segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Um país seco, à espera da chuva: "Parece Julho"

P
 
 
Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
Bom dia! Foi bom o fim-de-semana?
Vamos às notícias do dia?

Voltaram a ouvir-se tiros em Ghouta, apesar do cessar-fogo. O regime sírio pode estar a desafiar a autoridade da ONU impedindo o auxílio à população, alerta o The Guardian.
Uma explosão em Leicester matou quatro pessoas. As autoridades britânicas não crêem que tenha sido um atentado, mas estão ainda a investigar.
Na China, está aberto o caminho a uma liderança sem limites a Xi Jinping. O Partido Comunista Chinês propôs a revogação do limite de mandatos para o exercício do cargo de Presidente da República Popular da China, previsto na sua constituição
Por cá, no futebol, um arranque voraz garantiu um triunfo ao Porto. Com golos de Marega (2), Otávio, Soares e Brahimi, os “dragões” golearam em Portimão (1-5) e vão receber o Sporting com, pelo menos, cinco pontos de vantagem sobre os “leões”.
E no Festival da Canção, foi assim a outra meia-final: Capicua, João Afonso, Miguel Ângelo ou Aline Frazão ficaram de fora, as canções de Diogo Piçarra — que teve o voto máximo do júri e do público de casa — Isaura, Paulo Flores ou Tito Paris foram das sete que passaram à última etapa

O que marca o dia

Um país à seca, de Norte a Sul: "Parece Julho". Com anúncios de chuva que ainda não se materializaram em água, os exportadores agro-alimentares já temem pela falta de água. Não é para menos, porque de Trás-os-Montes ao Algarve, o cenário é o mesmo: há quem faça o enterro aos cereaisquem veja o deserto a vir por aí abaixoquem desespere com a magreza dos bovinosquem peça chuva para a pêra-rocha e a maçã de Alcobaça, quem procure barragens para proteger arrozaisE quem já veja o sal a subir pelo Tejo, sem ter como o travar. Quase a chegar à Primavera, nós fomos tirar o retrato ao país onde não chove - e o retrato não podia ser mais desolador.
Para que vai servir o imposto do carbono? Para baixar IRS e IRC. Falando em ambiente, siga esta notícia da Lurdes Ferreira: dois investigadores fizeram contas ao impacto real das metas de redução de emissões até 2050 e deixaram-nos estas conclusões.
Na política, o PSD entrou na fase do confronto interno. Carlos Encarnação e Guilherme Silva, apoiantes de Rui Rio, desafiam os deputados críticos a sair do Parlamento - se não querem seguir a nova liderança (no jornal i). Esta semana, arrancam as negociações com o Governo, que o novo líder admite conduzir fora do Parlamento, se o clima de conflito interno prosseguir (como parece). Ao almoço, hoje, o Presidente Marcelo mede a temperatura.
Entretanto, o Governo de Costa não para de aumentar. No final de 2017, o Executivo socialista tinha 1.142 pessoas a trabalhar nos gabinetes governamentais, mais 254 do que quando entrou em funções, diz o Negócios de hoje.
De Lisboa vem uma crítica ao Executivo: na Câmara, PS, PSD e Bloco criticam a lentidão do Governo no acolhimento e integração dos refugiados. E há mais, para além da lentidão: os refugiados não conseguem trazer os filhos para Portugal.
Um buraco na legislação 'dá' milhões sem critério às IPSS. A história é contada pelo JN: para evitar a acusação ou a pena de prisão, alguns arguidos podem pagar um montante a instituições de solidariedade - mas sem regras e “ao critério e razoabilidade de cada magistrado”.
Há 405 funcionários do Estado acusados de corrupção. Diz o Correio da Manhã que a maioria está na administração Central.
Os empresários preocupam-se com a corrupção nos concursos70% dos empresários dizem que sucesso depende das ligações políticas, mostra um inquérito europeu, revelado pela TSF.
Vieira da Silva foi apanhado em falsoA única creche que abre ao sábado com acordo com a segurança social é privada. A solução para a Autoeuropa não será ilegal, mas é claramente uma excepção, diz o DN.
Portugal procura investimento externo um bocadinho diferente: onde antes era a indústria, agora são os centros de serviços, diz o Negócios.

Do P2, para ler 

1. Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura: uma conversa (quase) íntima. A fala de um sobrepõe-se, por vezes, à do outro, como o desenho de um sempre se foi sobrepondo ao do outro ao longo de mais de 40 anos de trabalho e amizade. Não é atropelo, é osmose diz um deles. A Isabel Lucas pôs os dois prémios Pritzker portugueses, à conversa, e ela correu entre o bonito, o feio, o janota e o efeito Miles Davis na arquitectura.
2. Trabalho voluntário em troca de cama, mesa e roupa lavada. Em Portugal, existem centenas de sítios dispostos a alojar viajantes em troca de algumas horas de trabalho por dia. Hostels, quintas biológicas ou famílias recebem uma ajuda nas tarefas, enquanto quem chega encontra uma forma mais barata de viajar, de conhecer pessoas e culturas. Mas nem tudo é um mar de rosas. E persiste a dúvida sobre se as empresas e instituições que recebem estes viajantes não estão a mascarar de “voluntariado” uma situação de trabalho, não declarada e, por isso, ilegal. A história e a reportagem são mérito da Mara Gonçalves.
3. O futebol a ferro e fogo: quando tão poucos dão muito poder a alguns. As taxas de abstencionismo dos sócios na vida dos principais clubes portugueses ultrapassam os 90%, mas não impedem os presidentes de assumirem cada vez mais autoritarismo. O líder do Sporting Bruno de Carvalho deu o mais recente exemplo desta postura de intolerância. Podemos mesmo falar em democracia nos clubes?
4. TZB. "Não encontro nenhuma canção que tenha mudado o mundo”. Na indústria musical teve muitos papéis. Mas é o de compositor que mais lhe agrada. Integrou grupos como o Quarteto 1111, inventou as Cocktail ou as Doce, geriu artistas, administrou editoras. Aos 66 anos, celebra 50 de carreira com um novo disco, o seu quarto a solo. Tozé Brito faz canções, mas não acredita que elas mudem o mundo, conta o Nuno Pacheco.

A agenda de hoje

No mundo político, hoje há encontro entre Marcelo e Rui Rio, o segundo em apenas uma semana. Enquanto isso, o Bloco faz as suas jornadas parlamentares, avisando contra um 'bloco central' de acordos. E o Ministério das Finanças faz um balanço do descongelamento das progressões na carreira dos trabalhadores do Estado, numa reunião com sindicatos.
Lá por fora, a CDU de Angela Merkel reúne-se em congresso para aprovar a coligação governamental com os social-democratas do SPD. Enquanto prosseguem em Barcelona as manifestações contra o Rei, que se deslocou à região para participar num congresso.
E o dia acaba num 11 contra 11, com o Sporting obrigado a ganhar ao Moreirense, se quiser ir ao Dragão na sexta-feira com hipóteses de dar a volta ao campeonato.  
Dito isto, vamos ao trabalho.
Dia feliz, boa semana! 

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