sábado, 6 de maio de 2017

Há 42 burlas por dia no país. Os idosos são os alvos mais vulneráveis

Nos últimos anos polícias têm registado aumento deste crime. PJ deteve uma mulher que tirou 121 mil euros a casal amigo
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Foi um crime de oportunidade, daqueles que se fazem uma vez na vida, e a maior desilusão para um casal de idosos, residente em Sines, que perdeu as poupanças de uma vida por confiar na palavra de uma mulher que conheciam desde criança. O caso aconteceu em 2015 mas a alegada burlona só foi detida esta semana pela Polícia Judiciária de Setúbal, que a localizou no Algarve, para onde fugiu. A PJ apurou que a mulher, de 40 anos, já gastou a totalidade dos 121 mil euros que o casal lhe entregou. Entretanto, o idoso morreu pouco tempo depois da fuga da suspeita.
Este é um exemplo de um crime que tem aumentado nos últimos anos. O Relatório Anual de Segurança Interna referente ao ano passado indica que houve 15 606 burlas reportadas às forças de segurança, o que dá uma média de 42 por dia, metade praticadas por meio informático e nas comunicações, e a outra metade correspondendo aos clássicos esquemas ou "contos do vigário".
A GNR tem alertado para o facto de os burlões terem como alvos principais os idosos e as crianças. Em 2016, na sua área territorial, e num universo de 11 mil crimes, a Guarda registou 674 burlas a idosos. As mais frequentes foram: o conto do vigário, o benzer do ouro, a entrega de encomendas, a troca de notas (alegando que determinadas notas deixam de ter validade), o suspeito que se faz passar por colaborador da Segurança Social, da EDP, entre outras empresas, e o suspeito que pretende vender algo como um excelente negócio, adiantou ao DN fonte desta força de segurança.
O processo de sedução na burla
O processo de sedução de um burlão tem várias nuances. Primeiro, é preciso convencer a vítima. No caso da mulher agora detida pela Polícia Judiciária, os alvos, ambos na casa dos 80 anos e analfabetos, foram convencidos a retirar as poupanças do banco, porque o dinheiro ali não estava seguro, e a deixarem os investimentos a seu cargo, com a promessa de que colocaria as poupanças em aplicações financeiras que teriam um retorno com juros elevados. Chegou mesmo a simulou um contrato de empréstimo a particular, em que era ela a titular.
Os 121 mil euros que o casal amealhou, fruto do trabalho na pesca, começou a ser gasto pela alegada burlona em obras na sua casa e outras despesas. Para continuar a manter a confiança do casal, de vez em quando devolvia-lhes algum dinheiro, a pretexto de ser retorno de juros, com declarações assinadas pelas partes para parecer mais credível. A filha dos idosos começou a perceber que algo se passava e foi questionar a mulher. Com receio, a burlona fugiu de Sines. Entretanto, pouco depois da fuga, o idoso, que tinha mais de 80 anos, morreu, o que levou a sua viúva e a filha a apresentarem uma queixa-crime contra a suspeita.
Desde a prática da burla que a alegada burlona era procurada pela PJ, que a encontrou na zona de Portimão (Algarve), a trabalhar numa unidade hoteleira. Estaria a ganhar pouco mais de 650 euros mensais e garantiu aos inspetores que já tinha gasto os 121 mil euros do casal de idosos.
Segundo fonte da Judiciária, a idosa e a filha ficaram sem nada. A suspeita terá praticado o chamado "crime de oportunidade" pois não tinha antecedentes.
Fonte: DN

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