só quisemos ter a mudança de estratégia de vacinação quando já tivéssemos as vacinas, para uma coisa ser completamente distinta da outra", disse.
O novo PNV entra em vigor a 1 de Janeiro de 2017 e contará com várias novidades, além das alterações na vacinação contra a tuberculose.
Estas alterações resultam da revisão do PNV, iniciada em 2013.
Fonte: Lusa

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